segunda-feira, 22 de março de 2010

Revivendo Dezembro, em pleno meio de março...



CRÕNICA / SENTIMENTOS

Revivendo Dezembro,    em pleno meio  de março...são as águas de março, fechando o verão..certamente...
Cheguei ao outono,  comemorei assistindo Oswaldo Montenegro, no dia 21, no Canecão, no Rio de Janeiro...
Aí, pensei no verão que findou...um verão cheio  de amor, concluí...tudo começou em dezembro..lembro bem...estou revivendo...uma luz de sentimentos bons me invadiu, alguém me ofereceu olhar especial, retribuí sem medo...o verão correu...célere...escaldante...viajante...pausado   por encontros de paz e desejos...
Foi um dos melhores verões da minha vida, com certeza...apesar de que, no finalzinho dele, vivi  perdas  que me baquearam...e sobrevivi...inicio a estação das frutas,  colho sentidos em profusão...deliosos sentidos para seguir em frente...agradeço tudo...sempre...e  no domingo que  passou, assistindo o filme "um sonho possível", aquela  história do adolescente negro e  pobre adotado  pela mulher braca e rica, contagiei-me da  alegria que dezembro me legou... há  luz no fim do túnel, disso não podemos esquecer...
No meio de março, eis-me aqui a reviver a troca  de palavras,  olhares e  carinhos que deram  partida ao meu renovado  caminho, agora  mais madura e  realizado...tenho companhia...é  possivel  agradar-me com sorrisos plenos e devolver  sonoros fraseados para   ouvidos de quem me sintoniza na  frequencia da rádio   onde minha alma  programa  delícias...emito  sons de  amor  profundo...posso escutar a voz que vem do fundo de mim...é bom demais...
Cida Torneros

CUANDO ME ENAMORO
Aparecida Torneros*

Dezembro chegou ao meio e um estado indiferente, morno, pleno de pasmaceira, havia me tomado de assalto, por duas semanas. O esforço repetido de me fazer compreender num mundo tão incompreensível. Kopenhagem fracassada, o clima indo pra cucuia, o mundo em clima de “salve-se quem puder”, meu umbigo pedindo isolamento, o computador desligado, a ausência de inspiração para escrever, a solidão disfarçada pelas aulas de francês, um desgosto estranho que tem sabor de “esse filme eu já vi e morro no final, tô fora”, a saudade da infância, a saudade de risadas ecoando na memória dos dias em que eu nem imaginava que a vida podia ser finita, e também nem questionava a pequenez da sombria face dos egoístas ou dos que desrespeitam seres e natureza, sentimentos e confianças, achei que ia percorrer este dezembro, fugindo de mim mesma, como na música do Roberto, a 200 km por hora.

Nenhuma chance de ir ao shopping e fazer compras natalinas, o desânimo de enfeitar a casa para as festas, uma única vontade, fechar-me em copas, enclausurada no ninho da própria solidão de um final de 2009, pensativo e desconfortante, após perder tios idosos, cansar-me de tantas esperas, decepcionar-me com os conceitos de amor e amizade.

A gota dágua, um telefonema, de longe, na quase madrugada de uma manhã enevoada. A voz disse “buon jour”, mas o tom era de discórdia, talvez a disputa mais infantil de um triângulo amoroso tão extemporâneo quanto a mediocridade que permeia a história de amores mal resolvidos. O silêncio me invadiu, internamente. Pra que responder, se qualquer palavrinha em nada ia modificar o acontecido?

Melhor me “desenamorar”, não da vida, pois desta e por esta, estou em constante enamoramento, aliás crescente, no dia após dia… Refiro-me ao desencantamento por criaturas humanas e falhas, como eu, pessoas que são previsíveis e desconcertantes, que fazem parte de um inúmero e retumbante eco dos sonhos não vividos, dos tempos que nem chegam a chegar afinal.

Mas, o destino prega peças, tripudia previsões, oferece saídas, janelas, abre portas, ilumina caminhos, põe na casa ao lado um olhar de carinho, o de alguém que me fez recomeçar o dezembro, bem no meio, acelerando um repentino estágio de “quero tudo” para a segunda quinzena. Peguei-me sorrindo, internamente, redescobri a canção que fala de se enamorar e dar a alguém o melhor que se tem para dar, sonhos e olhares brilhantes. Como um renascimento pré-vivencial, reconheço a alegria que volta ao meu coração, não posso desperdiçar o resto do ano, com lamúrias e tristezas. Estou pronta para refazer projetos, vejo que o tempo me dá um sobressalto, vou correr atrás do prejuízo, vou enfeitar minha vida, com detalhes de luz e cores.

Então, eis que o mundo se colore de novo, vou a alguma festa com urgência, compro logo uma bolsa cor de cenoura, não posso fazer por menos, sou personagem do sonho de quem me confessa que me acha “charmosa”, acho que um vulcão me sacode em tempo de corre-corre, imagino-me recuperando o fôlego, acendendo as luzes da casa inteira, o sol renova minha sede de viver, o que terá sido pior do que ter perdido 15 dias sem perpectivas de festejar dezembro?

Foram dias para refletir sobre escolhas infundadas, momentos que ficaram para trás, e daqui pra frente, lá vem o Roberto de novo, “tudo vai ser diferente”, preciso recomeçar o mês, tenho dias para preencher com música, festa, carinho, amizade, bem naquele tradicional “clima” de um dezembro freneticamente solucionado em termos de esperanças renovadas.

Lá vou eu, Papai Noel, me aguarde que baixo na sua chaminé e lhe dou de presente um sorriso tao grande que serei capaz de incendiar o futuro de um 2010 bem mais feliz ainda. Boas Festas, feliz resto de dezembro, e obrigada por ter a chance de recomeçar a ser feliz.
Cida Torneros, jornalista, escritora e cronista, mora no Rio de Janeiro, onde edita o Blog da Mulher Necessária.





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