domingo, 20 de setembro de 2009

NÓS SOMOS AS CANTORAS DO RÁDIO...



'Cantoras do Rádio' reverencia as divas da Nacional


O documentário "Cantoras do Rádio", de Gil Barone e Marcos Avellar, que traz Carmélia Alves, Carminha Mascarenhas e a caçula do grupo - "A nossa menina" -, Ellen de Lima, estrelas da Rádio Nacional. Há mais de 20 anos Carmélia e Ellen voltaram à estrada, fazendo shows. A partir de 1988, "As Eternas Cantoras do Rádio" virou um hit no palco e em CD. Carminha integrou-se ao grupo há oito anos, substituindo Nora Ney. Há uma quarta cantora no filme, mas Violeta Cavalcanti, vítima de Alzheimer, já não canta mais.

O repórter comenta o atual boom dos documentários musicais. Fala de "Um Homem de Moral", de Ricardo Dias, sobre Paulo Vanzolini - Carmélia Alves dispara a cantar, "Não fica no chão/Nem espera que mulher/lhe venha dar a mão..." O repórter insiste, faz a pergunta tola, se elas conhecem "Ronda"? Como? "Ronda é um clássico!" É a vez de Ellen cantarolar.

Uma carioca (Carmélia), outra mineira (Carminha), a terceira, baiana (baianíssima!, Ellen). Representam a própria brasilidade. Todas reinaram na Nacional, a rádio mais poderosa do Brasil - do mundo! -, que dividia suas cantoras em três plantéis. Havia um primeiro time inatingível, as divinas; um meio de campo, no qual estavam; e o terceiro time, formado por cantoras que iam parar na Rádio Nacional por indicação de políticos - era uma autarquia, não se esqueçam. A rádio ficava na lendária Praça Mauá, no Centro do Rio. Todas tiveram forte ligação com São Paulo. Carmélia foi casada - durante 54 anos - com o paulista Jimmy Lester, que cantava em inglês. Em 1998 ele morreu em Teresópolis, no Estado do Rio, e ela o trouxe para ser enterrado em São Paulo. Nesta semana, por conta da agenda de lançamento de Cantoras do Rádio na cidade, Carmélia circulou bastante pela metrópole. Ao passar pelo cemitério, teve uma coisa. A saudade bateu forte.

Carminha e Ellen têm outra ligação com São Paulo. Como crooners, revezavam-se na boate Oásis. Cada vez que a temporada de algum artista não caía no agrado do público, o dono, desesperado, chamava Carminha ou Ellen no Rio e elas vinham salvar a pátria. Falam todas ao mesmo tempo. Cada uma tem sua história para contar. Carmélia Alves arregala o olho e pergunta - "Você sabia que sou uma assassina?" Lembra do sujeito que assistia a um show numa boate e que disse: "Carmélia, você me mata com seus baiões!" e morreu de verdade, fulminado por um ataque. A história, contada agora, é tragicômica, mas foi um horror. Carmélia tinha um título e sempre foi o de ‘rainha do baião’, mesmo quando era crooner da boate do Copacabana Palace, frequentada pela nata do café soçaite. O repórter diz que viu o documentário sobre o parceiro de Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira, "O Homem Que Engarrafava Nuvens". E...? "O filme é muito legal, tem vários números seus." Carmélia só cantava Humberto Teixeira ou tinha uma ligação mais calorosa com ele? "O Humberto foi um dos fundadores, com o Jimmy, do Clube da Chave, em Copacabana. Era um irmão!"

Ellen passou pelo Clube do Guri, na Rádio Mauá, pelo programa de calouros de César de Alencar e também pelo famoso Papel Carbono, de Renato Murce, quando passou no teste imitando a diva Heleninha Costa. Tornou-se conhecida do público por ser a intérprete da célebre "Canção das Misses", escrita por Lourival Faissal, para servir de tema do tradicional concurso de Miss Brasil. De todas as cantoras - as rainhas - do rádio, foi a única que teve uma experiência como teleatriz (na Globo), contracenando - acreditem! - com Fernanda Montenegro e Sergio Britto.

Carminha veio de Belo Horizonte, convidada por um descobridor de talentos que a deixou na mão, mas o lendário Heron Domingues a ouviu cantar e o resto é história. Carminha foi parar no elenco da Rádio Nacional.

Seu filho, o saxofonista Raul Mascarenhas Jr., casou-se com Fafá de Belém. Tiveram a filha Mariana. Carminha fala na neta, também cantora, que incorporou o repertório das divas do rádio.

Todas passaram pelas chanchadas da Atlântida, fingindo que cantavam na tela. "O disco tocava numa vitrola e, às vezes, a agulha emperrava", lembra Carmélia. Cantoras do Rádio é outra coisa. Outra fase da carreira delas, outra fase do próprio cinema brasileiro. O filme é uma apaixonada declaração de amor às eternas cantoras do rádio. Onde vão, há um numeroso público de terceira idade, mas existem também os jovens, que cantam com elas e as reverenciam. É por isso que, quando falam da Rádio Nacional, sentem saudade, mas não tristeza. ( do blog Bem Paraná)
















Um comentário:

  1. Estou viajando pelo mundo em busca de novidades. Seu espaço é muito interessante. Pena que o meu "lention" não carregue vídeos do youtube, Voltarei com mais calma, já marquei o meu território.
    Fique na Paz !
    Saudações Florestais !
    EU VOLTO.

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