Ontem, assisti, novamente, o filme Código da Vinci. O livro que originou a produção de cinema, envolveu-se em grande polêmica por trazer à baila a possibilidade da descendência carnal de Jesus Cristo, que teria deixado herdeiros de sangue, a partir do seu convívio com Maria Madalena. Vale conferir ambos, livro e filme.
Cada um de nós, vivenciando os séculos XX e XXI, está mesmo impregnado de muita história a nós passada pela pregação religiosa e pela convicção político-ideológica. Somos o resultado do encontro da pensamento cartesiano e racional, com milênios de mistérios que rondam nossa capacidade de nos emocionarmos com a vida.
A natureza que nos acolhe e da qual fazemos parte, tão defendida ultimamente por um ideal sustentável, é dotada de uma lógica reprodutiva acima do bem e do mal, composta de energia que carece de renovação para que não se destrua totalmente.
Cuidar da Terra, num mundo contaminado pelo modelo industrial consumista e destrutivo, parece ser o mais lógico, parece, porque ainda não se convenceram todos na humanidade sobre a preciosidade que é legar o direito à vida aos que virão depois de nós.
Hoje, li e reproduzi no meu blog, o texto do Contardo sobre a eterna luta entre a verdade e a dúvida.
Amanhã, nos próximos séculos e milênios, como já aconteceu antes, histórias serão recontadas, fantasiosamente, ou, se guardarem resquícios de fidelidade aos fatos, passarão, com certeza, pelo crivo impiedoso e sábio da emoção dos que contam e dos que ouvem, dos que produzem e dos que consomem, dos que transformam episódios em pura fantasia ou dos que desejam acreditar que os sonhos por mais fantásticos que possam parecer, no fundo, são a realidade lógica das nossas próprias emoções, com direito a oscilar entre o medo do nada e a coragem para o tudo.
O filósofo Sócrates, no alto da sua sabedoria, afirmou: "O que sei é que nada sei". Claro, diante da grandiosidade do Universo e da pequenez do raciocínio humano, como afirmar algo que não seja passível de ser desmentido a qualquer tempo, por novas descobertas?
Há sim, uma certa lógica paradoxalmente ilógica, na nossa capacidade emocional. Dela, bendita seja, brotam as sensações que nos impulsionam a questionar, ao mesmo tempo em que nela, repousam as mais profundas nuances da sensibilidade para amar, querer bem, a si e ao que nos circundam, ainda que possa parecer piegas dizer que " é preciso amar , amar, as pessoas, como se não houvesse amanhã..."
O poeta já cantou isso, claro, porque a cada poeta, assim como a cada filósofo, é dado o direito de antenar o óbvio que a ciência ratifica e que a humanidade agradece, porque aprende a coordenar o raciocínio, imprimindo emoção à sua total falta de lógica, ou será que é ao contrário?
No enigma da esfínge está escrito : Decifra-me ou te devorarei.
Pois é, quando vi as imagens do recém-descoberto anel gigante de Saturno, pensei pouco, preferi sentir mais, já que a emoção da nova imagem, me foi trazida por possibilidade tecnológica cientificamente desenvolvida para que um humano como eu, no limiar deste novo milênio, pudesse tão somente refletir a luminosidade do que é infinito enquanto dura, como é o caso do amor biológico, ou será do amor espiritual? Também já foi dito pelo poeta, em conclusão emocionada.
Mas o que me faz escrever agora, tentando ordenar pensamentos e emoções, tem a ver com incerteza deliciosa de viver e ver para crer, ou talvez, de crer para viver depois, ou ainda de acreditar que viver é criar histórias, que historiar é criar vidas, que há um universos infinitamente propenso a nos enganar com sua lógica e a nos desafiar a visão com o destempero da sua emoção tão ilógica. Viva a lógica ilógica da emoção!
( dedico este texto ao meu filho Léo, 31 anos, cético, ateu, professor de raciocínio lógico, apaixonado por pessoas e animais) Cida Torneros
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