Maracanã

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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Falar do mar...

Falar do mar...
não há como esgotar o tema...
tantos o cantam...
a tantos ele encanta...
infinitamente...
às vezes eu páro e olho o mar...
sinto-me uma ameba...
fixo o horizonte na memória...
perco-me no seu brilho, suas ondas...
o som do mar me faz flutuar...
sua profundidade me espanta...
sua densidade me confunde...
sua beleza me extasia, o mar me amplia...
sou então alguém que sonha diante do mar...
seu azul me enleva, seu verde me intriga...
o mar me torna humilde, mínima, reverente...
seu mistério me entontece e sua magnitude me cala...
o mar, lindo e profundo, imenso e inquieto,


vivo e morto,
renovador e envelhecido,
o mar conquistado e o mar dos desafios...
o sal da terra, a densidade das rotas,
os cruzeiros, competições, as praias...
o mar, de sol e de tempestades,
de esportes e de contemplação...
o mar que beija as areias, que abriga a fauna,
que protege a terra, volumoso mar...
o mar e seu feitiço, o mar e seus segredos...
o mar dos pescadores e dos piratas,
dos navegadores e dos nadadores,
o mar dos golfinhos e das baleias,
o mar dos submarinos e das ilhas isoladas,
dos náufragos perdidos, dos tesouros achados,
o mar dos sonhadores, dos destemidos,
das sereias e das deusas marinhas...
o mar dos amores partidos,
das paixões vividas à beira-mar,
dos beijos dados em suas águas,
das promessas diluídas,
das festas em seu encanto,
da certeza da sua grandeza..
como é belo o mar...
como é pleno de conforto o seu vislumbre...
como é intenso de mistério o seu movimento...
o mar das marés que se revezam...
o mesmo mar dos amores que se alternam...
o mar dos marinheiros viajantes e das meninas do cais...
o mar das ilusões a perder de vista,
o mar das competições...
como é lindo o mar...
o mar dos que se salvam ao buscar a superfície...
o mar dos navios que nem voltaram,
os que ficaram no seu fundo...
o mar das embarcações dos refugiados,
o mar dos sonhos de quem busca refúgio...
como é eterno o mar...
o mar das luas multiplicadas em seus espelhos,
em noites inesquecíveis..
o mar dos imigrantes, o mar dos retirantes,
o mar dos esperançosos...
como é maravilhoso o mar,
o mar das chances de sobreviver,
o mar dos momentos de afogamento,
o mar da salvação dos que lutam contra a morte,
o mar das vidas salvas...
há no mar um postulado de superação e glória,
humana vitória do homem sobre a natureza, às vezes,
noutras, há no mesmo mar a cruel vingança do seu poderio,
e ao se tornar bravio se mostra imbatível,
escreve sua história...
há no mar um certo tratado de respeito,
que nos indica as rotas da veneração e da humildade,
diante de força tão imensa e misteriosa,
parte do planeta que não se rende à idade,
o mar antigo, o mar riqueza de óleo e sal, o mar tesouro,
donde é possível esperar oferendas e ganhos lúdicos,
esse mar que banha continentes, é o mesmo que se aninha,
se amansa, tantas vezes, no colo de alguma costa recortada,
formando baía de beleza incalculável, e com ela faz o amor,
se extasia e nos brinda com um balneário para o turismo,
nos anestesia a alma, nos joga aos seus encantos,
nos encaminha para o deleite,
para o proveito, para a ilusão, para o estupor...

Nâo há como explicar o mar, só há como o amar,
como o estudar, como o desfrutar...

E enquanto houver um por de sol sobre o mar,
só basta olhar e deixar-se levar pela emoção,
pois o oceano, mar adentro, mar aberto, mar profundo
um imenso, incalculável, inexplicável pedaço do mundo...
Cida Torneros

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