domingo, 30 de novembro de 2008

Nem bem te vi, me apaixonei...


Nem bem te vi, me apaixonei...


Nem bem te vi, me apaixonei... Eras mais do que um menino grande, eras como o pássaro aleatório, aquele que voa com o bico empinado buscando sorver do céu o azul e a luz, estavas emplumado, trazias no peito o ar de quem conquista, e não desistas de me seduzir, não custa tentar mais um pouco, sou meio sonâmbula, não me deixes ir, me prende, me toma, me organiza a espera, não me permitas dispersar... Nem bem te vi, ouvi teu canto... Por muito menos, me encanta, me repousa num ninho de aconhego, sente minha disponibilidade para o simples ato de amor à vida, o chamego, tardes esmaecidas em redes alienadas, deixa que o vento me sopre um segredo, nem ouses mentir para o teu coração, nem camufles o sentimento com o medo, fica assim, inteiro, esvoaçante, domina os telhados de barro, os de vidro, grita... Nem bem te vi, és meu apreço, minha mais recente desdita, és minha pressa de ser e ter em ti um lugar de plenitude, e nem mede cada minha atitude, porque, não há o que raciocinar, não vale, deixa-me sentir teu vôo sobre mim, deixa-me voar para teus braços, distribuir meus beijos, receber os teus, enfim... Nem bem te vi, meu sentido de viver definiu o rumo, a alma buscou o prumo, e naquela manhã de recomeço, uma esperança risonha transformou-me em sumo em suco, em líquida sensação de ouro derretido, jóia rara, tomando nova forma... Nem bem te vi, tornaste-me o teu complemento, sem argumento, sem norma... Quero aprender a voar contigo, e te persigo no ar, em rodopio, em gozo e cio... Sou a ave que te completa, voaremos agora em duo, sintonizados e sem frio... Um aquecerá as asas do outro, a cada volteio, e seremos, um bem-te-vi e um beija-flor a espalhar no mundo tanta alegria, tanta sonoridade e toda a harmonia do maior amor... Aparecida Torneros

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