sexta-feira, 16 de maio de 2014

Às vesperas dos 65, mudanças?

Acho que o ato de me fotografar, me olhar de frente, nesta manhã de sexta-feira, maio de 2014, tem a ver com o sentimento corajoso de assumir os 65 que estão chegando em setembro. E, quando setembro vier, que mudanças terei promovido, em minha vida, que possam fazer bem, de um modo geral, a mim, aos que me cercam, e à humanidade? Sou agulha no palheiro, um ser comum, egoísta muitas vezes, rondando o próprio umbigo, com dívidas financeiras, mas, digamos que enfrento os leões apesar de tudo, e se não os venço, pelo menos, os entretenho, ganho tempo, vou sonhando em vencer, algum dia, e ganhar a tal paz que apregoam por aí.  Já tive vaidades bobas, que, à sua época,  pareciam justificáveis.  Maquiagens, mudanças de cor na cabeleira, roupas na moda, sapatos deslumbrantes, bolsas variadas, tudo isso foi perdendo o sentido. Livros continuam a ser objetos amados e desejados. Amores de parceiros, estão num limbo, são desilusões mas também boas lembranças,  muitas vezes. Minha convivência com a velhice avançada da minha mãe ê aprendizado constante, perplexidade, aceitação,  lamento, mas tem seu lado realista, pego suas frases no ar, perdoo seus arroubos revoltosos, acolho minha própria velhice, olho-me no espelho, observo meu rosto nas fotos, vejo os detalhes das mudanças. Melhor que ver é sentir. Sinto as limitações e também as acolho. Terei alcançado o necessário grau de compreensão para o ciclo repetido. Sem medos, afinal, apenas vivendo um dia de cada vez, e, agradecendo tantas chances de recomeço,  tantas mudanças no caminho, de humor e de residência,  de propositos e expectativas,  de  atitudes e de alimentação,  de crenças e de sentidos diante do impermanente estado de coisas que infestam minha cara, no retrato, de algumas manchas na pele, próprias do tempo,  ruguinhas conquistadas com a expressão,  brilho velado em olhos que nao se cansam de reconhecer que as mudanças acontecem para seguir em frente. Cida Torneros

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