Nasci aqui. Sou cariocona...daquelas que conhecem desde os subúrbios até as zonas sul e oeste. Andei de bonde nos anos 60, do século XX, indo pra escola, atravessando a cidade. Vi construirem a ponte Rio Niterói, desde quando subiam suas primeiras estacas, nos anos 70. Em 54, ainda pequenina, acompanhei os soluços do povo da capital brasileira chorando a morte do Getúlio. Em 60, aprendi tudo sobre JK e sua nova Brasília. O Rio sempre me deixou boquiaberta ao contemplar seu mar. Já o vi desde a igreja da Penha, bem do alto, vislubrando a ilha do Governador e o Aeroporto Internacional. Passando pelo aterro do Flamengo, como não me extasiar com o Pão de Açúcar no fundo, e a baía de Guanabara recortando o horizonte? Quando pegava a barca da cantareira, há mais de 40 anos, apreciei, muitas vezes, cardumes de golfinhos brincalhões que faziam graça nas águas azuis. E, na praia de Copacabana, vivi os primeiros amores adolescentes, aqueles dos quais a gente nunca esquece. Pois aquele bairro tem um mel incomparável. Adoça a alma observar sua gente. Seu caminhar no calçadão da praia, e lá no final, o Forte. Por um sem número de ocasiões tenho adentrado ali, subindo até sua pedra na ponta do Arpoador. Gosto de olhar o oceano e pensar que do outro lado, em frente, está a África-irmã de alma, batendo tambores que ressoam no samba carioca. Em dias de chuva, a sensação de uma cidade molhada à cata de escoar suas mazelas, enquanto crescem suas favelas, mas com vistas à reurbanização sempre crescente. Páro em qualquer esquina, tem sempre um chope gelado ou um café misturado com água, para esfriar a cabeça ou aquecer o coração. Lembro das ruas do bairro onde cresci, em Ramos e do bom dia do Pixinguinha, quando eu ia pra escola primária. Um dia, no aeroporto Santos Dumont, percebi que sou prata da casa. Essa coisa de ir e voltar a São Paulo, num mesmo dia, é como dar um mergulho na civilização e renascer na sua história antiga. Descer na terra da gente, de repente, atravessar a praça, tomar um sorvete de carrocinha, chegar na Cinelândia, entrar no cinema Odeon, ouvir o borburinho do tempo e sonhar.
Minha cidade ferve no verão, há 444 anos, a 40 graus. Misturada, mas singular.
Rio é cidade fêmea, disso ninguém duvida. Tem ginga e tem cadência. Tem ancas. É sinuosa, brejeira, é cidade de carinhos e aconchegos. Rio é cidade para se namorar no fim de tarde e se amar na madrugada. Tem dança na Lapa, tem ensaio na quadra, tem orquestra na praça. Tô na área, diria o malandro, enquanto me pisca o olho e corre para pegar o trem em direção ao seu destino.
É nesse calor incessante que me pergunto: como não me sentir feliz por ter nascido aqui, para aprender que as diferenças são a razão de nossas lutas mas não impedem nossas escolhas? Tô no Rio, e o verão é um caldeirão fervilhante onde as dores se diluem e o amor sobe no vapor...circundando o Cristo Redentor... que devolve tudo em forma de luz pra gente...
Cida Torneros
aqui tem música, poesia, reflexões, homenagens, lembranças, imagens, saudades, paixões, palavras,muitas palavras, e entre elas, tem cada um de vocês, junto comigo... Cida Torneros
Maracanã
sábado, 28 de fevereiro de 2009
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Cida Torneros autografa livro no dia internacional da Mulher!
Maria Aparecida Torneros da Silva é carioca, jornalista e poeta.
Tem 59 anos, escreve artigos para jornais e sites. Trabalha em assessoria de imprensa no Rio de Janeiro, nas áreas de meio ambiente e obras públicas.
Exercendo a profissão há 39 anos, foi correspondente no Japão nos anos 70, na antiga revista O Cruzeiro. Em 2008, publicou A Mulher Necessária, livro que reúne mais de 100 artigos e crônicas.
No dia internacional da Mulher, 8 de março, estará autografando seu livro na Mega Store da Livraria Saraival, no Shopping Tijuca, Rio de Janeiro, das 17 às 19 horas. Tem mais de 400 poemas escritos e parte deles será publicada ainda este ano com o título Poemas Fêmeos. Ela mora na Vila Isabel, Rio de Janeiro.
Seu email é cidatorneros@yahoo.com.br
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Exílio no próprio carinho, quando a vida é tão frágil...
Acordei sonhando com você. E sua figura gentil se transformava num algoz, porque o seu carinho tinha se voltado para dentro de si mesmo, num exílio apurado e voluntário. Pensei e argumentei, no sonho, que a vida é tão frágil, que é preciso dividi-la com alguém, de alguma forma, e que dinheiro não é tudo.
Observei que sua postura estava severa, seu riso e bom humor tinham se ausentado, seu olhar antes bem doce, agora parecia duro, questionando as razões de cada "pecado". O maior deles, sonhar, concluí.
Como alguém pode eximir-se de sonhar? Acordei então. Iniciei as tarefas diárias lembrando que tive um grande amor em pequeno tempo. Era um amor intenso e adolescente, capaz de me fazer voar mais de 10 horas esperando seu abraço e seu beijo. Era um lindo amor, falante, repousante, alegre, gososo, tinha alguns componentes assiduamente ternos e outros despudoramente excitantes.
Mas era um amor tão frágil quanto a vida. Poderia sobreviver dentro de nós, exilado e escondido, evitando maiores problemas e se rendendo a medos improváveis. Daí, que as recordações de momentos deliciosos, aquele das nossas mãos entrelaçadas no primeiro encontro, por exemplo, fixariam, para sempre, o conteúdo daquela paixão tardia, que nos acometeu.
Beijos na calçada, em plena luz do dia, éramos tão jovens quando nos olhamos com desejo e nos preparamos para a cama, depois do jantar. Tudo estava no sonho que alimentáramos, colorido, risonho, camarada, intenso.
No dia de viajar de volta, um aperto no coração selou a angústia que ambos sentimos, mas era questão de aceitar a brevidade da vida, sua astúcia em nos fazer prisioneiros de sonhos pequeninos ou grandiosos.
Um best-seller? Quem não gostaria de ser o personagem principal de um livro que contasse sobre o amor maior e vendesse para leitores sonhadores do mundo inteiro? Você daria um excelente herói para um conto que descrevesse a disposição que os homens tem para correr atrás dos seus sonhos. Eu poderia escrever muitos capítulos de uma linda história, e, talvez, dessa maneira, não só prestaria uma justa homenagem ao amor, como a você, a mim mesma, e , principalmente, à inerente condição sonhadora de todos nós.
Aparecida Torneros
Observei que sua postura estava severa, seu riso e bom humor tinham se ausentado, seu olhar antes bem doce, agora parecia duro, questionando as razões de cada "pecado". O maior deles, sonhar, concluí.
Como alguém pode eximir-se de sonhar? Acordei então. Iniciei as tarefas diárias lembrando que tive um grande amor em pequeno tempo. Era um amor intenso e adolescente, capaz de me fazer voar mais de 10 horas esperando seu abraço e seu beijo. Era um lindo amor, falante, repousante, alegre, gososo, tinha alguns componentes assiduamente ternos e outros despudoramente excitantes.
Mas era um amor tão frágil quanto a vida. Poderia sobreviver dentro de nós, exilado e escondido, evitando maiores problemas e se rendendo a medos improváveis. Daí, que as recordações de momentos deliciosos, aquele das nossas mãos entrelaçadas no primeiro encontro, por exemplo, fixariam, para sempre, o conteúdo daquela paixão tardia, que nos acometeu.
Beijos na calçada, em plena luz do dia, éramos tão jovens quando nos olhamos com desejo e nos preparamos para a cama, depois do jantar. Tudo estava no sonho que alimentáramos, colorido, risonho, camarada, intenso.
No dia de viajar de volta, um aperto no coração selou a angústia que ambos sentimos, mas era questão de aceitar a brevidade da vida, sua astúcia em nos fazer prisioneiros de sonhos pequeninos ou grandiosos.
Um best-seller? Quem não gostaria de ser o personagem principal de um livro que contasse sobre o amor maior e vendesse para leitores sonhadores do mundo inteiro? Você daria um excelente herói para um conto que descrevesse a disposição que os homens tem para correr atrás dos seus sonhos. Eu poderia escrever muitos capítulos de uma linda história, e, talvez, dessa maneira, não só prestaria uma justa homenagem ao amor, como a você, a mim mesma, e , principalmente, à inerente condição sonhadora de todos nós.
