terça-feira, 23 de março de 2010

Poesias em série antiga...

Café na cama ( versão II) por Maria Aparecida Torneros da Silva Publicada em 18/06/2005

café na cama ( versão II )
trago a bandeja com torradas morenas
enquanto meu olhar passeia pelo quarto mudo
me despeço do lado vazio do leito branco
e celebro a solidão como o legado de tudo...
sorvo de um gole só o café das minhas penas
percebendo que as histórias pequenas
tornam-se imensas se lhes engrandecemos...
então decido, decido num só tranco,
que me tranco em cadeia de esquecimento,
que toco em frente, que supero o drama
de ter quase me apaixonado pelo vilão do filme,
sem perceber que o mocinho herói ainda me ama...
lá vem ele nos meus sonhos dizer que me quer
que me leva a Cuba, Paris, que me faz feliz,
sabe mentir como um ator, tem performance de cama,
mesa, banho, tem roteiro completo , se quiser,
faz mais enredos, desvenda segredos,
enquanto tomo o café, me desfaço dos medos,
sacudo as poeiras das torradas mastigadas,
parto para o novo dia, cumprimento a cada mulher
que por sua garra, sua dignidade , ainda souber,
reescrever suas novelas de vida,
refazer suas fortalezas, suas moradas,
para abrigar seus sonhos, suas chances, seus amores,
com a maior clareza de idéias, com palavra resolvida,
com gostinho de café na cama, de novos sabores...

Café na cama ( versão II) por Maria Aparecida Torneros da Silva Exibido 908 vezes
 
Café na cama 1 por Maria Aparecida Torneros da Silva Publicada em 08/05/2005

fomos ao cinema
a dona da história escrevia sua novela
horas antes, fui ao analista
tentei voltar.. e voltei
ali, confessei que tenho o medo de me apaixonar de novo...
pedi seu ombro, caso venha a chorar por outro amor perdido...
ele me olhou... me analisou...porque é um analista...rs
depois do cinema...
fomos jantar...
depois do jantar...
fomos a casa da minha história interrompida...
juntei os capítulos..misturei todos, na verdade...
depois da visita a casa que se reforma...fomos ao apartamento...
apartaram-se os laços dos abraços...e fomos tecendo linhas de pensamento...
um calor me subiu como acontece quando me faço dona dos meus sentidos...
fomos para a cama...
nos entranhamos... nos estranhamos...nos embrenhamos pelo desconhecido...
adormecemos...
o sol nos pegou na manhã acariciando corpos satisfeitos...
nos prometemos ser amigos... ainda que isso seja impossível ser prometido...
pois o mundo gira e afasta amigos por tantas vezes...
fiz o café...
trouxe a bandeja pra cama...
dei bom dia...
nos despedimos...
prometemos caminhar na manhã de um amanhã, se houver...
lembrei do analista... o seu ombro está lá...se eu precisar...
agora, todas as quartas, as 19 horas.... tenho um ombro que me aguarda...
alguém está de partida...
alguém promete chegar.....
alguém está de saída...
alguém promete voltar...
preciso mesmo escrever esta história de novo...

Café na cama 1 por Maria Aparecida Torneros da Silva Exibido 906 vezes
 
 
Moleca por Maria Aparecida Torneros da Silva Publicada em 31/05/2006

... subo
...escalo teu corpo
...lambo
...esfrego teu dorso
...sugo
...espremo teu sexo
...molho
...engasgo teu falo
... pulo
... encaixo meu macho
...danço
... enteso meu faixo
...bailo
... encarno meu gozo
...canto
... enfeito teu grito
... gemo
... entendo teu mito
... tremo
... externo o que sinto...
... brinco
... ajeito meu instinto
... sorrio
... escolho teu caminho...
... sigo
... encontro teu carinho...
... solto
... mas não estás sozinho...
... prendo
... faço-te um menininho...
...beijo
... dou-te a lingua, no beijinho
... abraço
...recebo-te enfim, amorzinho...
...possuo-te
...como um brinquedinho...

