Maracanã

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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A noite de Johnny Rivers, em dezembro de 1967...











A noite de Johnny Rivers, em dezembro de 1967...

As ruas do subúrbio onde eu morava que davam acesso à minha casa, desde o ponto de ônibus mais próximo, foram marcadas com cartazes improvisados que eu e minhas amigas do Colégio Pedro II confeccionamos, indicando: Casa da Cida, a noite de Jonny Rivers.  A garotada chegou sem erro, a festa era na base do disco de vinil rolando na vitrola antiga, a sala do apartamento térreo era grande, tínhamos encostado os móveis nas paredes e abriu-se uma clareira convidativa. Bebíamos cuba-libre, meus pais foram ver televisão num dos quartos dos fundos, longe da barulhada, e a turma comia sanduichinhos de presunto ou mortadela, palitos com queijos, salsichas e azeitonas, esbanjando a mobilidade pópria da idade. Eu tinha naquele dezembro, 18 anos, cursava o segundo ano clássico e o terceiro ano da escola normal, era alucinada fã do Jonny e convidei todos a partilharem comigo uma reação à febre beatlemaníaca, apesar de ser também apaixonada pelos meninos de Liverpool. 

Mas, as canções do californiano expressavam o sonho dos hyppies, traziam mensagem libertária, me davam a dimensão exata que eu precisava naqueles dias para enfrentar o mundo que parecia virado de cabeça para baixo, uma roda gigante girava na minha visão de tudo, eu questionava a religião, a política, a ditadura, os conceitos de amor e casamento, eu vivia a fase da rebeldia própria da juventude do século XX.

Nada era tão sério, tudo era bem esfusiante e feliz, nem rolava drogas e meu grupo tinha um lema:  Você quer dançar? Do you wanna a dance? 

Lá fomos nós, as garotas de mini saia, os meninos de calças jeans da marca Lee, cabeludos, pulsando ao embalo das canções do Jonny, num momento que certamente, nenhum de nós esqueceu.

Há pouco tempo, assisti o meu ídolo no programa do Faustão, ao passar pelo Brasil, em temporada, pois eu perdi o show ao vivo e pude tietar na tevê. Um senhor bem conservado,  mais calmo, ainda romântico, capaz de relembrar os sucessos das décadas de 60 e 70, e de me provocar uma enorme saudade daquela noite de Jonnhy Rivers, em dezembro de 1967, mas me restou cantar...is too late...  é bem tarde... o tempo passou...
                                                Cida Torneros        

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