Aparecida Torneros
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Be my husband
Be my husband man I be your wife
Be my husband man I be your wife
Be my husband man I be your wife
Loving all of you the rest of your life yeah
If you promise me youll be my man
If you promise me youll be my man
If you promise me youll be my man
I will love you the best I can yeah
Stick the promise man you made me
Stick the promise man that you made me
Yeah yeah yeah yeah yeah
Stick the promise man you made me
That you stay away from rosalie yeah
Oh daddy love me good
Oh daddy now love me good
Oh daddy love me good
Oh daddy now love me good
If you want me to cook and sew
If you want me to cook and sew
If you want me to cook and sew yeah
Outside of you there is no place to go
Please dont treat me so doggone mean
Please dont treat me so doggone mean
Please dont treat me so now doggone mean yeah
Youre the meanest man I ever see
Oh daddy now love me good
Oh daddy love me good yeah
Oh daddy love me good yeah
Oh daddy now love me good
---
Be my husband man I be your wife
Be my husband man I be your wife
Loving all of you the rest of your life yeah
If you promise me youll be my man
If you promise me youll be my man
If you promise me youll be my man
I will love you the best I can yeah
Stick the promise man you made me
Stick the promise man that you made me
Yeah yeah yeah yeah yeah
Stick the promise man you made me
That you stay away from rosalie yeah
Oh daddy love me good
Oh daddy now love me good
Oh daddy love me good
Oh daddy now love me good
If you want me to cook and sew
If you want me to cook and sew
If you want me to cook and sew yeah
Outside of you there is no place to go
Please dont treat me so doggone mean
Please dont treat me so doggone mean
Please dont treat me so now doggone mean yeah
Youre the meanest man I ever see
Oh daddy now love me good
Oh daddy love me good yeah
Oh daddy love me good yeah
Oh daddy now love me good
---
When a man loves a woman ( letra e tradução)
Letra da música When A Man Loves A Woman (em inglês)
WHEN A MAN LOVES A WOMAN
(Michael Bolton)
When a man loves a woman
Can't keep his mind on nothin'else
He'd trade the world
For a good time he's found
If she is bad, he can't see it
She can do no wrong
Turn his back on his best friend
If he puts her down
When a man loves a woman
Spend his very last time
Trying to hold on to what he needs
He'd given up all his comfort
And sleep out in the rain
If she said that's the way
It ought to be
When a man loves a woman
I give you everything I've got (yeah)
Trying to hold on to your precious love
Baby, baby please don't treat me bad
When a man loves a woman
Deep down in his soul
She can bring him such misery
If she is playing him for a fool
He's the last one to know
Loving eyes can never see
Yes when a man loves a woman
I know exactly how he feels
'Cause, baby, baby, baby
I am a man
When a man loves a woman (repeat
Letra da música When A Man Loves A Woman (tradução)
Letra da música Quando A Man Loves A Woman (em inglês)
WHEN A MAN LOVES A WOMAN Quando um homem gosta de uma MULHER
(Michael Bolton) (Michael Bolton)
When a man loves a woman Quando um homem ama uma mulher
Can't keep his mind on nothin'else Não é possível manter a mente em nothin'else
He'd trade the world Ele comercial do mundo
For a good time he's found Por um bom tempo que ele é encontrado
If she is bad, he can't see it Se ela é má, ele não pode vê-lo
She can do no wrong Ela não pode fazer nada de errado
Turn his back on his best friend Virar as costas sobre o seu melhor amigo
If he puts her down Se ele põe ela no chão
When a man loves a woman Quando um homem ama uma mulher
Spend his very last time Gaste o seu passado muito tempo
Trying to hold on to what he needs Tentando manter o que ele precisa
He'd given up all his comfort Ele tinha cedido todos os seus confortos
And sleep out in the rain E dormir na chuva
If she said that's the way Se ela disse que é a forma
It ought to be Deveria ser
When a man loves a woman Quando um homem ama uma mulher
I give you everything I've got (yeah) Dou-lhe tudo o que eu tenho (sim)
Trying to hold on to your precious love Tentando manter o seu precioso amor
Baby, baby please don't treat me bad Baby, baby por favor não me tratar mal
When a man loves a woman Quando um homem ama uma mulher
Deep down in his soul No fundo em sua alma
She can bring him such misery Ela pode trazer-lhe essa miséria
If she is playing him for a fool Se ela está a tocar-lhe por um tolo
He's the last one to know Ele é o último a saber
Loving eyes can never see Amando os olhos podem ver nunca
Yes when a man loves a woman Sim, quando um homem ama uma mulher
I know exactly how he feels Eu sei exatamente como ele se sente
'Cause, baby, baby, baby 'Cause, baby, baby, baby
I am a man Sou um homem
When a man loves a woman (repeat Quando um homem ama uma mulher (repetir
WHEN A MAN LOVES A WOMAN
(Michael Bolton)
When a man loves a woman
Can't keep his mind on nothin'else
He'd trade the world
For a good time he's found
If she is bad, he can't see it
She can do no wrong
Turn his back on his best friend
If he puts her down
When a man loves a woman
Spend his very last time
Trying to hold on to what he needs
He'd given up all his comfort
And sleep out in the rain
If she said that's the way
It ought to be
When a man loves a woman
I give you everything I've got (yeah)
Trying to hold on to your precious love
Baby, baby please don't treat me bad
When a man loves a woman
Deep down in his soul
She can bring him such misery
If she is playing him for a fool
He's the last one to know
Loving eyes can never see
Yes when a man loves a woman
I know exactly how he feels
'Cause, baby, baby, baby
I am a man
When a man loves a woman (repeat
Letra da música When A Man Loves A Woman (tradução)
Letra da música Quando A Man Loves A Woman (em inglês)
WHEN A MAN LOVES A WOMAN Quando um homem gosta de uma MULHER
(Michael Bolton) (Michael Bolton)
When a man loves a woman Quando um homem ama uma mulher
Can't keep his mind on nothin'else Não é possível manter a mente em nothin'else
He'd trade the world Ele comercial do mundo
For a good time he's found Por um bom tempo que ele é encontrado
If she is bad, he can't see it Se ela é má, ele não pode vê-lo
She can do no wrong Ela não pode fazer nada de errado
Turn his back on his best friend Virar as costas sobre o seu melhor amigo
If he puts her down Se ele põe ela no chão
When a man loves a woman Quando um homem ama uma mulher
Spend his very last time Gaste o seu passado muito tempo
Trying to hold on to what he needs Tentando manter o que ele precisa
He'd given up all his comfort Ele tinha cedido todos os seus confortos
And sleep out in the rain E dormir na chuva
If she said that's the way Se ela disse que é a forma
It ought to be Deveria ser
When a man loves a woman Quando um homem ama uma mulher
I give you everything I've got (yeah) Dou-lhe tudo o que eu tenho (sim)
Trying to hold on to your precious love Tentando manter o seu precioso amor
Baby, baby please don't treat me bad Baby, baby por favor não me tratar mal
When a man loves a woman Quando um homem ama uma mulher
Deep down in his soul No fundo em sua alma
She can bring him such misery Ela pode trazer-lhe essa miséria
If she is playing him for a fool Se ela está a tocar-lhe por um tolo
He's the last one to know Ele é o último a saber
Loving eyes can never see Amando os olhos podem ver nunca
Yes when a man loves a woman Sim, quando um homem ama uma mulher
I know exactly how he feels Eu sei exatamente como ele se sente
'Cause, baby, baby, baby 'Cause, baby, baby, baby
I am a man Sou um homem
When a man loves a woman (repeat Quando um homem ama uma mulher (repetir
Neruda ( para depois do carnaval!)
O Poço
Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras da tua existência.
Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?
Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.
Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.
Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.
Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada com um instante duro
e esse instante será desarmado em meu peito.
Radiosa me sorri
se minha boca fere.
Não sou um pastor doce
como em contos de fadas,
mas um lenhador que comparte contigo
terras, vento e espinhos das montanhas.
Dá-me amor, me sorri
e me ajuda a ser bom.
Não te firas em mim, seria inútil,
não me firas a mim porque te feres.
Pablo Neruda
--------------------------------------------------------------------------------
O teu riso
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Pablo Neruda
--------------------------------------------------------------------------------
Tuas mãos
Quando tuas mãos saem,
amada, para as minhas,
o que me trazem voando?
Por que se detiveram
em minha boca, súbitas,
e por que as reconheço
como se outrora então
as tivesse tocado,
como se antes de ser
houvessem percorrido
minha fronte e a cintura?
Sua maciez chegava
voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,
e sobre a primavera,
e quando colocaste
tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas
de paloma dourada,
reconheci essa argila
e a cor suave do trigo.
A minha vida toda
eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
cruzei os recifes,
os trens me transportaram,
as águas me trouxeram,
e na pele das uvas
achei que te tocava.
De repente a madeira
me trouxe o teu contacto,
a amêndoa me anunciava
suavidades secretas,
até que as tuas mãos
envolveram meu peito
e ali como duas asas
repousaram da viagem.
Pablo Neruda
--------------------------------------------------------------------------------
Se cada dia cai
Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.
há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.
Pablo Neruda (Últimos Sonetos)
Tem alguém acordado aí ( artigo meu no site do Al Gore)
Tem alguém acordado aí?
Artigo dedicado à Jornalista Márcia Pimenta
Gestora Ambiental ( ela acordou mais cedo!)
(este texto está publicado no site do Al Gore)
Às vezes, me parece que a humanidade toda, numa inversão fantástica, está dormindo, a sono solto, naquele estado quase petrificado, quando nem sequer se move um braço ou se muda de lado, tal o grau de sono tão pesado quanto estático, com as cristalizadas atitudes de desrespeito ao meio ambiente, incluindo-se aí, o próprio Homem, enquanto parte integrante da natureza .
Então, minha imaginação que se alimenta de hipóteses absurdas, me faz crer que o vivido no dia-a-dia, nada mais é do que uma sucessão de sonhos bons ou pesadelos.
