Sabemos mentir
Nasceu entre nós uma brincadeira de faz de conta
eu fiz de conta que te amei, tu mentiste com muita classe...
Vivemos momentos tão felizes, cheguei a ficar tonta
de tanta felicidade entre nós, como se a vida nos iluminasse...
Houve instantes em que nossos olhos em doce afronta
se perderam um dentro do outro, num perfeito enlace...
Nem pudemos refletir sobre a mania de cada resposta pronta
que trazíamos na história das nossas vidas, como um passe...
Tínhamos amores frustrados, em nossa história semi-pronta...
Modelos que ousamos repetir, embora isso não nos bastasse...
Mentimos para nós mesmos, na repetida ilusão que monta
novo quebra-cabeças, xadrez exposto para que se jogasse...
Nem perdemos, nem ganhamos, somente o empate aponta
o resultado de um sentimento forte, era como se eu te amasse...
Mas talvez tu também tenhas me amado, um dia, na conta
de um envolvimento emocional incontrolado que te dominasse,
e no auge do labirinto que amor é capaz de enredar cada alma,
eis que a distância nos separa agora, verdade e mentira, a calma,
o plácido final de um caso, a lembrança de algum beijo doado,
a sensação de que nem tudo foi perfeito, mas foi laureado,
com a esperança dos solitários, buscando pares, amores, afetos,
agora, cá estamos, distantes e próximos, saudosos e quietos,
pois nada há mais a fazer nesta história de mentirosos,
apenas nos resta mentir mais uma vez...eu digo..."não mais te quero...
tu respondes, nunca te quis verdadeiramente, nem tive contigo amor sincero"...
Cida Torneros
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