segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O resto? ora, o resto...




 
"o resto? ora , o resto... "
 
ora, bolas
como enrolas
o novelo dessa prosa
noves fora, glosa,
noves dentro, goza,
moves a pedra
do xadrez
em chinês,
ou português?
ora, o resto?
eu sei, não presto
pra contas de menos
só de mais,
camisa de vênus
amores plenos
em francês,
amo amar naquela língua
de biquinho e erre arrastado..
digamos que o amor quando mingua
deixa como resto um "arrestado"
de saudade, de falta que faz
de coração solitário que jaz
batendo sem ressonância,
fica, de resto, aquela ânsia
de rever, reaver, reter, reler
os olhos da criatura amada
como um restinho de paixão
que ficou no fundo do copo
aparentemente vazio, 
nossa, ai que frio,
parece inverno europeu
assim tomo todas e me dopo
pra não pensar no que resta...
Sei que resta o mundo inteiro
pra atravessar na madrugada
reencontrar teu ar de luzeiro
brilhando pro meu travesseiro
me envolvendo na almofada
tal e qual a madrinha - fada
preconizou pro menino
que fosse voar pela vida
e deixasse só um restinho
pra voltar àquele ninho
de aconchego e carinho
quando só sobrasse o resto...
pode dormir meu benziinho
te deixo e não mais molesto...
em mim, ficou a certeza presa,
na alma peregrina, livre e amada,
de que é melhor ter o resto...
do que nunca ter tido nada... 
                                    Cida Torneros
                                 27 de dezembro de 2005

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