Como classificar os atentados terroristas, os massacres religiosos, as batalhas infernais entre árabes e judeus, a perseguição dos oprimidos, os boicotes comerciais dos grandes blocos sobre as nações de menor porte, a dizimação das tribos indígenas, as alianças hegemõnicas dos dominadores, os gritos sufocados dos injustiçados, o dogmatismo psicótico das religiões, a contaminação das crianças por doenças evitáveis, o uso de cobaias humanas nos continente africano pelos conglomerados da indústria farmacêutica, a pobreza consentida e a ignorância estimulada?
Só podem ser pesadelos e dos mais angustiantes. Para visões assim tão deprimentes, só mesmo um despertar reparador, na manhã do mais puro céu azul, onde o sol brilhe como a glória sobre o Planeta.
Mas, se porventura, se pode observar os movimentos de bandos de seres humanos que se tornam anjos dos seus pares e lá estão, espalhados por toda a humanidade, como mensageiros da esperança, é possível apreciar a luta dos empreendedores, a dedicação dos professores, a renúncia dos médicos, o infinito amor das mães por suas proles, as tentativas de acertar de tanta gente desconhecida ou famosa, a dignidade da gente comum que pega o transporte coletivo com o dia clareando nas metrópoles do mundo todo, e aí, com não concluir que estes são os bons sonhos que merecemos sonhar nas madrugadas do tempo?
Mesmo assim, diante de um sem número de dramas, problemas, guerras internas e externas nos lugares mais próximos ou distantes, ainda sabemos que tudo é muito lento no sentido de atingirmos ao patamar de seres humanos felizes, vivendo igualitariamente, sem a preocupação de nos explorarmos riquezas ou nos usarmos uns aos outros, com a mais desavergonhada desfaçatez.
Matar, vencer, dominar, conduzir, verbos empregados com semânticas específicas e justificativas inconsistentes. Apoderar-se é o verbo mais conjugado desde que o homem deixou de andar nas quatro patas e tornou-se o bípede mais ousado da face da Terra.
No entanto, desde o macaco rhesus, o que se vê, é uma sucessão de cochiladas. Encontramo-nos dormitando como ursos nos invernos polares.
Fechamos os olhos à obviedade em função de predicados adquiridos, verdadeiras peles adensadas aos cérebros dos líderes, comandantes, executivos, chefes de estados, legisladores e diplomatas, entre outros, que se acostumaram a defender interesses conflitantes com apoio de instrumentos ultrapassados.
Usa-se a ambição, como escopo. O potencial nuclear, como ameaça. A dominação comercial, como ato de encurralar povos, nações, etnias, tribos. A mentira, como álibi. O ódio, como desculpa.
Na verdade, dorme-se a pasmaceira da primitiva ordenaço de valores onde as leis deixam de ser respeitadas quando a força bélica passa a ser a grande voz. O som dos mísseis atinge os objetivos de ensurdecer quem desafie os poderosos.
Quase todos estão dormindo. Alguns de nós, em estado catatônico, na letargia que nos impede de levantar desse adormecimento que se prolonga há séculos.
Um dia, vamos acordar, evidentemente. Só vamos acordar porque é plausível a divagação que nos aponta o caminho de novas realidades, de teor positivo, para a sobrevivência das |as espécies.
As novas posturas virão, cedo ou tarde, revertendo esse processo alucinógeno de uma humanidade suicida que tira toda a energia do seu habitat, ao passo que tenta se programar para dar a volta e salvar a Terra, a despeito dos retrocessos constantes.
Se houver o tal amanhã que pretendemos, será possivel trocar esses pesadelos banalizados, por sonhos realizados, numa vitória da vigília sobre o sono alienante.
Haverá o dia em que nossas crianças, de todos os continentes, não aprenderão a combater inimigos formulados por suas culturas isoladas, mas sim, entenderão que abraçar as causas comuns, torna feliz toda a espécie humana, redime suas podres histórias, ameniza seus erros passados, reordena o Planeta.
Assim, com a certeza "incerta" dos males das minhas muitas madrugadas insones, proponho que nos chamemos todos e nos belisquemos...
Se não doer, é porque estamos mesmo dormindo, pena que ainda é o sono dos injustos...Tomara que não seja , irremediavelmente, o sono eterno da morte.
Aparecida Torneros
Jornalista- RJ
Acabou nosso carnaval...
Marcha De Quarta-Feira De Cinzas
Vinicius de Moraes
Composição: Vinicius de Moraes / Carlos Lyra
Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou
Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor
E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar
Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe
Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz
amor e revolução...
Amor e revolução
Pegarei em armas simplificadas
para lutar pelo Amor, com pontaria,
atingirei o alvo do inimigo maior,
a solidão das almas perdidas pelos confins,
a dor dos sentimentos perdidos nos seus fins,
a desilusão dos abandonos,esquecimentos de mim...
Nada me fará desistir das batalhas em busca de vitórias,
troféus de beijos, abraços, aconchegos, lindas histórias,
por isso, como uma soldada consciente, lá vou eu, treinada,
marchando pelos caminhos do coração que clama por vencer a distância
entre cada criatura que é digna de ser amada e de amar em paz...
Pegarei em armas sofisticadas,
se preciso for, para lutar pelo Amor, com galhardia,
cada estilhaço de bomba apenas servirá para marcar a alma guerreira,
cada grito de dor, ou cada labareda do fogo que atiça no corpo a chama,
tudo será superado pela alegria da conquista de cada momento de entrega,
nada me deterá pois ao Amor estou filiada, como a uma força motriz e cega,
por ele como ideologia, entrincheirada, dia e noite, na mesa e na cama,
lá vou eu, revolucionária que prega o Amor como solução , como revolução,
como antídoto para a guerra fria e guerra atômica, para a destruição...
Só o Amor é capaz de neutralizar o desentendimento dos povos,
acalmar a revolta do coração dos homens e encher de brilho e paixão,
a alma dos seres capazes de guerrear em prol de uma humanidade plena...
Pegarei em armas pessoais e coletivas, racionais e sensitivas,
mas lutarei, lutarei para que o Amor triunfe em mim, em cada pessoa,
em cada coração solitário, alma isolada, para que o deixem entrar...
Pegarei em armas , pelo Amor, com espírito revolucionário, pregarei
a liberdade de amar como a única revolução na qual, afinal, triunfarei...
Aparecida Torneros
Bruxas sábias
Bruxas sábias
De cada momento...
guardo o sentimento...
levo a paz e a alegria...
de cada um...
e ...me entregei ao tempo
que tem passado tão depressa...
de cada momento assim, de tudo que aprendi
guardo cada sorriso amigo e cada abraço,
meu coração tem tanto espaço
cabe tanto aconchego e tanto apreço
tem lugar para o fim e para o recomeço...
De cada momento...
mudo a cara do soluço, tenho a solução
para o mistério da vida, tenho a chave
para a loucura do paradoxo, e trago comigo,
saibam todos, o nome de cada um gravado
na alma imensa que me eleva e faz feliz
de cada momento tenho a boa cicatriz
marca tatuada de estrelinhas, borboletas,
pequeninas fadas, dragões e águias,
levo sempre assim, tantos fastaminhas
tão camaradas, tão adocicados, bruxas sábias,
quem me acompanham , eternamente, como agora...
Cida Torneros
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Mulheres puxadoras do samba no carnaval baiano
Mulheres puxadoras do samba no carnaval baiano...
Sendo carioca de quatro costados, sempre me perguntei, junto com Caymmi, o que é que a Baiana tem?
Mulher baiana tem axé, disso todos sabemos, basta ver e ouvir Betânia, Gal, o ano inteiro, embarcando na sua melodia dos orixás, das deusas, de Iemanjá e Iansã.
Mas a mulherada, no carnaval, dá mesmo é show, de bola ou de talento, quem passa o passe para o golaço de cada uma delas? Os homens que me perdoem, vide o guerreiro Carlinhos Brown, o mano Caetano, o adorado Preto Gil, todos tão grandiosos mas é na festa máxima dos trios elétricos que elas pegaram o cetro ( bastão ou microfone, rs) e não tem pra ninguém. O lugar delas é mesmo no pódium, no alto dos céus comandando os puladeiros, orquestrando os beijos em conjunto, fazendo o coração dos baianos ou turistas, bater com arritmia, loucamente, sob a sua batuta sinuosa.
Ivete é rainha grega ou romana, Claudia canta e dá o leite para o seu filho pequenino, Daniela encanta enquanto brinca com o povo, Margaret tem o sangue africano forte e manda ver, Carla dança, embala, rebola , requebra e até entrevista, a menina não se acalma.
Elas conquistaram um lugar ao sol, com certeza, com garra, galhardia, picardia, beleza e talento de sobra, para fazer do carnaval da Bahia, um carnaval de matriarcado, delirante, ofegante, repleto de brilhos, saiotes, tops, cílios, batons, esmaltes vermelhos, sandálias e botas prateadas, colares, brincos, anéis, cintos iluminados, peles de ninfas, corpos de sereias, cabelos ao vento e olhares brejeiríssimos. É pouco ou quer mais? Suas vozes, ai, ou seus gingados, misturem tudo e temos aí um fenômeno inigualável, elas são as "puxadoras" de samba dos desfiles em Salvador.
