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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Liderança feminina é destaque em empresas

Liderança feminina é destaque em empresas


Andréia Meneguete

Do Diário do Grande ABC


Um aviso de antemão: esta reportagem não tem a pretensão de comprovar que uma mulher se equipara a uma heroína. Se você acredita que encontrará qualquer teor de feminismo exaltado por aqui, desarme-se. Longe disso! Como revela a máxima: contra fatos não há argumentos. Dilma Rousseff está ai para comprovar que o sexo feminino pode chegar ao posto mais alto de uma nação, apresentando uma liderança com características peculiares. Pelo menos, de certa forma, espera os seus eleitores que ali confiaram o seu voto.



Entretanto, também não faremos alardes com a notícia. Não pense que isso é uma novidade. Antes mesmo do movimento feminista da década de 1970, conhecido pela queima de sutiã em praça pública, muitas mulheres já assumiram cargos e reinados, como, entre alguns exemplos, a rainha do Egito Cleópatra (69 -30 a.C), a rainha da Inglaterra Elisabeth I (1558-1603) e a Imperatriz da Rússia Catarina I (1725-1727).



A novidade mesmo fica por conta da força das mulheres na última eleição em um país democraticamente tão jovem e ainda conservador com algumas questões. Na verdade, a mulher mudou e junto com ela a visão da sociedade em relação às suas funções e atribuições. Posições partidárias à parte, a análise desta situação é necessária. A presidenciável Dilma Rousseff chega para quebrar muitos paradigmas no que se refere à importância da mulher no poder.



De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Coaching, Vilela da Matta, 41 anos, a mulher que assume um cargo de alto escalão, uma posição de líder, tem como vantagem, diante dos homens, a sensibilidade e visão ampla sobre o cenário que atua, incluindo o trato com as pessoas. "Ela consegue resolver conflitos de uma maneira mais harmoniosa, de uma maneira geral, evitando confrontos. O homem vai mais para o ataque na hora de emitir opinião", sentencia.



Mas, caro leitor, ela não está imune aos tropeços e isenta dos erros, de decisões inseguras e momentos de fragilidade. "Há dois tipos de liderança feminina. A Dilma vem com características de gestão mais masculina, em que encontramos um posicionamento forte, falar firme e um comando mais duro. O que difere da Marta Suplicy, que segue para outro lado mais delicado da liderança", diferencia o especialista em marketing político e fundador do portal Mulheres no Poder, Marcelo Tognozzi, 50 anos.



Entretanto, as diferentes características pessoais e formas de liderar em nada afetam uma gestão negativamente. "A grande prova do seu poder vem junto com o seu equilíbrio e capacidade de gerenciar crises, fatos e pessoas", complementa a gerente da divisão de recursos humanos da empresa de headhunter Page Personnel, Priscila Salgado, 30 anos. Com base no assunto, o Diário foi atrás de mulheres poderosas e como cada uma se mostra na hora de fazer jus ao cargo.



Dona da bola



Patrícia Amorim ficou conhecida por sua atuação quando era atleta e ganhou prêmios na modalidade de natação. Mas o burburinho em cima do seu nome aconteceu mesmo quando assumiu neste ano a presidência do Clube de Regatas Flamengo, se tornando a primeira mulher a presidir um dos maiores clubes do Brasil.



Mas parece que o destino veio para colocar a sua gestão à prova com a sequência de crises internas envolvendo o nome do Flamengo. Primeiro, o caso do goleiro Bruno, e depois, a saída do ídolo Zico. Isso sem contar a péssima atuação do time dentro de campo.



Como ela se posiciona aos fatos? "Minha resposta é com trabalho. Sinto que sou testada o tempo todo, mas estes desafios me motivam", desabafa.



Casada há 15 anos e com quatro filhos, Patrícia trabalha mais de 12 horas por dia, faz questão de assistir a todos os jogos, conversa com todos os jogadores momentos antes e após as partidas, além de incentivar a equipe nos treinos.



