quarta-feira, 7 de abril de 2010

Tem qualquer cheiro de poesia no ar da sua boca...

Tem qualquer cheiro de poesia no ar da sua boca...




Tem um cheiro de poesia
tem um perfume inquieto e aveludado
sai do ar da sua boca e me encanta...
Nem sei explicar
nem tenho que explicar nada
se eu não sabia
nem sei tampouco agora
coisas da vida, louca e santa,
destinos cruzados, o jeito de amar
não é melhor ou pior que o som do fado...
nem é como o samba de roda, do pagode lá fora,
tem ares de encontro, definitivo tilintar
de sinos ouvidos a léguas da aldeia,
e o cheiro me invade, penetrando as narinas,
minhas coxas meninas, meus sucos emergentes,
tantos sentidos tão urgentes, tudo atropelado,
seu olhar é de ferro, a cara de mau, não é de pau,
é marezia, o perfume denso, as carnes ferventes,
tem cheiro de ontem, de hoje e amanhã,
é como diria o Tom, uma febre tersã,
é frenesi de ouvinte, cheiradora e fã,
mas, sem querer ser redundante, é mesmo vendaval,
varre idéias pré-concebidas, e concebe um festival
de novas canções em novas vidas, e,se, não me creia,
não ficarei zangada, nem triste, já sei que o amor existe
e, mais cedo ou mais tarde, se a vida se esvai,
se o tempo passa e a história corre, zoando da gente,
tem qualquer cheiro que fica, fica forte na memória olfativa
a me deixar bem contente, por sentir tal odor, assim, pensativa...
e, valha-me minha santa padroeira, que esse cheiro chegou a mim,
assim, sem eira nem beira, e tem som, além do perfume e do canto,
tem sinos dobrando por nós, nalguma capela de beira de estrada...
O caminho de cada coração partido é tentar colar-se, assim,
quando isso acontece, tem um gosto que era cheiro antes,
e o gosto vem no ar de boca beijante, alma pulsante,
como a sua, como a minha, almas poetas, que se reconhecem,
enfim...
Aparecida Torneros

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