No Rio, a tradição é masculina, vide o grande e inesquecível Jamelão, o confiante e risonho Neguinho da Beija Flor, o Paulinho Mocidade, da Imperatriz, e tantos outros machos carnavalescos que com seus vozeirões ressoam na Sapucaí o calor do carnaval carioca, que parece ser puxado mesmo pelos donos do pedaço. Se bem que já temos há muito tempo uma carnavalesca concebendo vitórias como a Rosa Magalhães, da cinquentona Imperatriz, mas ela é quase exceção. O trono é deles, dos reis da passarela, tem o Zeca Pagodinho, o Martinho, o Arlindo, o Dudu Nobre, o bloco dos homens pede passagem e todos respeitam o samba deles. Mangueira tem a incrível Lecy Brandão, dona de tantas letras famosas. Ela brigou por seu espaço na ala dos compositores e faz bonito.
Entretanto, não há como negar, a Bahia se rendeu às mulheres que comandam seu carnaval, aguentam firme tantas horas e dias embalando a fantasia e os sonhos da nossa gente. Palmas pra elas, como diria o velho guerreiro, Chacrinha, que elas merecem! Viva o carnaval feminino que mostra o que a baiana tem, finalmente!
Aparecida Torneros Jornalista- RJ
Sendo carioca de quatro costados, sempre me perguntei, junto com Caymmi, o que é que a Baiana tem?
Mulher baiana tem axé, disso todos sabemos, basta ver e ouvir Betânia, Gal, o ano inteiro, embarcando na sua melodia dos orixás, das deusas, de Iemanjá e Iansã.
Mas a mulherada, no carnaval, dá mesmo é show, de bola ou de talento, quem passa o passe para o golaço de cada uma delas? Os homens que me perdoem, vide o guerreiro Carlinhos Brown, o mano Caetano, o adorado Preto Gil, todos tão grandiosos mas é na festa máxima dos trios elétricos que elas pegaram o cetro ( bastão ou microfone, rs) e não tem pra ninguém. O lugar delas é mesmo no pódium, no alto dos céus comandando os puladeiros, orquestrando os beijos em conjunto, fazendo o coração dos baianos ou turistas, bater com arritmia, loucamente, sob a sua batuta sinuosa.
Ivete é rainha grega ou romana, Claudia canta e dá o leite para o seu filho pequenino, Daniela encanta enquanto brinca com o povo, Margaret tem o sangue africano forte e manda ver, Carla dança, embala, rebola , requebra e até entrevista, a menina não se acalma.
Elas conquistaram um lugar ao sol, com certeza, com garra, galhardia, picardia, beleza e talento de sobra, para fazer do carnaval da Bahia, um carnaval de matriarcado, delirante, ofegante, repleto de brilhos, saiotes, tops, cílios, batons, esmaltes vermelhos, sandálias e botas prateadas, colares, brincos, anéis, cintos iluminados, peles de ninfas, corpos de sereias, cabelos ao vento e olhares brejeiríssimos. É pouco ou quer mais? Suas vozes, ai, ou seus gingados, misturem tudo e temos aí um fenômeno inigualável, elas são as "puxadoras" de samba dos desfiles em Salvador.
No Rio, a tradição é masculina, vide o grande e inesquecível Jamelão, o confiante e risonho Neguinho da Beija Flor, o Paulinho Mocidade, da Imperatriz, e tantos outros machos carnavalescos que com seus vozeirões ressoam na Sapucaí o calor do carnaval carioca, que parece ser puxado mesmo pelos donos do pedaço. Se bem que já temos há muito tempo uma carnavalesca concebendo vitórias como a Rosa Magalhães, da cinquentona Imperatriz, mas ela é quase exceção. O trono é deles, dos reis da passarela, tem o Zeca Pagodinho, o Martinho, o Arlindo, o Dudu Nobre, o bloco dos homens pede passagem e todos respeitam o samba deles. Mangueira tem a incrível Lecy Brandão, dona de tantas letras famosas. Ela brigou por seu espaço na ala dos compositores e faz bonito.
Entretanto, não há como negar, a Bahia se rendeu às mulheres que comandam seu carnaval, aguentam firme tantas horas e dias embalando a fantasia e os sonhos da nossa gente. Palmas pra elas, como diria o velho guerreiro, Chacrinha, que elas merecem! Viva o carnaval feminino que mostra o que a baiana tem, finalmente!
Aparecida Torneros Jornalista- RJ
amor desidealizado
Amor desidealizado
Façamos um trato,
nada de amor idealizado,
este é o novo fato,
amor é só um ato
de uma grande peça
cuja estréia é imprevisível
cujo enredo é questionável,
e o ápice tem interrogações à bessa...
Façamos assim, com respeito,
pelo jeito de cada um de nós,
pelas histórias incompletas,
pelos desejos não realizados,
por cada senão que precede as metas,
porque amar com muito planejamento
pode parecer piegas, é só argumento...
Nada de esperar o óbvio ou antever o amanhã,
por mais que possa parecer que haverá,
depois não me importa, na verdade,
o que conta, realmente, é o momento...
O meu momento é de paz,
o seu, se não for de tormento,
pode até combinar com o meu...
Façamos amor como meninos aprendizes,
saboreemos o gosto dos nossos dedos,
não deixemos que se acelerem alguns dos nossos medos,
apenas soltemos tantos grilhões tão antigos,
não esperemos nem príncipes e nem cinderelas,
somos mulher e homem complicados
descompliquemos, pois,
fiquemos só nós dois,
em pelo,
com zelo,
tão nus quanto no nascimento
nus de alma,
nus de preconceitos
nus de expectativas...
Se nada acontecer que nos acrescente sentimentos
caso não nos permitamos abrir nossos descondicionamentos
pelo menos
teremos tentado
e tentar
já é um grande começo
isso não tem preço
amar sem idealizar
somente amar
ou por sexo
ou por nexo
de sentir-se
bem
bem melhor
bem com a presença do outro
bem porque sua risada soa felicidade
bem poquer seu olhar aquece em lealdade
e seu abraço rejuvenesce
pode não ser pra sempre
mas é tão bom
hoje e agora, aqui na nossa pele...
Façamos um acordo sem papel
um pacto sem sangue
tenhamos um descompromissado encontro
com o melhor de nós mesmos
para trocar boa energia
por sermos quem somos
livres e resolvidos
inteiros e destemidos
vamos evoluindo
um junto do outro
até quando for possível,
quando for tão forte e tiver sentido
nos vermos mais vezes
ou nos tocarmos mais profundamente
ou nos entregarmos nossas mãos
uma dentro da outra
e nossas bocas
perderem o dom da palavra
para que nossos corpos e almas
falem sua própria linguagem...
Façamos uma boa parceria
sem cláusual pétrea
revogável
a qualquer instante...
aí... tenhamos sorte...
disso sim,
vamos precisar...
e se a tivermos,
façamos um castelo
sem sonhos
mas com realidades
minhas e suas
sei que eu o quero
tanto quanto você me quer,
recomecemos do zero,
e seja o que o Diabo quiser...
Cida Torneros , 8 de junho de 2008
Façamos um trato,
nada de amor idealizado,
este é o novo fato,
amor é só um ato
de uma grande peça
cuja estréia é imprevisível
cujo enredo é questionável,
e o ápice tem interrogações à bessa...
Façamos assim, com respeito,
pelo jeito de cada um de nós,
pelas histórias incompletas,
pelos desejos não realizados,
por cada senão que precede as metas,
porque amar com muito planejamento
pode parecer piegas, é só argumento...
Nada de esperar o óbvio ou antever o amanhã,
por mais que possa parecer que haverá,
depois não me importa, na verdade,
o que conta, realmente, é o momento...
O meu momento é de paz,
o seu, se não for de tormento,
pode até combinar com o meu...
Façamos amor como meninos aprendizes,
saboreemos o gosto dos nossos dedos,
não deixemos que se acelerem alguns dos nossos medos,
apenas soltemos tantos grilhões tão antigos,
não esperemos nem príncipes e nem cinderelas,
somos mulher e homem complicados
descompliquemos, pois,
fiquemos só nós dois,
em pelo,
com zelo,
tão nus quanto no nascimento
nus de alma,
nus de preconceitos
nus de expectativas...
Se nada acontecer que nos acrescente sentimentos
caso não nos permitamos abrir nossos descondicionamentos
pelo menos
teremos tentado
e tentar
já é um grande começo
isso não tem preço
amar sem idealizar
somente amar
ou por sexo
ou por nexo
de sentir-se
bem
bem melhor
bem com a presença do outro
bem porque sua risada soa felicidade
bem poquer seu olhar aquece em lealdade
e seu abraço rejuvenesce
pode não ser pra sempre
mas é tão bom
hoje e agora, aqui na nossa pele...
Façamos um acordo sem papel
um pacto sem sangue
tenhamos um descompromissado encontro
com o melhor de nós mesmos
para trocar boa energia
por sermos quem somos
livres e resolvidos
inteiros e destemidos
vamos evoluindo
um junto do outro
até quando for possível,
quando for tão forte e tiver sentido
nos vermos mais vezes
ou nos tocarmos mais profundamente
ou nos entregarmos nossas mãos
uma dentro da outra
e nossas bocas
perderem o dom da palavra
para que nossos corpos e almas
falem sua própria linguagem...
Façamos uma boa parceria
sem cláusual pétrea
revogável
a qualquer instante...
aí... tenhamos sorte...
disso sim,
vamos precisar...
e se a tivermos,
façamos um castelo
sem sonhos
mas com realidades
minhas e suas
sei que eu o quero
tanto quanto você me quer,
recomecemos do zero,
e seja o que o Diabo quiser...
