aqui tem música, poesia, reflexões, homenagens, lembranças, imagens, saudades, paixões, palavras,muitas palavras, e entre elas, tem cada um de vocês, junto comigo... Cida Torneros
Maracanã
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Marie chegou a Paris, com 40 anos de atraso...
Fazia frio naquele maio, primavera de 2009.
Marie deslumbrou-se com tudo o que pôde ver e tudo o que lhe foi dado sentir.
Sabia que estava chegando a Paris, com pelo menos 40 anos de atraso.
Mas, tudo bem, pensou, antes tarde do que nunca... e foi viver seu sonho, com a inquietude própria da juventude que resgatou nos dias em que ficou na capital francesa, bebendo da fonte de tantas histórias que lhe embalaram a vida, nascidas ali, entranhadas em sua memória de observadora das gentes e dos fatos.
Quando alguém sussurrou no seu ouvido aquelas frases de amor, Marie reconheceu tantas cenas de tantos filmes que já assistira que ficou difícil distinguir a que momento cada uma delas se referia. Marie as colocou todas juntas num caldeirão de perplexidade, preferiu vivê-las, sem questionar demais de onde vinham e para onde iam...
Meses depois, de volta ao Baasil, Marie identificou pelo menos uma delas, do film Um homem uma mulher, dos anos 60, justamente a frase do desencontro, da despedida, do amor que não vingou, entre o casal protagonista do enredo, pais viúvos de duas criancinhas que se conheceram na porta da escola onde seus filhos estudavam,e, por causa de uma carona até Paris, envolveram-se num lindo e inesquecível romance...
Marie sentiu-se então como a própria Mona Lisa, sorriso indefinido, sem saber se tudo tinha sido tão bom ou tão mau... fez-se a dúvida... rir ou lamentar a história de amor vivida em Paris?
Marie voltou a olhar suas fotos com precisão, tinha no olhar um fogo qualquer em meio aquele frio todo... havia uma luz brilhante em cada pupila e um sorriso satisfeito lhe enfeitava o rosto... impossível chorar de vez...ia só chorar mais um pouquinho, de saudade, e abreviaria o tempo para não prantear mais algo que estaria bem localizado num museu, como homenagem, a escultura do sentimento, tal qual a do pensador, de Rodin, ideal dos que transmutam sensações em arte, e vice-versa.
Para a doce Marie, ali estava a solução de tudo...Paris é mesmo um lugar para se amar a arte com a sensação dos sonhos...
Cida Torneros
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