domingo, 27 de setembro de 2009

poeminhas antigos...


Um dia, ela amou daquele jeito infinito,
o mundo parecia caber no seu sorriso,
os olhares eram como ímãs, dela e dele,
as mãos se buscavam dia e noite,
havia beijos de bom-dia e boa tarde,
trocavam beijos de "dorme comigo",
por muito tempo, entre os dois, era preciso,
que um se juntasse ao abraço do outro,
para que a vida tivesse sentido, cantasse,
havia música no caminho das manhãs,
ela se sentia tão amada, era uma princesa...

Um dia, ela descobriu o fim do infinito amor,
nem compreendeu logo tamanha armadilha
a vida lhe traíra, pensou, a magia evaporou-se,
e o que ficaria além..muito além, como sentira?

Um dia, ela se permitiu ouvir de novo a canção
e se entregou à saudade de um tempo precioso,
soluçou sentindo o além do amor, emocionou-se...

Além, muito além daquele tempo tão distante,
ficara lá atrás aquela menina sonhadora, sozinha,
já não sentia o abraço que julgara seria eterno,
já não corria para encontrar o parceiro e amante,
agora, tão além, só restava saber-se com memória,
só podia relembrar tudo o que viveu e cada instante,
para que se aquietasse na penumbra da saudade,
o conteúdo do além, o fim do além, na sua história...
Aparecida Torneros

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como um segredo
a emoção lhe toma conta
ela não quer transparecer
prende o sentimento no peito
como um degredo
a decepção do amor desfeito
lhe provoca um nó na garganta
suas pernas tremem
sua ânsia de viver se esvai...

como um torpedo
o adeus do amado a faz morrer
apesar de seguir respirando,
mesmo quando se obrigar a comer,
após as noites que passar alerta,
bem depois dos anos que virão,
ali, na face marcada, repousará,
para sempre, o sulco de uma dor,
sob o olhar perdido e triste,
talvez décadas à frente, desse amor,
herdará algum impulso que a manterá viva,
mas, queimará até o fim, em seu rosto,
o fogo torturante do que não pôde impedir,
quando correu na sua pele, uma lágrima furtiva...

Aparecida Torneros

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