Retornar das cinzas...
por Maria Aparecida Torneros da Silva Publicada em 10/08/2005
Retornar das cinzas...
dormiu com o sonho de alguma felicidade
onde as verdades?
acordou sem a realidade, buscou-a...
tanto cheiro de pólvora e enxofre, o nariz torceu...
ali estava ela, ao seu lado, a mulher de recados...
quem sabe trazia a boa nova que tanto precisava?
quem seria aquela a lhe reinjetar oxigênio agora?
acariciou seu dorso, as protuberâncias, a pele quente...
ainda ardia dentro dele o fogo da memória,
apesar do sentimento consumado, tendo vivido o fim,
aquele peito a subir e a descer na sua frente...
onde as razões?
era, de fato, o retornar das cinzas, era sim...
a boa bruxa, cansada embora, mostrava a vitória,
inesperadamente, o incentivo e a esperança,
corpo refeito, ele ressuscitaria em outra história...
onde os dissabores?
quem vivera tal injusta morte, merecia nascer,
devia ter o direito de respirar e lutar, em liberdade,
ali mesmo, naquele chão da pátria, beijou a terra,
abraçou a companheira...chamada luta,
se ungiu de céu e ventos...
onde os perdões?
voltou à vida... e chorou como um menino,
aconchegado no calor de grande saudade,
sabendo-se reconduzido ao seu lugar, seu ninho...
onde os amores?
ajeitou seu tempo adaptando seus momentos,
a cada espaço de sofrer, juntou a luz de um carinho,
surpreendeu-se com a alegria branda, a recompensa...
morreu com a impiedade da injustiça e da maldade,
despertou-lhe o sol... salvou-lhe a garra...
onde as ilusões do paraíso novo?
bem aqui, dentro de si mesmo, com profundidade..
doravante, homem e infante, soldado do amor...
cavaleiro andante, samurai da guerra,
guerreiro da paixão, paladino do prazer,
defensor da justa causa, honrado tribuno,
saberia o quanto era preciso morrer e renascer,
infinitas vezes, bem junto da sua força interior...
sempre soubera que ela ali estava,
era mesmo ela, ele a reconhecia, severa e terna,
capaz de ressurgir no corpo e na palavra,
viu-se renascido nela: sua alma eterna...
cida torneros
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Da suavidade do seu sussurro...
>
>Sibilando que nem vento morno,
>como se fora um aconchego,
>um xamego brando, um sentido solto,
>como aquele ronronar de gato manhoso em almofada fofa,
>sua voz mansa resvalou como pluma no meu ouvido calmo...
>
>Sintonizando a leveza de um encanto, um algodão,
>um toque sentido e lento na alma enebriada,
>eis que seu sussurro me adentrou em ondas
>de carinho, de sentimento, de amor e doação...
>
>Solfejando a música do espírito domado pela paz
>veio até mim sua palavra doce, e me tornou sua refém...
>Uma penumbra ocultou de mim a causa...
>Aí, entreguei-me ao efeito e soletrei baixinho: amém...
Aparecida Torneros
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