Cida Torneros , 8 de junho de 2008
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Vila Isabel resgata neste carnaval, Pierrots, Arlequins e Colombinas
Vila Isabel, ao homenagear os 100 anos do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a ópera e o ballet, traz em seu abre alas , o teatro de rua, com as figuras de Pierrots , Arlequins e Colombinas.
Belíssima performance, camas para dormir e sonhar, que viram um palco onde a imaginação nos remete a fantasiar ilusões de um carnaval lindoooooooo...
A belle epoque, um Rio de Janeiro, que no início do século XX, sob o comando do prefeito Pereira Passos, transforma o centro da cidade, e moderniza criando o Teatro Municipal, entre 1902 e 1908.
domingo, 22 de fevereiro de 2009
A lenda das Sereias, Mistérios do Mar ( reedição da escola Império Serrano em 2009)
“A LENDA DAS SEREIAS, RAINHAS DO MAR”
Compositores: Vicente Mattos, Dinoel e Arlindo Velloso
O mar, misterioso mar
Que vem do horizonte
É o berço das sereias
Lendário e fascinante
Olha o canto da sereia
Ialaô, oquê, ialoá
Em noite de lua cheia
Ouço a sereia cantar
E o luar sorrindo
Então se encanta
Com a doce melodia
Os madrigais vão despertar
Ela mora no mar
Ela brinca na areia
No balanço das ondas
A paz ela semeia
Toda Corte engalanada
Transformando o mar em flor
Vê o Império enamorado
Chegar à morada do amor
Oguntê, Marabô
Caiala e Sobá
Oloxum, Inaê
Janaína e Iemanjá
Em 1976, o carnavalesco Fernando Pinto criou para o Império Serrano o enredo “A Lenda das Sereias, Rainhas do Mar”. Daquele, ele acabou não sendo tão bem sucedido quanto em muitas outras oportunidades (inclusive, já tinha sido campeão pelo próprio Império, em 1972, com o enredo “Alô, alô, Carmem Miranda”, e ainda seria novamente no futuro, pela Mocidade, em 1985, com o enredo “Ziriguidum 2001”), resultando num desfile mediano, que deixou a escola num 7º lugar. Numa época em que só haviam quatro escolas de samba consideradas “grandes” – Portela, Mangueira, Salgueiro e o próprio Império – era uma colocação que significava um verdadeiro fracasso do (discutível) ponto de vista de “obtenção de resultados”. Em tempo: Beija-Flor, Mocidade , Imperatriz e Vila Isabel não haviam ainda ganhado nenhum campeonato; foi exatamente em 1976 que a Beija-Flor surpreendeu e conquistou sua primeira vitória, justamente no ano da estréia de Joãosinho Trinta – então bicampeão pelo Salgueiro – na escola de Nilópolis.
Eis que agora, para o desfile de 2009, o próprio Império Serrano resolveu reeditar “A Lenda das Sereias, Rainhas do Mar” , apenas modificando – a pedido da atual carnavalesca responsável pelo desenvolvimento do enredo, Márcia Lávia – o título para “A Lenda das Sereias, Mistérios do Mar”. É uma tentativa de superar a grande responsabilidade que a escola terá nesse ano: abrir o desfile de domingo.
(texto extraído do blog Caminhos do Universo)
Compositores: Vicente Mattos, Dinoel e Arlindo Velloso
O mar, misterioso mar
Que vem do horizonte
É o berço das sereias
Lendário e fascinante
Olha o canto da sereia
Ialaô, oquê, ialoá
Em noite de lua cheia
Ouço a sereia cantar
E o luar sorrindo
Então se encanta
Com a doce melodia
Os madrigais vão despertar
Ela mora no mar
Ela brinca na areia
No balanço das ondas
A paz ela semeia
Toda Corte engalanada
Transformando o mar em flor
Vê o Império enamorado
Chegar à morada do amor
Oguntê, Marabô
Caiala e Sobá
Oloxum, Inaê
Janaína e Iemanjá
Em 1976, o carnavalesco Fernando Pinto criou para o Império Serrano o enredo “A Lenda das Sereias, Rainhas do Mar”. Daquele, ele acabou não sendo tão bem sucedido quanto em muitas outras oportunidades (inclusive, já tinha sido campeão pelo próprio Império, em 1972, com o enredo “Alô, alô, Carmem Miranda”, e ainda seria novamente no futuro, pela Mocidade, em 1985, com o enredo “Ziriguidum 2001”), resultando num desfile mediano, que deixou a escola num 7º lugar. Numa época em que só haviam quatro escolas de samba consideradas “grandes” – Portela, Mangueira, Salgueiro e o próprio Império – era uma colocação que significava um verdadeiro fracasso do (discutível) ponto de vista de “obtenção de resultados”. Em tempo: Beija-Flor, Mocidade , Imperatriz e Vila Isabel não haviam ainda ganhado nenhum campeonato; foi exatamente em 1976 que a Beija-Flor surpreendeu e conquistou sua primeira vitória, justamente no ano da estréia de Joãosinho Trinta – então bicampeão pelo Salgueiro – na escola de Nilópolis.
Eis que agora, para o desfile de 2009, o próprio Império Serrano resolveu reeditar “A Lenda das Sereias, Rainhas do Mar” , apenas modificando – a pedido da atual carnavalesca responsável pelo desenvolvimento do enredo, Márcia Lávia – o título para “A Lenda das Sereias, Mistérios do Mar”. É uma tentativa de superar a grande responsabilidade que a escola terá nesse ano: abrir o desfile de domingo.
(texto extraído do blog Caminhos do Universo)
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Oh abre alas...que eu quero passar...
Oh abre alas...que eu quero passar...
Minha gente, olha o carnaval aí...grita o sedutor puxador de samba, no meio da concentração. E, meninas e meninos, tratem de se concentrar, consertar, compenetrar que foi dada a partida para o desfile. Fogos. Televisões em polvorosa, fotógrafos se acotovelando, gritarias, alguns desmaios, chiliques e pitis, homarada indócil pra olhar a mulherada inquieta, siliconada e com quilos de maquiagem, mais uns pesos em paetês, plumas ( que não pesam nada) e uns saltos que devem pesar até as consciências...
Como elas conseguem tanto equilíbrio nessas geringonças que lhes sobem pelas panturrilhas como lagartichas empesteadas de strasses? A cada ala, abre por favor, que vai passar...a mocidade independente, a velhice libertária, a velha guarda , a jovem e a moderada... passará muita bateria de todas as bandas, de cá e de lá, os gays explodirão sua contagiante sede de viver, no colorido mais divinamente aplicado à passarela do samba.
Que samba? samba quem pode, obedece quem tem juízo, corre quem consegue, canta quem sabe a letra, abre os braços quem se desvencilha dos adereços, e se empertiga quem treina carregar o explendor. Põe explendor nisso...que festa...inigualável, principalmente se levarmos em conta as descrições e entrevistas dos repórteres globais, atentos ou desatentos, informantes ou desinformantes, chovedores do molhado ou alienados à história dos enredos intrincados de carnavalescos zombadores da vida, verdadeiros caricaturistas das verdades de quem conta um conto e aumenta um ponto.
Lá vai ela, a escola do coração de todos nós. Tem a da comunidade, a do morro do bairro vizinho, a da estação suburbana que me traz a memória infantil das ruas e folguedos, o velho Pixinga de pijama listrado tomando cerveja no bar da esquina. Ah, abre por favor, mais alas, que eu quero passar com a minha saudade daquele carnaval da Presidente Vargas, quando vi o samba atravessar e o compositor portelense chorar como criança, um Paulinho da viola ainda quase menino, mas o sentimento , naquela chuva toda, era de um sofrimento sincero.
Eta povo bom esse, que chora por um samba atravessado. E eu vou passando, entre carros alegóricos, minha alma canta , vejo o Rio de Janeiro, tem gente saindo pelo ladrão, entupido o tal sambódromo, modernoso e altivo, e o carnaval se faz entre o Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, as televisões vão apresentando um pouco de cada lugar, mas os carnavalescos que se prezam já saíram no cordão do Bola Preta, na abertura de sábado, e agora, se gabam com as proezas das comissões de frente, de trás dos muros da fantasia, onde mora o sonho de grandeza da gente pobre e da gente rica em imaginação e vida cheia de alegria.
Minha nossa, lá vem ela , a Chiquinha Gonzaga, ninguém viu? mas eu sei que era ela sim, sorridente, passeante entre as passistas, rindo de si mesma, do seu pioneirismo feminino em termos de festa popular, de chorinhos chorados, cortando as jacas que devem ter sido comidas pela fome de felicidade, que ela nos legou, como herança e conteúdo.
Tem de tudo, sim, na folia e nos dias de reinado momesco, arabesco nas saias das baianas, refresco pros olhos dos senhores, as jovens arrumadinhas, musculatura perfeita, rainhas das baterias, as senhoras também, com seu direito adquirido, após anos de malhação, arrumação, plstificação, ficação nas lembranças dos velhos e novos carnavais. Abram alas, please, ajudem a carregar o estandarte da verdadeira magia.
