segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O homem que eu amo- The Man I Love- Le homme que j'aime

Quando ouço a Billie Holliday cantando esta canção, que, hoje, meu amigo Vitor Hugo Soares, da Bahia, dedicou à sua esposa, aniversariante, a querida Margarida, sou flechada por um tipo de nostalgia dos vinte anos... E percebo que completar vinte anos, de vez em quando, é mais saudável por vários motivos. Os primeiros vinte, quem não se lembra, era uma correria em busca de um futuro, trabalho, estudos, amores, talvez se escolhesse aquele aparentemente perfeito, o que podia durar a eternidade. Depois, na segunda vez que se completou mais vinte, ao entrarmos na faixa dos "enta", quem diria que nos pegamos reorganizando a vida, pensando e pesando escolhas, fazendo balanços, pessoal e profissional, e seguindo em frente, no auge de uma maturidade que nos legou experiência e cautela.  Surgem então os cuidados com o coração, as dietas para o colesterol, as caminhadas como recomendação médica, a certeza de que seguir com casamentos desgatados não vale a pena, ou a melhor das certezas, para os que se sentem felizes ao lado de quem os acompanha, dividindo os lençóis, alcançando até, quem sabe, as tais "bodas de prata". Bom conhecer casais assim, , mas sabemos que não é a sorte de todos e todas.
Os que sobram e se vêem solteiros, na terceira fase, vão viver os novos vinte anos, com a necessidade de amar em paz, sem calamidade interior, afugentando conflitos de identidade, buscando novos pares para as novas possibilidades. Os salões ficam repletos nas aulas de dança, as excursões ganham a preferência dos grupos quarentõe ou cinquentões, a vida segue, os amores ressurgem, a maturidade floresce.
Um dia, a gente acorda, e acaba de atingir os 60 anos. Nossa, como tudo passou tão depressa, e como não aproveitar cada minuto desta fase incrível?  
Almas inquietas iniciam caminhada espiritual, corpos satisfeitos já não se enganam quando buscam parceiros ou parceiras com semelhante grau de amadurecimento para curtir música, um chá da tarde, a calma de uma sessão de cinema, a viagem dos sonhos, que pode ser Veneza ou Gramado, mas que se encaixa bem com a aposentadoria e a alegria de viver.
A voz da Billie me faz acordar para a vida e me perguntar sobre o "homem que eu amo"...
Um dia, ele apareceu. Nem faz muito tempo. Nosso sonho conjunto é Paris e a música de fundo poderia ser La vie en rose... mas tem tudo a ver ouvir a  incrível Billie soltar a voz, prometendo-se que ele surgirá sim, numa dessas fases dos muitos 20 anos que todos podemos viver e reviver.
Quando ele surge, como na letra da canção, talvez seja num domingo, ou não. Mas é real, a gente reconhece pela energia que dele emana. É só rastrear sua luz, embarcar no sonho dele que tão nosso, que é tão presente, pode ser que ele tenha surgido numa segunda-feira, mas ele vem, sempre vem, veio pra mim, demorou, mas chegou...
 ps. Como ele é um bom sonho...tem todo direito de ir e vir...no vai e vem das nuvens do céu ou das ondas do mar...

Marie Aparecida Torneros 

   

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