Lidar com a paixão de milhões de torcedores e buscar fórmulas para manter as finanças equilibradas são os grandes desafios desta mulher em ambiente culturalmente masculino. "Assumi o cargo com uma divida monstruosa, hoje posso assegurar que não tem um funcionário e jogador com salários atrasados. E isso é um mérito da nossa administração", comemora.



O segredo para chegar ao topo? "Nunca perdi a feminilidade. Sei ser dura sem ser grosseira. Sou uma pessoa fácil de lidar, costumo ser gentil no trato com as pessoas, mas não sou boba. Viro uma leoa quando percebo que o Flamengo pode ser prejudicado de alguma forma", caracteriza-se. Fica o recado para quem quiser mexer com esta leoa dos gramados cariocas.



Comando jovem



Em apenas dois anos na gerência do departamento de marketing de uma das maiores redes de varejo de moda do País, ela reposicionou a imagem da empresa frente ao consumidor e foi responsável por grandes parcerias de sucesso.



Com isso, aumentou a fatia de lucro anual da instituição, além de conquistar o reconhecimento e aplausos de profissionais externos de peso do segmento.



Com certeza você imagina que tamanha conquista só poderia ser possível sob o comando de uma pessoa com anos de experiência e idade. Ledo engano. A pessoa acima exaltada é a jovem de 29 anos Marcella Martins de Carvalho, gerente de marketing da lojas Riachuelo.



Liderando uma equipe de 12 pessoas e tendo entre suas funções a responsabilidade de criar estratégias de divulgação das coleções e produtos das 114 lojas da rede existentes em 23 Estados brasileiros.



"A idade nunca será um fator determinante de competência e merecimento do cargo, mas, sim, a postura que o profissional tem de gerenciar e lidar com a sua equipe", desmistifica Priscila Salgado, 30 anos, gerente da divisão de recursos humanos da empresa de headhunter Page Personnel.



Para atuar nesta função e desenvolver com louvor suas competências, Marcella não precisa deixar de lado suas características essencialmente femininas, como a beleza, o falar baixo, os gestos amenos e o olhar tímido.



"Nunca precisei ser agressiva e nem mesmo abusar de poder para conseguir resultados da minha equipe. Sei cobrar sem perder a delicadeza, sem alterar o tom de voz", revela a moça. E é certo: o crescimento da empresa não deixa dúvidas sobre o trabalho da moça.



Entre rodas



Ela assumiu o cargo que milhões de homens se matariam para estar nem que fosse apenas por um dia. Afinal, comandar a General Motors do Brasil é sinônimo de poder e admiração, inclusive, da ala masculina. Ser gerida de forma tão eficaz por uma mulher faz com que o encanto seja elevado à enésima potência. O motivo para tamanho reconhecimento é mais do que óbvio: o automobilismo é uma área que encanta e envolve os homens.



Mas a questão do gênero está longe de ser um ponto vangloriado pela norte-americana Denise Johnson, 43 anos, que desde fevereiro assumiu a presidência de um dos maiores fabricantes de carros do mundo. Na verdade, a engenheira até esquece do fato de ser uma mulher no topo. Entre uma conversa e outra, ela se mostra bem centrada em atingir os resultados esperados pela empresa e considera a sua posição um desafio. "Não encontro dificuldades na gestão pelo fato de ser mulher. Sei que sou a primeira mulher a presidir a GM do Brasil, mas há várias mulheres em cargos importantes, eu tenho cinco na minha diretoria", afirma.



Crítica e exigente, a norte-americana é a pessoa que mais cobra o próprio desempenho. Mas os funcionários não são poupados por muito tempo. Com o desejo de fazer o melhor sempre e obter o aumento constante dos números - tanto em produção quanto em cifras -, Denise é enfática ao elencar as características que mais lhe incomodam num profissional. "Não admito pessoas que não ouvem e não são receptivas a mudanças. Aquele tipo de discurso que porque algo funcionou no passado tem de funcionar sempre. O mundo

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