Maracanã

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sábado, 24 de outubro de 2009

Madrugada cigana



Madrugada Cigana





Acampou na minha alma,


entre lentas carroças,


um bando de ciganos sentimentos...


eles são ruidosos, não têm calma,


barulhentos,dançarinos, sedentos,


serpenteiam sensualidade em troças,


sorriem, bebem, batem palma,


zombam dos sérios, dos atentos,


me tiram do prumo, fazem roda...


Giram dentro da minha cabeça,


por incrível que pareça,


me sopram verdades absurdas,


dizem que o mundo gira, à sua moda,


esclarecem que a vida traz segredos,


indesvendáveis e aparentes,


estes ciganos invadem meu desejo,


eles acendem as tochas do lampejo


da clarividência que tento divisar,


entre sombras do não entendimento,


e ainda me ensinam com argumento,


de que andar sem destino é o mais certo.






Invadiram a minha madrugada,


soberanos dos cânticos, dos cantares,


me enredam entre seus pares.






Pergunto de onde vem e para onde vão,


mas nem respondem, apenas estão,


nos meus loucos e insones arremedos


de lucidez, que perco, pouco a pouco,


sinto então que meu coração ficou oco,


e já não creio no amor, só no destino,


desta noite que avança no mundo menino,


só a guitarra lenta e o violino chorado,


que teimam em me lembrar de alguma dor,


mas me fazem esquecer do seu conteúdo.






Os ciganos se divertem e confundem,


são meu povo de origem e nele fundem


o prazer de partir sempre e não voltar.


Esta madrugada vieram para a despedida,


já que, pela manhã, depois de festejar,


terão deixado para trás a minha vida...






Aparecida Torneros



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