Aí vamos nós, vou eu e vão vocês, rumo ao mundo do faz de conta. Tem reis, rainhas, fadas, ursos de pelúcia, aves, índios, figuras espanholas e portuguesas, um enxame de personagens infantis e uma plêiade de criaturas nunca dantes navegadas, assim , do nada, aparecem aos nossos olhos, em situações incrivelmente inusitadas, abrem leques, saem de geladeiras, simulam sexo, nascimentos, imploram justiça ou esbanjam enamoramento, são mestres nas salas e nos quartos, nas almas e nos corações, portas-bandeiras, seres de saias que rodam enquanto nossas cabeças se confundem, tudo tão espetacular.
Abre, querido, um espaço para que eu passe por aí, por seu andamento cadenciado de coração a bater por mim, até. Abre, sim , minha amiga perdida na multidão, abre quantas alas for possível abrir, nem titubeie, apenas se incendeie. Amanhã, já será outro dia, e este carnaval de agora, será só mais um em nossa história. Sendo assim, canta comigo o refrão, sambe com a força das pernas, e o rebolado das ancas, arregace os braços, abra a boca, expanda o ar, solte dos pulmões toda a grandeza de fazer parte desta ópera popular brasileira chamada carnaval...
Aparecida Torneros
Façamos nosso carnaval... vamos, nunca é tarde...
Acorde
aliás, acordemos
com os acordes do carnaval
em mascarados, nos tornemos,
corramos para os blocos, que tal?
sejamos foliões, brinquemos, afinal...
façamos a festa, ela é nossa, concorde!
Levante-se
e venha comigo, andemos,
pulemos, abracemos, vamos avante...
avancemos no cordão, o momento pede...
um carnaval para ser lembrado, se mede
pelo clima que fica no ar, aquela saudade,
de cada instante, a magia do bom amante...
Solte-se
façamos nosso trio-duo-elétrico, embarquemos
na loucura, com classe e despudor, sambemos,
bebamos o suco da eterna juventude, que nos ilude,
para que possamos amar muito melhor e mais,
sem muitos ais, sem porém, sem mas ou meio mas,
só com desenvoltura, de quem sabe tudo e não confunde
a vida com o segredo, mas sabe que o mistério do medo
é a porta de entrada para a delícia do folguedo...
Venha, façamos nosso amor e nosso carnaval,
você e eu, eu e você, dois enamorados da vida,
nem sabe meu nome? pra que saber? hoje o normal
é pensar que sou a cigana, a baianinha, a odalisca,
posso ser a gatinha, a tigresa, a bailarina, a boa bisca,
sei que vou me transformar em índia e em turista,
melindrosa, havaiana, que tal uma lady futurista?
Pois é, amemos e façamos, ainda dá tempo,
são alguns dias até a quarta-feira, deixe de besteira,
nada de sumiço ou enguiço,ou vergonha, ou tremedeira,
é hora de brincar, vamos nos acabar de rir, de pular,
deixe-se contagiar, nem pense em mais nada, é asneira,
a vida é curta, o calor é grande, o povo canta, ouça...
é a voz de Deus, vamos nessa, vai ser bom à beça...
Cida Torneros
letra de Feitiço da Vila
Feitiço da Vila
(Noel Rosa e Vadico)
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Quem nasce lá na Vila nem sequer vacila ao abraçar o samba
Que faz dançar os galhos do arvoredo
E faz a lua nascer mais cedo
Lá em Vila Isabel quem é bacharel não tem medo de bamba
São Paulo dá café, Minas dá leite e a Vila Isabel dá samba
A Vila tem um feitiço sem farofa
Sem vela e sem vintém que nos faz bem
Tendo nome de princesa transformou o samba
Num feitiço decente que prende a gente
O sol na Vila é triste, samba não assiste
Porque a gente implora:
Sol, pelo amor de Deus, não venha agora
Que as morenas vão logo embora
Eu sei tudo que faço, sei por onde passo
Paixão não me aniquila
Mas tenho que dizer:
Modéstia à parte, meus senhores, eu sou da Vila!
(Noel Rosa e Vadico)
Clique para ouvir em RealPlayer com Isa Taube
Quem nasce lá na Vila nem sequer vacila ao abraçar o samba
Que faz dançar os galhos do arvoredo
E faz a lua nascer mais cedo
Lá em Vila Isabel quem é bacharel não tem medo de bamba
São Paulo dá café, Minas dá leite e a Vila Isabel dá samba
A Vila tem um feitiço sem farofa
Sem vela e sem vintém que nos faz bem
Tendo nome de princesa transformou o samba
Num feitiço decente que prende a gente
O sol na Vila é triste, samba não assiste
Porque a gente implora:
Sol, pelo amor de Deus, não venha agora
Que as morenas vão logo embora
Eu sei tudo que faço, sei por onde passo
Paixão não me aniquila
Mas tenho que dizer:
Modéstia à parte, meus senhores, eu sou da Vila!
Letra de Máscara Negra
Máscara Negra
Marchinhas de Carnaval
Composição: Zé Keti-Pereira Mattos
Quanto riso oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando
Pelo amor da colombina
No meio da multidão
Foi bom te ver outra vez
Está fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou e te beijou meu amor
Na mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Dos beijos de carnaval...
Dos beijos de carnaval
Maria Aparecida Torneros da Silva
Texto publicado no livro "A Mulher Necessária"
A alegria contagia ocarnaval. Sorrisos que cantam as canções da folia. Uma boca que oferece um beijo. Pode ser roubado, sem jeito, de surpresa. Vale a espontaneidade que marca os beijos do carnaval. Não precisam de ensaio. Um desfile de beijos na passarela elimina as diferenças entre raças ou espécies.
A bailarina beija o índio, o kalifa troca a odalisca e oscula a coelhinha, sem falar na oncinha que beija o cigano e a cigana que beija o pirata.
Mistura de classes, idades, cores, brilhos, originalidade à solta, a sensualidade toma conta do povo.
A senhora matrona ganha um beijo do jovem atrevido. O homem maduro se arrisca a roubar o carinho de uma ninfeta saltitante. É carnaval, não me leve a mal, vou beijar-te agora, amanhã é outro dia.
Amores de carnaval surgem e se duram os três dias, são pra sempre nas lembranças. Nada como beijar nos carnavais, com a isenção das letras dos sambas e marchas a embalarem nossas promessas de amor volúvel. Ninguém tem compromisso com o tempo, não há futuro no carnaval. Só o intervalo. Há que se ter prazer de viver, esquecer dos dramas , pensar só muito depois nos problemas do dia-a-dia.
Nos desfiles, na passarela, nos camarotes, no asfalto, nas arquibancadas, os brilhos e coloridos dos olhos e dos sorrisos, sutilezas borbulhantes, que trafegam entre corpos balançantes, pernas puladeiras, pés afogueados, cabeças inquietas, braços nadadores dos ares da ilusão.
Atrás dos trios elétricos, dos cordões de frevos, todos se empurram e pulam, se abraçam e cantam. Nascem a todo momento os beijos entre amigos, amados e estranhos que passam a se conhecer impulsionados pelo clima alucinante que o carnaval suscita.
Vale tentar conquistar aquele novo bem, que nem bem é um bem duradouro, mas o troféu insano, o beijo que de tão desejado, quando ocorre, já era de gosto antecipadamente sentido.
Nenhum beijo do resto do ano se compara aos beijos do carnaval.É como o desenrolar das serpentinas no ar, como os confetes a se espalharem nos ventos, caindo sobre as cabeças fora de prumo, tem a viagem da loucura que torna cada folião um ser de múltiplas dimensões.
Um beijo dado no carnaval fica na lembrança como um ato de entrega, carinho, como o socorro da respiração boca a boca, salva o carnaval e dá sabor a vida.
Os beijos do carnaval parecem salvar mesmo a esperança dos vivos, dos seres capazes de sair por aí, dançando a euforia dos amores que se vestem de purpurina, de plumas, de paetês, de tantas cores, tantos iluminados e iludidos movimentos.
Beijos que restabelecem a paixão fugaz, em cada coração de pierrots, colombinas, arlequins, mestre-salas, porta-bandeiras, passistas, rainhas, destaques, reis, bateristas, abre-alas, carnavalescos, puxadores de samba, cabrochas, comissões de frente, baianas, alas de criaturas caricaturadas de emoção, e ainda, nas almas sedentas do eterno carnaval de lábios oferecidos para o prazer, como se fossem a respiração boca a boca que nos devolve a vida ou a esperança dela.
Aparecida Torneros
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
O beijo de Ideli e Sarney...em pleno plenário? na plenitude da vida parlamentar...
O beijo de Ideli e Sarney...em pleno plenário? na plenitude da vida rlamentar...
Bem, senhores, sou uma mera cronista, não sou julgadora de costumes, nem tampouco contra os beijos. Deles, até conservo certo gosto bom, diga-se de passagem, porque os respeito, uma vez que são expressão humana concretamente sensual e carinhosa. Mas, motivos há para beijar alguém na emoção, e isso, quem atira a primeira pedra?, experiencialmente, até a própria razão desconhece...
A razão dos outros, claro, porque a razão de quem beija, ou no escurinho do cinema, ou na claridão do Congresso Nacional, deva ser motivo de alguma CPI, comissão pesquisadora de impulsos, para que se entenda o que o Zuenir Ventura classificou, magistralmente, na sua coluna do Globo, sobre o caso da brasileira supostamente atacada na Suiça, como o tal "gênero" humano.
