quarta-feira, 26 de março de 2014

A SEPARAÇÃO DOS AMANTES

A SEPARAÇÃO DOS AMANTES

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Há muitos anos, quando desfizera um longo casamento, li um livro de um psiquiatra italiano, " A separação dos amantes " , no qual ele analisava a sensação de viuvez que cada rompimento amoroso provoca. O tal vazio de sonhos, a morte de expectativas e os vários graus de dificuldades que algumas pessoas atravessam para superar etapas até se acostumarem a viver sem o convívio dos seres amados.

Há,  segundo o autor, momentos de  retrocesso, do gênero de se tentar voltar atrás apesar de inúmeras impossibilidades, que vão desde a real separação pela morte de um dos  parceiros até o desligamento resultante pelo desgaste de relações  ou ao impedimento de ordem psico moralista que bloqueia por exemplo relacionamentos extra conjugais ou triangulares.

Entretanto, em tempos modernos, de certo modo, passaram a figurar como possibilidades incluidas como normais, por exemplo, os ditos casamentos abertos, e ainda, a  aceitação civil e jurídica que  a homo afetividade conquista nas sociedades que avançam na direção de famílias cuja formação foge aos padrões tradicionais e envelhecidos.

Pareceria uma solução humanamente reconfortante se cada homem ou mulher se desvencilhasse do vício da posse e dos arroubos ciumentos ao exercer o doce êxtase amoroso, sem a preocupação de amarras ou apropriação dos sentimentos alheios que exigem a tal dedicação exclusiva e em tempo integral, numa vida curta, passageira,  ondulante e imprevisível.

Quantos sofrimentos seriam poupados e até crimes passionais evitados na medida que nossas posturas afetivo-sociais fossem formadas para aceitar pessoas e suas diferenciadas visões de mundo, sem que nos atrevéssemos a interferir ou tentar controlar passos, decisões,  gostos, escolhas, etc,    respeitando a liberdade de ser que nossos cônjuges, parceiros, namorados, eventuais seres amados tem direito de exercer, usufruir e decidir de acordo com seus desejos, sentimentos e traços pessoais que os tornam únicas matrizes e jamsis nossas filiais.

Como diz essa canção do Roberto Carlos, se o amor se vai, nossos sentimentos são de tristeza,  instala-se o vazio, sonhamos com a volta, que nem sempre é possível,  mas, se o amor está,  o que se pode e deve fazer é valorizar cada instante de troca feliz, tornar cada momento um prêmio e cada encontro um bem eterno que permanecerá em nossas almas e corações,  como uma tatuagem, marcas de doação,  sorrisos de conquistas,  abraços de aconchego, beijos de amor, paixão,  carinho, e, se houver o adeus, este será pleno de saudades e agradecimentos pelo que tiver sido possível desfrutar de bom, juntos.

Quando um amor se vai, como abandonar totalmente a alegria de te-lo vivido? Se um dia ele, o amor veio, fez morada em nossos sonhos, cresceu dentro de nós,  semeou alegrias e prazeres. Também, pequenos detalhes que inundaram nossos dias e noites de esperanças e tantas vezes nos fizeram lutar junto das criaturas amadas para superar dificuldades, vencer obstáculos,  ultrapassar apreensoes ou até derrotas.

Por que não aceitar então que o amor voe em direção ao infinito, deixando-nos um rastro luminoso de crescimento, o aprendizado saudável de amar sem necessidade de limitar sentidos a parâmetros que sufocam ou tiram o brilho mágico desse dom maravilhoso.

Se o amor se vai, com certeza, leva com ele um pedacinho da gente, mas, em contrapartida, nos lega segredos de felicidades vividas, os tais detalhes tão pequenos de nós dois, aliás,  de nós todos! Aqueles, que nos acompanharão para sempre!

Cida Torneros

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