O TELEFONEMA DE OUTUBRO
Quando atendi o telefone, de pronto, não tinha reconhecido a voz. Mas, a ficha caiu e era ele, depois de 10 meses, me ligando da França. Novamente, senti que a história teima em recomeçar. Mas estou me preparando para fazer nova cirurgia, amanhã. Gostei de ouvir sua voz e suas palavras que julgo serem verdadeiras. A vida é mesmo assim. Prefiro crer, em lugar de duvidar. E fizemos planos durante a conversa. Quem sabe passo o inverno rigoroso por lá daqui a alguns meses. Talvez ele venha antes. Nada combinado. Um gosto de vida que segue e me abraça que eu gosto.
Palavras e respiração ofegante. O sentimento do mundo enquanto os anos passam. Desde 2009, somos amigos, definamos assim. A história ainda não acabou e a cada recomeço, somos novas criaturas. 2014 nos reservou um encontro em janeiro e um telefonema em outubro.
Ah, como o coração pode ter razões que a propria razão desconhece?
Melhor viver e não questionar muito. Deixar correr.
Cida Torneros
Cida Torneros: Vida que segue, Ano novo, bienvenue chez moi!
Arquivado em (Artigos) por vitor em 31-12-2013 22:44
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CRÔNICA
Vidas cruzadas e descruzadas
Maria Aparecida Torneros
Talvez eu misture os tempos, agora, porque me é permitido. Historias de Vidas que talvez se tenham cruzado e descruzado, no embaraço dos dias e noites atravessando décadas. Um menino de 16 anos se viu em Paris no final dos anos 60. O irmão mais velho trabalhava com um grupo de lambada, ele partiu curioso, deixou o Brasil pra trás. Foi ser artesão, hippie que viajava até Saint Tropez, vendia bijus, pegava caronas. Uma jovem sonhava com ideais de democracia e ia nas passeatas. Estudavz, lia muito, queria trabalhar, sonhava com um Brasil sem ditadura. Em 68, ela acompanhava as barricadas dos estudante e vibrava. O jovem estava lá e entendia pouco do que se passava. Mas a vida se encarregou de puxa-lo a um destino de construir família francesa. Fixou-se po lá, foi trabalhar na Peauget, as tres filhas cresceram, seus pais portugueses ficaram e estão aqui, no Brasil, Rio de Janeiro. Neste dezembro, a mãe completou 80 e o pai tem 85. Ele vem visita-los sempre que pode. Divorciado há muitos anos, pensa em se aposentar e viver mais no Rio. Uma história de gente com sangue emigrante. Gente que sai, que busca, que se aventura. Ela o conheceu em 2009, em Paris, lá se vão quase 5 anos, perderam-se, já passaram dos 60 e a vida é feita de lucros em termos de sentimentos e perdas pela sua propria natureza finita. Ambos sabem. Estao cientes da efemeridade dos encontros da Vida. Mas, acharam-se outravez. Ele chegou no auge do calor de fim de ano, ela o recebe, feliz. Conversam, riem, creem no destino, nao fazem planos, vivem cada dia, estão serenos. Ela exerceu o jornalismo por 40 anos e se aposentou.tem mãe completando 87 por estes dias. Vão virar o ano juntos! Em paz, com alegria. Cada um tem muitas historias de amor para contar. Não se importam, sabem que todos precisamos trazer conosco muitas histórias. Que o tempo as valoriza e as torna parte da nossa lenda pessoal. Estiveram juntos em Paris, 1968, nmpem sabiam, era um encontro de testemunhas. Estiveram tete a tete em Paris, em 2009, tomaram um cafe no Du Flore. Estiveram juntos em Paris, em 20011, em pensamento e lembranças. Nem se viram. Estiveram juntos no Rio, em março de 2013, sem se comunicarem, ele não tinha o telefone novo dela. Estiveram juntos, inusitadamente, de novo, quando ele a encontrou atraves do blog, deixou um coment e ela respondeu. Ontem, ele voltou ao Rio e estiveram juntos num restaurante para almoçar. Hoje, o ano novo virá daqui a algumas horas e eles vão, juntos, saudar a virada em Copacabana. 2014? Mas parece 68. Deve ser 2009. Não, o ano é o do tempo atravessado. Quem somos nós, desfolhando páginas de nossas histórias enquanto os sentimentos surpreendem e arrepiam? Ele vem à minha casa, benvindo, é um ser que me ajudará a passar de ano. Eu o ajudarei a ultapassar o amor humano, somos bons passageiros, imigrantes, viajantes, ciganos, hippies, inquietos amantes das próprias hietorias das nossas vidas andarilhas! Nossos nome de batismo, Maria e Antonio, mas só nos chamamos assim: Marie e Antoine!
Cida Torneros, jornalista e escritora, mora no Rio de Janeiro
Cida Torneros on 1 janeiro, 2014
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