sexta-feira, 4 de abril de 2014

A Doris Day dos sonhos da minha adolescência!



Muito tempo antes de entender a dinâmica holywoodiana de fabricação de stars rentáveis na indústria cinematográfica,  ela, sim, a loirinha risonha, cantora romântica, com ares de sapequice e traquinagem, par constante do saudoso galã Rock Hudson, me atraía às salas de projeção do  subúrbio carioca, e eu era uma fã ardorosa.

Minha intuição me direcionava ao sentimento explícito da comédia romântica, cujo happy end é fato consumado, tornava, para mim, a vida cor de rosa, mas, no fundo, meu raciocinio lógico me mostrava que ela era uma excelente profissional a serviço de uma ideologia do way of life americano. 

Em tempos de anos 60, quando eles nos induziam a crer em felicidade consumista, em modelos casadoiros que propunham encontros amorosos idealizados em estabilidade emocional que, nas sociedades modernas, em termos de realidade, estão bem distantes de alcance ou de ajuste que não esbarre em decepções,  violência,  guerras, derrubada de sonhos ou constatação evidente de que entre sonho e realidade, há mesmo um enorme abismo.

Mas, agradeço,  sinceramente, a esta atriz e cantora maravilhosa, o enlevo, a ilusão,  a alegria, a esperança,  tudo que suas atuações me ofereceram, em determinada época,  quando precisei acreditar que o amor de cinema era possivel.

Sua voz me acompanha há decadas e sua interpretação de Stardust, é minha canção Cult.

Neste 3 de abril, Doris completa 90 anos. Está lúcida,  vive cercada de seus animaizinhos, passou a grande dor de perder seu único filho, há alguns anos, ele tinha 62 e sofreu de câncer. 

Doris é figura de resistência,  seu sorriso é prova de amor, sua vida é exemplo de enfrentamento de um mundo absurdamente caótico,  mas onde é preciso sonhar, resistir, sorrir, amar, cantar, atuar, viver com fé,  e, sobretudo, brilhar, como as estrelas,  cuja poeira nos abraça,  eternamente!
Cida Torneros





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