aqui tem música, poesia, reflexões, homenagens, lembranças, imagens, saudades, paixões, palavras,muitas palavras, e entre elas, tem cada um de vocês, junto comigo... Cida Torneros
sábado, 22 de janeiro de 2011
Que c’est triste Venise Charles Aznavour
Charles Aznavour
Que c’est triste Venise
Au temps des amours mortes
Que c’est triste Venise
Quand on ne s’aime plus
On cherche encore des mots
Mais l’ennui les emporte
On voudrais bien pleurer
Mais on ne le peut plus
Que c’est triste Venise
Lorsque les barcarolles
Ne viennent souligner
Que des silences creux
Et que le cœur se serre
En voyant les gondoles
Abriter le bonheur
Des couples amoureux
Que c’est triste Venise
Au temps des amours mortes
Que c’est triste Venise
Quand on ne s’aime plus
Les musées, les églises
Ouvrent en vain leurs portes
Inutile beauté
Devant nos yeux déçus
Que c’est triste Venise
Le soir sur la lagune
Quand on cherche une main
Que l’on ne vous tend pas
Et que l’on ironise
Devant le clair de lune
Pour tenter d’oublier
Ce qu’on ne se dit pas
Adieu tout les pigeons
Qui nous ont fait escorte
Adieu Pont des Soupirs
Adieu rêves perdus
C’est trop triste Venise
Au temps des amours mortes
C’est trop triste Venise
Quand on ne s’aime plus
Tags: arte, canto, Charles Aznavour, musica, Que c'est triste Venice
1 COMENTÁRIO PARA "Que c’est triste Venise":
Comentado por Maria Aparecida Torneros da Silva em 11/03/2009 - 00:11h:
Tributo a Charles Aznavour!! fui assisti-lo no Vivo Rio…em 2008
Decidi repentinamente. Faltavam 15 minutos para as 8 da noite, de um domingo frio, chuvoso. Meus sentimentos eram de que o show do Aznavour ia começar a alguns quilômetros da minha casa e talvez eu nunca estivesse tão perto dele de novo, pelo menos fisicamente, já que sua canção permanece dentro de mim, há décadas. Mas, um furor tomou-me conta, aprontei-me em 10 minutos, peguei um táxi, rumei para a casa de shows. Cheguei lá e a bilheteira informou-me que acabara de fechar o borderô, era possível ouvir o som da sua voz ecoando no subsolo, onde fica o palco. Meu olhar pedinte, talvez, a sensação de vitoriosa investida para conseguir um lugar na platéia, ou quem sabe, a energia que emanava do artista e me pegava de jeito definitivo, tudo isso fez com que a mulher me vendesse a entrada, e eu corresse para pegar pelo menos uma hora de show.
Sentei na tal fila às escuras e vislumbrei a cabeça branca dele, no traje escuro, emocionando os ouvintes, esbanjando vitalidade. Seguiram-se os clássicos, vi e ouvi o bom Charles cantar La Boheme, Que cest triste Venize, Her encore, Ave Maria, She.
Tentei fotografar e filmar, atrapalhei-me toda, estava mesmo emocionada. A cada aplauso, o sentido da vida desse artista encantador, e seus volteios, quando cantou Dance in the old fashion way, me fizeram respirar profundamente.
O homem capaz de fazer sonhar uma platéia de românticos que se repete no mundo inteiro, nas suas turnês, quando sua missão é dar sentido mesmo ao amor que as pessoas podem se orgulhar de identificar nas melodias, nas palavras e nas almas invadidas pela melhor das ilusões huamanas.
Saí de lá tão leve, tão dona de mim mesma, do meu intenso dom de agradecer mais uma vez à vida, pela oportunidade. Meu coração permanece apaixonado. Sozinha, imaginei que o amor nem precisava me acompanhar, ele estava dentro de mim.