É isso aí, gente! é como os beijos de carnaval, uns ósculos sem motivo aparente, mas que acontecem num piscar de olhos, e quando um se dá conta, já beijou ou foi beijado.
Beijo tem idade, lugar ou necessidade de explicação? talvez sim, talvez não, mas o fato é que há beijos surpreendentes, outros há, malediscentes, e os há, ainda, inconcebíveis, por preconceito ou por religiosidade, pouco importa, mas é difícil imaginar por exemplo, Obama beijando Hillary, na boca, em plena Casa Branca, enquanto o mundo pára e tudo se revira, desde a história da estagiária, ou da conquista negra à presidência americana.
Mas eis que na plenitude da vida, alguém beija por impulso, e o carnaval compensa as loucuras, isto é, minimiza seus efeitos, lembrem do Itamar com a moça sem calcinha em plena avenida, num carnaval passado, enquanto o mundo ria do Brasil, nós nos perguntávamos onde estaria a segurança presidencial que não livrou o mandatário tupiniquim daquela bomba de efeito imediato?
Pois bem, uma foto é uma foto e depende de ângulo, todos sabemos. Xodó e chamego não tem partido, disso temos certeza, como também, sabemos que amor e tesão não tem idade subscrita em receituário médico, nem por certo, há medidas cabíveis para impedir um beijo entre amigos, o tal selinho que a Hebe setentona tornou popularíssimo entre seus espectadores sedentos de prazer por tabela.
Assim, vejamos, um beijo entre Ideli e Sarney, como uma foto-fofoca, pode suscitar diversas considerações, mas um beijo é um beijo, o resto é outra conversa, as leis, ora, eles estão lá para isso, legislam, e, pode ser até que o façam em causa própria, com o voto conquistado, de tantos milhares de eleitores ávidos para serem osculados com melhores dias em suas vidinhas sem beijos, talvez até com alguns beijos de judas, daqueles que enganam as promessas de futuro e mordem a jugular, vampirizando esperanças em terras de povos excluídos.
Tiremos conclusões, mas não a priori, deixemos que alguém se pronuncie, oficialmente sobre o beijo do plenário, em plena vigência das faculdades mentais plausíveis, digamos que uma coletiva com suas excelências, para explicar a atitude, resulte em conversa afiada, declarando para toda a nação que haverá casamento de ideais, ou juntamento de necessidades, ou acordos bilaterais, ou, para gáudio dos brasileiros e brasileiras, um novo amor à vista, que sobressaltará os bastidores da política nacional, além de questionar os porquês desnecessários.
É apenas um beijo, minha gente! Olha o carnaval aí de novo! Grita o Neguinho da Beija Flor, este sim, precisando dos nossos beijos de orações em sua luta contra o mal que lhe atacou, em nome do bem que todos desejamos a todos, mesmo aos que beijam fora de hora, que se os perdoem ou se os saúdem, dependendo do ângulo cultural, religioso, partidário, de que se observe as causas e consequências de tal atitude.
Como quem canta, seus males espanta, talvez, quem beije, seus pesares se dissipem, com o testemunho dos plantonistas noveleiros, aliás, há um espaço seguro para os protagonistas de amores proibidos na novela das oito, em pleno caminho para as índias, passando pelas estradas que ligam o Maranhão ao Sul do Brasil, e por favor, coloquem uma trilha sonora neste beijo ontológico. Nem me atrevo a sugerir, mas deixo com a imaginação dos leitores a escolha de tal canção para ser ouvida ao fundo, ao se olhar esse beijo parlamentar emérito. Como me coça a língua, vou arriscar: "Recebe o afeto que se encerra em nosso peito juvenil", é , um hino à bandeira brasileira, como diria o Ancelmo, "faz sentido".
Aparecida Torneros
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
A vida, além da cozinha?
A vida, além da cozinha?
Maria Aparecida Torneros da Silva
A vida, além da cozinha?
Bem, meu bem, tem lá fora, um sonho de amor aqui, entre cebolas que me fazem chorar, tenho nas mãos, os vegetais, a natureza em flor, vou cortando, descascando, macerando, os elementos exalam cheiros, as águas fervem, mergulham-se temperos, a alma a fritar... Bem, meu bem, tem lá fora, a paisagem da lagoa enquanto dentro de mim, alguns sentidos se erguem vindo das minhas bisavós e ancestrais, chegando, em mim, suas dores e cantos, a beira do fogão, o fogo colorido, a chama forte, abaixa o fogo, diz a chefe da cozinha, pra não estragar a comida, fogo demais não pode...põe mais água, pega o cuentro, os tomates, a farinha, busca o azeite de dendê, mistura o tempo nas panelas, mistura decidida, que nada é mais importante que a comida a manter as almas e os corpos em movimento... Além da cozinha, tem o mundo, lá fora...tem a vida... aqui dentro, pega o vinho, bebe um gole, me dê, me dê um abraço, por trás, cheirando o vento que espalha o amor, que impregna a feitiçaria, que daqui a pouco irá para o prato, para a boca, para o estômago, para o cérebro, para o espírito, mesclando a lida, o trabalho, a lagoa, a alegria, juntando todos em torno da mesa, ritual primitivo em torno do fogo da gula, que é a cozinha da vida.
8 de março, tarde de autógrafos, minha, no shopping Tijuca
No dia Internacional da Mulher, tarde de autógrafos do livro A Mulher Necessária, na Mega Store da Saraiva, no Shopping Tijuca
Hoemageando as mulheres, a autora estará autografando O livro A Mulher Necessária, das 17 às 19 hs, na Mega Store do Shopping Tijuca, na Av. Maracanã , Rio de Janeiro. O livro reúne textos da jornalista Aparecida Torneros, escritos e publicados em jornais e sites brasileiros. Foi lançado na Bienal do Livro, em São Paulo,no dia 21 de agosto de 2008 e na Mega Store da Saraiva, no Shopping Salvador, em 15 de novembro, atraindo um público diverso, mas agradando especialemente aos leitores do sexo feminino. São mais de 100 textos, distribuídos em 250 páginas, que ela escreveu ao longo de 38 anos de profissão e foram publicados em jornais como A Tarde, da Bahia, sites, como Observatório da Imprensa, além de diversos sites, revistas e blogs. O livro conta com três prefácios : um do publicitário e poeta Theo Drummond, outro do jornalista Vitor Hugo Soares e um terceiro, escrito pelo advogado, ex Deputado e ex Ministro José Dirceu. O escritor uruguaio Carlos Higgie, em sua crítica ao livro, publicada recentemente, classificou-o com um livro encantador, eis o texto: UM LIVRO ENCANTADOR
Por Carlos Higgie
Leitor assíduo dos textos de Maria Aparecida Torneros na Internet e sabedor da qualidade da sua escrita, encarei a leitura do seu livro “A mulher necessária” como quem vai ler um texto na web, sem grandes pretensões e procurando a leveza e a fugacidade. E fui gratamente surpreendido, devorado pelas crônicas que me envolveram e me transportaram a cada momento da história, a cada personagem citado, fazendo com que eu participasse, de uma maneira quase mágica e inexplicável, de episódios que nunca vivi e dos quais não tinha o menor conhecimento.Nisso consiste a magia de uma escritora como a Maria Aparecida, fazendo com que o leitor entre na crônica, nos fatos, e sinta na própria sensibilidade emoções, sentimentos, acontecimentos que atingiram ao cronista e aos seus “personagens”.A obra está dividida em três partes, claramente demarcadas e sinalizadas por prefaciadores de peso. Cada uma dessas partes (ou capítulos?) revela um momento da jornalista incrível, curiosa, persistente, lúcida e envolvente que é a Cida.Théo de Castro Drummond apresentando a primeira parte (Lucidez de jornalista com romantismo de poeta) abre o caminho para o livro e para as crônicas que são debulhadas com maestria pela autora. Afirma Drummond: (...) “ela consegue ver além daquilo que os acontecimentos deixam perceber, o que faz das suas crônicas e artigos uma constante descoberta da própria vida, que ela tão bem sabe retratar” (...)Segundo a autora essa primeira parte contém textos que navegam pelo mundo virtual, sendo reproduzidos em blogs, sites e páginas, por amigos e também por desconhecidos.A segunda parte da obra (Descobrimentos de Cida) foi prefaciada pelo jornalista Vitor Hugo Soares. São colaborações que foram publicadas pelo jornal baiano A Tarde. Escreve o jornalista: (...) “Os artigos assinados por Aparecida Torneros, publicados semanalmente com zelo e merecido destaque em página nobre do jornal baiano, ganhou uma legião de leitores prazerosos, atentos, participativos” (...) “enchiam a caixa eletrônica da editoria de Opinião de vibrantes comentários e elogios. Alguns, no entanto, renderiam à autora, raivosas e ameaçadoras mensagens de vigias do preconceito e da intolerância de plantão” (...)A terceira e última parte (Cida conta e canta nossa gente, nossa vida!) traz artigos publicados no Observatório da Imprensa e é prefaciado por José Dirceu. Sim, por ele mesmo, fato que revela mais uma faceta da incrível mulher que é a Cida.Escreve Dirceu: (...) “A mulher necessária” retrata um pouco dessa história, sem importância, entre dois brasileiros que se encontram, Cida e Ze Dirceu, mas retrata mais, conta e canta nossa gente e nossa vida, da vida da Cida, como ela diz, dos 38 anos de profissão e encontros, desencontros, de suas raízes espanholas, de seu Rio de Janeiro, de sua profissão, de ser mulher, mãe e companheira, dos amores perdidos e não achados, dos nossos heróis e vilões, da imensa vontade de viver de Cida e de sua inesgotável paixão pelo nosso povo e pelo Brasil, de seu amor pela vida, tudo que nos une e nos anima a lutar todos os dias, a ser felizes”(...) Um livro de leitura fácil e agradável, mexendo a todo momento com nossas emoções. Uma obra necessária e que merece ser lida e degustada.
