No entardecer, busco a estrela vespertina...
Na verdade, é só segunda, cai a noite,o dia de trabalho vai arrefecendo e o silêncio vai tomando conta dos corredores da empresa, enquanto sumidos "até amanhã" vão desfazendo o clima de corre-corre que empesteou a segunda-feira.
Corro para a janela e busco a estrela vespertina. Sei, não precisa me dizer, que, na verdade, não se trata de uma estrela verdadeira. Como astro, é mesmo o planeta, chamado Vênus, que tem nome da deusa do amor e da beleza, e brilha forte e solitário, anunciando a chegada da noite que virá.
Todos os dias, lá está a tal luzinha de intensidade que já não intriga tanto pelo mistério, pois é fato consumado, é repetição de aprendiz, é continuidade do sistema solar, girando em elipse, em volta do Sol.
Minha estrela, você que me centra os sentimentos e me atrai a observar o céu dos justos, tem a propriedade de me fazer desacelerar os movimentos.
Busco a paz do entardecer, soletro uma canção de amor, peço arrego, quero voltar correndo para minha casa, preciso achar o caminho do meu quarto, encontrar depressa o rumo da minha cama, deitar a cabeça no travesseiro macio, fechar os olhos e fixar no meu sonho , em imagem eterna, o instante em que a vi surgir, pois veio me revelar novo segredo...
Antes que eu adormeça, busco desvendar o segredo da estrela vespertina, para que meu anoitecer tenha não só a paz merecida, mas, sobretudo, para que eu não tente inutilmente fugir da paixão, mais uma vez.
Aparecida Torneros
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