terça-feira, 24 de março de 2009

Sarah Vaughan

Em 1970, eu era estagiária da assessoria de imprensa do antigo aeroporto internacional do Galeão. Naquele tempo não havia os corredores sanfonados para se chegar às portas dos aviões. Íamos a pé em direção às aeronaves. Era comum que eu, ao ser incumbida de reportar uma das tantas personalidades que por ali transitavam, fosse esperar na pista e me dirigisse à escada móvel colocada especialmente para que os passageiros subissem ou descessem. Numa tarde de temperatura amena, a diva Sarah Vaughan apontou no alto da escadaria e acenou. Tinha na cabeça um lindo chapéu de palha branca, e o fotógrafo que me acompanhava,colega da agências de notícias, pôs-se a disparar o filme na busca de melhores ângulos da artista.

Nesse momento, houve uma lufada de vento. O chapéu voou da cabeça de Sarah e eu visualizei o trajeto volteado do objeto leve pelo ar, em minha direção. Assim que ele ficou ao alcance das minhas mãos, peguei-o, sob o sorriso agradecido da estrela norte americana, a quem entreguei a peça que compunha sua elegância, enquanto ensaiei algumas perguntas sobre a temporada no Rio de Janeiro, ao caminharmos para a alfândega. Ela iria se apresentar na TV Tupi no programa de Wilson Simonal, onde cantaram juntos "Oh happy day".

Seu sorriso e voz forte me marcaram bastante, porque a diva Sarah, expoente do canto de jazz, mostrava-se curiosa sobre o Brasil onde veio se apresentar por pouco tempo.

O chapéu esvoaçante ainda hoje é, para mim, a lembrança de uma figura expressiva de mulher negra e cantora, que aprendi a gostar e ouvir por décadas, desde que a conheci, pessoalmente. Trago então Sara Vaughan para vocês, no blog, sem chapéu.
Aparecida Torneros



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