A MULHER NECESSÁRIA – MARIA APARECIDA TORNEROS
Editora t.mais.oito246 páginas. São Paulo. 2008
Hoemageando as mulheres, a autora estará autografando O livro A Mulher Necessária, das 17 às 19 hs, na Mega Store do Shopping Tijuca, na Av. Maracanã , Rio de Janeiro. O livro reúne textos da jornalista Aparecida Torneros, escritos e publicados em jornais e sites brasileiros. Foi lançado na Bienal do Livro, em São Paulo,no dia 21 de agosto de 2008 e na Mega Store da Saraiva, no Shopping Salvador, em 15 de novembro, atraindo um público diverso, mas agradando especialemente aos leitores do sexo feminino. São mais de 100 textos, distribuídos em 250 páginas, que ela escreveu ao longo de 38 anos de profissão e foram publicados em jornais como A Tarde, da Bahia, sites, como Observatório da Imprensa, além de diversos sites, revistas e blogs. O livro conta com três prefácios : um do publicitário e poeta Theo Drummond, outro do jornalista Vitor Hugo Soares e um terceiro, escrito pelo advogado, ex Deputado e ex Ministro José Dirceu. O escritor uruguaio Carlos Higgie, em sua crítica ao livro, publicada recentemente, classificou-o com um livro encantador, eis o texto: UM LIVRO ENCANTADOR
Por Carlos Higgie
Leitor assíduo dos textos de Maria Aparecida Torneros na Internet e sabedor da qualidade da sua escrita, encarei a leitura do seu livro “A mulher necessária” como quem vai ler um texto na web, sem grandes pretensões e procurando a leveza e a fugacidade. E fui gratamente surpreendido, devorado pelas crônicas que me envolveram e me transportaram a cada momento da história, a cada personagem citado, fazendo com que eu participasse, de uma maneira quase mágica e inexplicável, de episódios que nunca vivi e dos quais não tinha o menor conhecimento.Nisso consiste a magia de uma escritora como a Maria Aparecida, fazendo com que o leitor entre na crônica, nos fatos, e sinta na própria sensibilidade emoções, sentimentos, acontecimentos que atingiram ao cronista e aos seus “personagens”.A obra está dividida em três partes, claramente demarcadas e sinalizadas por prefaciadores de peso. Cada uma dessas partes (ou capítulos?) revela um momento da jornalista incrível, curiosa, persistente, lúcida e envolvente que é a Cida.Théo de Castro Drummond apresentando a primeira parte (Lucidez de jornalista com romantismo de poeta) abre o caminho para o livro e para as crônicas que são debulhadas com maestria pela autora. Afirma Drummond: (...) “ela consegue ver além daquilo que os acontecimentos deixam perceber, o que faz das suas crônicas e artigos uma constante descoberta da própria vida, que ela tão bem sabe retratar” (...)Segundo a autora essa primeira parte contém textos que navegam pelo mundo virtual, sendo reproduzidos em blogs, sites e páginas, por amigos e também por desconhecidos.A segunda parte da obra (Descobrimentos de Cida) foi prefaciada pelo jornalista Vitor Hugo Soares. São colaborações que foram publicadas pelo jornal baiano A Tarde. Escreve o jornalista: (...) “Os artigos assinados por Aparecida Torneros, publicados semanalmente com zelo e merecido destaque em página nobre do jornal baiano, ganhou uma legião de leitores prazerosos, atentos, participativos” (...) “enchiam a caixa eletrônica da editoria de Opinião de vibrantes comentários e elogios. Alguns, no entanto, renderiam à autora, raivosas e ameaçadoras mensagens de vigias do preconceito e da intolerância de plantão” (...)A terceira e última parte (Cida conta e canta nossa gente, nossa vida!) traz artigos publicados no Observatório da Imprensa e é prefaciado por José Dirceu. Sim, por ele mesmo, fato que revela mais uma faceta da incrível mulher que é a Cida.Escreve Dirceu: (...) “A mulher necessária” retrata um pouco dessa história, sem importância, entre dois brasileiros que se encontram, Cida e Ze Dirceu, mas retrata mais, conta e canta nossa gente e nossa vida, da vida da Cida, como ela diz, dos 38 anos de profissão e encontros, desencontros, de suas raízes espanholas, de seu Rio de Janeiro, de sua profissão, de ser mulher, mãe e companheira, dos amores perdidos e não achados, dos nossos heróis e vilões, da imensa vontade de viver de Cida e de sua inesgotável paixão pelo nosso povo e pelo Brasil, de seu amor pela vida, tudo que nos une e nos anima a lutar todos os dias, a ser felizes”(...) Um livro de leitura fácil e agradável, mexendo a todo momento com nossas emoções. Uma obra necessária e que merece ser lida e degustada.
A MULHER NECESSÁRIA – MARIA APARECIDA TORNEROS
Editora t.mais.oito246 páginas. São Paulo. 2008
Closer ( perto demais)
se encostar demais
vai dar choque,
chocadeira
choradeira
de mulheres iguais
se encostar por um segundo
talvez ela lhe dê o mundo
talvez lhe roube a paz
talvez lhe devolva o senso...
se encostar por um minuto
quem pode segurar seu rosto tenso
diante de um sentimento imenso
que o atropela como um tornado?
se encostar por uma hora
e ela não o deixar ir embora,
pense no futuro que é agora,
descubra a magia tão sonora
de um amor maior, alucinado...
se encostar por dias, semanas, meses,
ao longo de anos e décadas, às vezes,
nem vai conseguir discernir prazeres
vão virar uma bola de neve com haveres
e haverá de se intrigar como ultrpassou
tanto tempo ao lado dela, e nem notou...
melhor não chegar tão perto, ser distante,
não se envolver, e vale a pena se morder
de ódio quando a perder para um amante,
pois se ela se foi ou vai ou volta ou fica
há que buscar nela a cada vez o brilhante
do seu olhar apaixonado, a cada instante,
e se não reluzirem suas íris, seja tolerante,
reconheça que é assim mesmo e lhe diga
o quanto foi feliz estando junto, tão pertinho,
talvez tenha sido demasiado, reconheça
mas isso não lhe conte, dê adeus e emudeça...
Aparecida Torneros
vai dar choque,
chocadeira
choradeira
de mulheres iguais
se encostar por um segundo
talvez ela lhe dê o mundo
talvez lhe roube a paz
talvez lhe devolva o senso...
se encostar por um minuto
quem pode segurar seu rosto tenso
diante de um sentimento imenso
que o atropela como um tornado?
se encostar por uma hora
e ela não o deixar ir embora,
pense no futuro que é agora,
descubra a magia tão sonora
de um amor maior, alucinado...
se encostar por dias, semanas, meses,
ao longo de anos e décadas, às vezes,
nem vai conseguir discernir prazeres
vão virar uma bola de neve com haveres
e haverá de se intrigar como ultrpassou
tanto tempo ao lado dela, e nem notou...
melhor não chegar tão perto, ser distante,
não se envolver, e vale a pena se morder
de ódio quando a perder para um amante,
pois se ela se foi ou vai ou volta ou fica
há que buscar nela a cada vez o brilhante
do seu olhar apaixonado, a cada instante,
e se não reluzirem suas íris, seja tolerante,
reconheça que é assim mesmo e lhe diga
o quanto foi feliz estando junto, tão pertinho,
talvez tenha sido demasiado, reconheça
mas isso não lhe conte, dê adeus e emudeça...
Aparecida Torneros
Caminhos cruzados ( poema de outubro/2008)
Caminhos cruzados
( há muito tempo eu não tinha inspiração para criar um poema...)
O lugar do tempo é o da brevidade, passa depressa,
ela pensou e chorou...
O muro da vida é o da fronteira do tempo, marca e limita
ele falou em missão e se disse realista...
Por mais que insista, ela sabe do quanto é duro lembrar o que passou
principalmente se alguém se sente cansado e não pensa em recomeçar...
Por mais que desista, ele sente o quanto é pesado buscar o que virá
especialmente se o outro ser tem "defeitos" saltáveis aos olhos e à razão...
Mas, ambos sabem, isso é notório, há qualidades que os ultrapassam pela emoção,
que elevam almas, estabelecem vínculos, aproximam almas, atam os dedos,
apertam as mãos, hipnotizam olhares, aconchegam abraços, detonam prazeres,
levam pra longe os problemas, ajudam a relaxar e esquecer das dores e dos medos...
Talvez tenham se encontrado tarde demais, ela se conformou
talvez seja cedo ainda para tirar conclusões, ele se questionou
sobre a divisão dos sentidos, ambos puderam perceber algo mais
em cada sorriso compartilhado, na loucura do mundo moderno,
se perguntam o que terá sido tão efêmero, a ponto de parecer eterno?
Maria Aparecida Torneros
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
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