Maracanã

Maracanã

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

No tempo das mini-saias....

Nossas primeiras mini eram discretas, deixavam de fora só os joelhos. Depois, ousamos, e lá se foram as coxas para a vitrine, bronzeadas, nos verões de 66, 67, 68, por exemplo. Nos anos 70, explodimos com pernas de fora, pelo mundo, e a revolução sensual era também sexual, e o era mais ainda social. Estávamos brigando pelo tal lugar ao sol acirrando um poder feminino, nos tornando as "feministas" de plantão, reivindicando direitos de abrir a boca e cuidar do próprio nariz.
Mostrar o corpo, desmistificar o comando masculino, assumir a liberdade de pensar e de agir, tomar conta da vida, sem amarras de pais ou de namorados e maridos....rs
Foi um tempo de buscas e encontros, também, se muitas de nós tentavam se afirmar como profissionais e livres, outras optavam ainda pelos casamentos e preferiam ser "do lar", em contraponto àquelas que seguiram sua luta solitária em solteirices agudas, entremeadas por "paixões" ocasionais ou "amores " atropelantes...
Tudo valeu a pena, porque a alma das meninas que vestiram as minis, com certeza nunca foi alma pequena... Crescemos muito com a vanguarda e não foi questão de moda, apenas, era um libelo de afirmação socio cultural num mundo até ali tão machista.
Hoje, passados mais de 40 anos, usamos saiões compridos e alternamos, porque nos é dado o direito de ultrajar, trajar de tudo um pouco, pelos menos no ocidente, de um modo geral.
Minha primeira mini era vermelha. Eu tinha 17 anos, ficava me divertindo com os olhares curiosos, e me flagrava orgulhosa por ter coragem de mostrar pernocas para sair de casa, passear, ir nas festas, dançar, e até de sentar e cruzar os joelhos....aí, era a glória....como se eu dissesse: - oi , tô aqui, sou eu mesma, inteira, cabeça, corpo e membros , um ser humano completo, mesmo sendo mulher!
Aparecida Torneros

Nenhum comentário: