quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Chico Buaque - Joana Francesa - Jeanne Moreau




Jeanne Moreau está no Rio para o festival de Cinema
o texto ( copiado do Bahia em Pauta) é da jornalista Maria Olívia



Moreau, Filha de Iansã
Maria Olívia
Convidada de honra do Festival de Cinema do Rio, que acontece na Cidade Maravilhosa, a atriz francesa Jeanne Moreau, de 81 anos, disse que descobriu sua afinidade com o candomblé : Minhas cores são o azul e o branco.
A atriz – que teve o privilégio da amizade dos escritores Jean Genet, Marguerite Duras, Henrry Miller e Anais Nin, e inspirou Orson Welles, Truffaut, Antonioni, Buñuel, Werner Fassbinder e Toony Richardson (com quem foi casada) – ainda guarda com carinho na memória a imagem de Dona Maria, a senhora que a hospedou numa fazenda durante as filmagens de Joanna Francesa (1975), longa que o diretor Cacá Diegues rodou no interior de Alagoas, há trinta anos, no verão de 73/ 74.
“Ela me lembrou muito uma das mulheres mais importantes da minha vida, minha avó, que eu chamava de Memé. Quando eu era pequena ela falava para mim: Você não nasceu para ficar atrás das portas, servindo pessoas. Cuide para que não morras uma idiota, viu?…Pois é, a grande estrela do cinema e teatro franceses aprendeu a lição da avó, mantendo intacto seu interesse pelas coisas e pessoas a sua volta. Exemplo : tem devorado, como criança, os inúmeros livros sobre a história e a cultura do Brasil que encontrou no apartamento do cônsul da França, no bairro do Flamengo, onde ela está hospedada.
“Estou aprendendo coisas maravilhosas sobre o país. Entendo minha ligação com o Brasil, embora tenha passado quatro meses aqui e nunca mais ter voltado. Todos esses diferentes povos invadiram o Brasil e aqui ainda falam a mesma língua…Na França, um país muito menor, temos os britânicos, os bascos, todos querem ser independentes, ter a própria língua – disse Moreau, enquanto tragava um cigarrinho, ao repórter Carlos Heli de Almeida, do Jornal do Brasil. E a religião?, perguntou o repórter do JB. O candomblé pegou todos os santos católicos. Sou filha de Iansã, minhas cores são azul e branco.
Os vários compromissos que se acumulam na agenda, a impedem de concluir um projeto antigo, o de escrever um livro de memórias. Culpa também a falta de disciplina e sua admiração pelos grandes escritores, “gente que respeito muito e cuja genialidade não quero comprometer”.
- Ainda pretendo concluir minhas memórias, sim. O tempo passa e espero que minha força de vontade coincida com minhas intenções. Não escreverei algo tradicional, do início ao fim, porque reajo ao que acontece ao mundo a minha volta, que está sempre mudando. Tome como exemplo o cinema. Nos anos 60, os diretores queriam enteder este mistério chamado mulher. É uma deusa, uma puta ? Hoje é tudo sexo físico. Não se usam mais palavras como voluptuosa ou sensual. Tudo se resume a trepar.

Maria Olivia é jornalista

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