Ao chegar em casa, tratei de me fotografar. Sabia que meu rosto resplandecia a arte do Charles, e meu coração ainda batia ao compasso do último momento. Quando corri à beira do palco e pude ver e fotografá-lo abrindo a cortina para um aceno que flagrei, com imagem inesquecível, incrivelmente próxima, no auge da minha tietagem explícita e da solene busca do olhar que o Charles me lançou sorrindo e eu retribuí chorando. Coisas de fã, evidentemente. Coisas de gente da minha geração que saúda um grande intérprete, com tanta força de viver, exemplo vivo do bem que nossa alma traz latente, ele, aos 84, estava ali e nos encantou, com talento e doação espiritual, a mim , pelo menos, acho que me enfeitou os olhos, apurou os ouvidos e lapidou frases que agora tento pôr pra fora, como torrente de imperativa eloquência para contar que eu fui , vi e ouvi o Charles Aznavour, como um prêmio e um ritual de vida.
Aparecida Torneros
Que c’est triste Venise
Au temps des amours mortes
Que c’est triste Venise
Quand on ne s’aime plus
On cherche encore des mots
Mais l’ennui les emporte
On voudrais bien pleurer
Mais on ne le peut plus
Que c’est triste Venise
Lorsque les barcarolles
Ne viennent souligner
Que des silences creux
Et que le cœur se serre
En voyant les gondoles
Abriter le bonheur
Des couples amoureux
Que c’est triste Venise
Au temps des amours mortes
Que c’est triste Venise
Quand on ne s’aime plus
Les musées, les églises
Ouvrent en vain leurs portes
Inutile beauté
Devant nos yeux déçus
Que c’est triste Venise
Le soir sur la lagune
Quand on cherche une main
Que l’on ne vous tend pas
Et que l’on ironise
Devant le clair de lune
Pour tenter d’oublier
Ce qu’on ne se dit pas
Adieu tout les pigeons
Qui nous ont fait escorte
Adieu Pont des Soupirs
Adieu rêves perdus
C’est trop triste Venise
Au temps des amours mortes
C’est trop triste Venise
Quand on ne s’aime plus
Tags: arte, canto, Charles Aznavour, musica, Que c'est triste Venice
1 COMENTÁRIO PARA "Que c’est triste Venise":
Comentado por Maria Aparecida Torneros da Silva em 11/03/2009 - 00:11h:
Tributo a Charles Aznavour!! fui assisti-lo no Vivo Rio…em 2008
Decidi repentinamente. Faltavam 15 minutos para as 8 da noite, de um domingo frio, chuvoso. Meus sentimentos eram de que o show do Aznavour ia começar a alguns quilômetros da minha casa e talvez eu nunca estivesse tão perto dele de novo, pelo menos fisicamente, já que sua canção permanece dentro de mim, há décadas. Mas, um furor tomou-me conta, aprontei-me em 10 minutos, peguei um táxi, rumei para a casa de shows. Cheguei lá e a bilheteira informou-me que acabara de fechar o borderô, era possível ouvir o som da sua voz ecoando no subsolo, onde fica o palco. Meu olhar pedinte, talvez, a sensação de vitoriosa investida para conseguir um lugar na platéia, ou quem sabe, a energia que emanava do artista e me pegava de jeito definitivo, tudo isso fez com que a mulher me vendesse a entrada, e eu corresse para pegar pelo menos uma hora de show.
Sentei na tal fila às escuras e vislumbrei a cabeça branca dele, no traje escuro, emocionando os ouvintes, esbanjando vitalidade. Seguiram-se os clássicos, vi e ouvi o bom Charles cantar La Boheme, Que cest triste Venize, Her encore, Ave Maria, She.
Tentei fotografar e filmar, atrapalhei-me toda, estava mesmo emocionada. A cada aplauso, o sentido da vida desse artista encantador, e seus volteios, quando cantou Dance in the old fashion way, me fizeram respirar profundamente.
O homem capaz de fazer sonhar uma platéia de românticos que se repete no mundo inteiro, nas suas turnês, quando sua missão é dar sentido mesmo ao amor que as pessoas podem se orgulhar de identificar nas melodias, nas palavras e nas almas invadidas pela melhor das ilusões huamanas.
Saí de lá tão leve, tão dona de mim mesma, do meu intenso dom de agradecer mais uma vez à vida, pela oportunidade. Meu coração permanece apaixonado. Sozinha, imaginei que o amor nem precisava me acompanhar, ele estava dentro de mim.
