Maracanã

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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Ciumento tempo

Ciumento tempo

Cimento a sólida parede
o muro forte da minha sede
construo em ferro e fogo a rede
que me prende ao tempo, ao seu momento...

Se vento ou chuva, volta o tormento
viajar sozinho no mundo do pensamento
acomodar no peito algum novo e sentido lamento
que me faz historiar a lenda do homem que não se rende...

Fomento alguma paz, em meio à divisão, ele me entende,
espalho poesia leve, em refrigério breve, pão de queijo e neve,
deixo crescer o ciúmes do tempo, como quem não pode, nem deve,
avocar da vida o que não pôde ser, o dia que não nasceu, a noite silente...

Não lamento outrora, o consolo de cada palavra como agora
com renovada espera, entoando luz, sofrendo embora,
ainda a cantar a fuga do sentimento posto pra fora
que se encolhe, mas colhe a flor que mora
num pequeno jardim de rua estreita
um canteiro à nossa espreita
lugar onde a alma deita
a mente se ajeita
sua paz enfeita
fica desfeita
a sua dor ?
sua seita ?
o amor ?
aceita ?

Se o meu momento, ciumento tempo
se fizer ciente da compatibilidade
tudo passará como o ciúmes tolo
que se mistura ao assado bolo
da possibilidade...

Aí, a poesia presta
para o molho ao pesto
de um imagiário peste
a nos enciumar
da vida..
.

Ciumento tempo por Maria Aparecida Torneros da Silva

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