cartas de paris
Coisa de cinema
De repente a câmera abre a grande objetiva e a carruagem que traz Maria Antonieta se perde nos jardins de Versailles, com o monumental castelo ao fundo.
Ou então é Quasímodo, o corcunda de Notre Dame, então em primeiro plano, que faz um movimento de corpo deixando aparecer, ao fundo, as torres da igreja que lhe vale de sobrenome.
Mesmo quem nunca veio a Paris já a viu, muitas vezes, pela tela do cinema.
Seus prédios centenários já serviram tantas vezes de cenário que o Centro de Monumentos Nacionais da França inaugurou este mês na Conciergerie uma exposição dedicada exclusivamente ao casamento dos monumentos franceses com a sétima arte.
Com posteres, projeções e objetos selecionados de cenários e figurinos, a exposição faz uma retrospectiva (volumosa) dos monumentos franceses que serviram de inspiração e de cenário para filmes de todos os tipos, de todas as épocas.
Além dos prédios históricos que protagonizam filmes épicos – a Conciergerie em Danton, de 1983, o Arco do Triunfo, em Napoleão, de Sacha Guitry, o castelo de Versalhes no filme de Sofia Coppolla – a exposição revela também os diversos prédios e castelos que, anonimamente, emprestaram sua arquitetura para contextualizar enredos medievais.
É assim, por exemplo, que o visitante fica sabendo que foi nos estudos feitos pelo arquiteto Viollet-Le-Duc para a restauração de vários castelos franceses que se inspiraram os artistas dos estúdios Disney para desenhar os cenários de A Bela e a Fera, de 1991, ou ainda de Rapunzel, que será lançado este ano.
Os adoradores da sétima arte vão se divertir também com as anedotas de filmagem, que revelam a operação de guerra necessária para fazer caber todo o aparato cinematográficodentro de espaços projetados na Idade Média – com o cuidado de não permitir danos ao patrimônio.
A pena é que, como se trata apenas dos monumentos franceses, a exposição não abrange produções que pegaram emprestadas a paisagem parisiense banal: as ruas, os restaurantes, as pontes e margens do Sena – que são tão fotogênicos quanto os prédios históricos.
Morar em Paris é se habituar aos caminhões de filmagem espalhados em toda parte. No caminho de casa, a ponte de Bir-Hakeim quase nunca está livre de refletores, modelos, atores, produtores de todo tipo.
Ela ficou famosa pelo Último Tango em Paris, mas recentemente esteve nas telas de novo, numa das grandes produções do ano. Será que alguém aí adivinha qual?
Carolina Nogueira e jornalista e mora em Paris há três anos, de onde escreve o blog Le Croissant.
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