Nos braços de uma Anja...
Caiu no vazio, jogou-se para a mortalidade, despencou-se...
Veio ao mundo buscar o amor daquela mulher, sua Anja...
Ela lhe ofereceu o paraíso, o céu, foi para ele o nirvana...
Uma só noite e ele a perdeu, seu coração machucou-se...
Era uma criatura tão linda e o amou demais, humana mulher,
ao tocá-la, percebeu a sutileza da pele dos anjos, sua textura,
trocou tudo pela oportunidade de estar com ela, sem sequer
lamentar a dor, o sofrimento , pois maiores são o amor e a ternura...
Nos braços dela, ele conheceu o segredo da eternidade, a paz infinita,
compreendeu o momento que é pra sempre, no coração e na alma iluminada,
transcendeu o mundo, ultrapassou a morte, reconheceu a felicidade bendita
de estar com ela porque era imperioso, era necessário, antes da sua partida...
Cida Torneros
Porque sou uma Anja Caída
Na noite daquela cidade subi no alto da Torre
e me joguei sem medo, sem asas, feri-me, meu sangue brotou...
Fiz-me humana, senti dor e desejo, toquei o rosto querido,
tornei-me mortal, entreguei-me aos gostos e cheiros,
deixei-me levar pelo sentimento, aprendi tudo sobre o amor...
Não me arrependo de nada, faria tudo outra vez,
buscar a condição humana era necessário para viver a plenitude,
só assim pude provar o gosto da vida e dar sentido à criação divina...
Na manhã daquela cidade desci ao porão do desconhecido
e sobrevivi, atravessando o tempo, congelando os sentidos,
com a dádiva da reciprocidade, e o castigo da efemeridade...
Mas, que seja de lembranças o meu futuro, a reviver momentos,
não importa, lancei-me nos ares para voar pelos céus da paixão,
caí na escuridão porque outros anjos te levaram para bem longe,
entretanto, a melhor parte de ti ficou em mim, é o meu tesouro...
Reencontrei a luz, continuo a observar cada nascer e cada por do sol,
é em tua homenagem que rendo graças por ter te encontrado um dia,
por ti, oro e canto canções de bem-estar nas madrugadas solenes,
na tua direção caminho todos os passos que meus pés aguentarem,
é por tua energia infinita que creio na profecia bendita da eternidade...
Cida Torneros
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