Moleca por Maria Aparecida Torneros da Silva
... o fruto maduro do Amor por Maria Aparecida Torneros da Silva Publicada em 25/06/2005

... o fruto maduro do amor

quando ele chegou na minha vida
eu já não era mais uma menina linda
mas tinha ainda o sorriso doce na boca,
trazia o mel na língua comprida,
conservava a ilusão da ternura na mente ôca...

como quem não quer, querendo,
ele me encheu de agradecimentos
um suceder de obrigados gentis e melosos
a me surpreender como seu eu fosse ainda
aquela que o fazia reviver ideais fantasiosos
de um mundo caótico a ser restaurado...

e...sucumbi ao seu gosto forte,
suguei o néctar do fruto maduro,
provei do sabor dos momentos
do cheiro agreste do campo norte,
do vento quente das terras distantes,
onde a luta por comer é mais instintiva
que o consumo das cidades grandes...

e... busquei nele a razão de não ser
a questão de não pensar, a resposta de não perder...
ganhei em brevidade, ganhei em efemeridade...

e... degustando o fruto melado,
quase desgastado pelo tempo insano
fiz da sua passagem em minha alma de longa idade
o necessário aporte em outro plano
um certo reconhecimento de eterna saudade
do quanto é possível memorizar internamente
o sonho inacabado, o sonho sonhado simplesmente...

...quando ele ficou em mim, pra sempre e eternamente,
só me restou incorporar sua inquietude, seu recado,
engolindo sua vitaminada composição de luxúria,
aliada ao seu azedo e amargo sabor de passado...



--------------------------------------------------------------------------------

... o fruto maduro do Amor por Maria Aparecida Torneros da Silva Exibido 924 vezes
Onde estará o meu Amorrr? por Maria Aparecida Torneros da Silva Publicada em 17/07/2006

Diz a canção
ouço
na voz da Betânia
"estamos cá dentro de nós"
a sós
o moço
me espreita
me quer
me lembra
me espera
me foge
me oferece a saudade
ouço
apesar do silêncio
a sua voz
e penso
no quanto a vida comove
no tanto que o corpo move
um movimento denso
de se fazer presente
embora ausente
e nada me consola
que não seja a incerteza
certa que me embola
os pensamentos negros
falta-me a sua luz
a escuridão não deixa vê-lo
preciso clarear o mundo
para que seu sorriso profundo
devolva a paz que me seduz...
onde estará o meu Amorrr?
pergunta a cantora
pergunto eu a amadora
queria ser a profissional
e não sentir nem mesmo o gozo
como fazem as putas, as meretrizes...
serão elas tão felizes?
não precisam se perguntar depois
para onde se foram seus amantes
porque tanto no futuro como antes
só existem os momentos fugazes
os pagamentos, sem sofrimentos...
nem sei se ele está vivo no meu tempo
só sei que se torna eterno no meu peito
e encanta de saudade o meu defeito
de querer bem a quem me deixa
nem sou puta e nem sou gueixa,
sou somente a mulher amada-amante
aquela que seguirá na vida,
por muitas luas, sóis e terras,
a cantar o sentimento forte
cuja chama renasce adiante,
no olhar perdido no horizonte,
de um mar imenso batendo ao norte
ao sul, ao leste, quando ele tenta
me dizer em que lugar se esconde
seu ardor de ser tão somente
minha fantasia, meu sonho,
como o mar bravio que nos une,
como o mar amansado que nos pune,
como o oceano infame que nos separa
como o sentimento lindo que nos ampara....
Cida Torneros
17/07/06

Onde estará o meu Amorrr? por Maria Aparecida Torneros da Silva Exibido 73 vezes

Comentários

Théo Drummond theodrummond@uol.com.br
Cida: Eu não saberia responder onde estará o seu amor. Mas, com certeza, diante do seu lindo poema, se o "seu amor" o lesse, voltaria, correndo, para os seus braços. Um beijo do Théo Drummond

Nenhum comentário:

Postar um comentário