Ao chegar em casa, tratei de me fotografar. Sabia que meu rosto resplandecia a arte do Charles, e meu coração ainda batia ao compasso do último momento. Quando corri à beira do palco e pude ver e fotografá-lo abrindo a cortina para um aceno que flagrei, com imagem inesquecível, incrivelmente próxima, no auge da minha tietagem explícita e da solene busca do olhar que o Charles me lançou sorrindo e eu retribuí chorando. Coisas de fã, evidentemente. Coisas de gente da minha geração que saúda um grande intérprete, com tanta força de viver, exemplo vivo do bem que nossa alma traz latente, ele, aos 84, estava ali e nos encantou, com talento e doação espiritual, a mim , pelo menos, acho que me enfeitou os olhos, apurou os ouvidos e lapidou frases que agora tento pôr pra fora, como torrente de imperativa eloquência para contar que eu fui , vi e ouvi o Charles Aznavour, como um prêmio e um ritual de vida.
Aparecida Torneros
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Natureza
Natureza
Meu caminho é teu, não sabes, não crês?
Meu carinho é ainda teu, não vês?
Meu sonho é para ti, não percebes?
Meu poema é por ti, não o renegues...
A natureza me fez mulher como as éguas do prado...
E me deu cheiros e sabores estranhos, um fardo,
que carrego com hormônios de semear a terra,
que desdobro em gozos de conceber os frutos,
que acoberto com cada braço que encerra
um recomeço de dia, um alvorecer...
Meu momento de luz é teu, meu sol, minha luz...
Meu tormento é por ti, minha lua, que me induz...
Meu talento é pra ti, doce estrela da manhã,
quando te traio com os pássaros e a eles dou maçã...
A natureza te fez macho para meus deleites e desejos,
mas te deu asas de anjo em corpo de lobo, te deu vôos,
fez de ti um planador alado e risonho, te fez tão alto,
inalcançável até, em tantas vezes nas noites, te assalto,
te roubo a paz, te dou angústias em troca da distância..
Meu caminhar é costurado em atalhos que talho em ânsia
a adorar os campos, cobrir-me de folhas, molhar-me de chuva,
a dançar com pés na terra, agarrar-me às arvores da uva...
Minha estrada é pontilhada de brilhos quando piso a nuvem,
meu corpo é inundado de prazer quando sinto tua penugem,
meus dedos são pequenos e iluminados quando te tocam a alma
Natureza... tu me és o esplender dos deuses...
e se te tenho, nem preciso morrer porque vivo em ti
e transmuto matéria em essência, amor em eternidade calma...
Já não me perturba o fim... ele é apenas transformação
de gente em pó... de pó em gente...
Natureza... tu me invades a gruta da nascente lúdica..
e deixa brotar as águas translúcidas da verdadeira emoção..
Te chegas mais e de ti sinto o conforto pleno e doce,
pelo quanto foi justo ter amado tanto como se eu fosse
capaz de guardar o mundo, de me fazer oferenda e prenda...
Na cerimônia da floresta, só me resta, eu sei,
doar-me ao infinito sentido da natureza em festa...
E , quando as feiticeiras, em sábado feliz , se encontram,
suas vozes entoam o cântico perfeito, elas apontam,
mais caminhos, mais atalhos, mais estradas, mais trilhas,
por onde vamos, nos deixamos ir, por milhas e milhas...
Natureza,
não vês que sigo, não vês que flutuo, não vês que mudo?
Aparecida Torneros
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Elis Regina:a vida sem ela
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CRÕNICA: UMA MULHER
Elis Regina:a vida sem ela
Aparecida Torneros
Os anos 70 me revisitaram, repentinamente, quando li, no Blog Bahia em Pauta, sobre os 29 anos sem a voz ao vivo, de Elis Regina, aquela pimentinha pequenina de arte possante, interpretações magistrais, aquela figurinha risonha e ao mesmo tempo intempestiva, braba e desafiadora, a mesma Elis que nos deixou atrás de uma porta que se fechou pra sempre, sob a viagem de uma droga traiçoeira, que nos roubou de cena criatura tão talentosa, mulher brasileira sintonizada com seu tempo, a Elis que nos ensinou a cantarolar sobre o falso brilhante.
Fomos meninas de “falsos brilhantes” nos dedos, sim, imitação da vida, sonhos hollywoodianos de amores felizes para sempre, atropelando-se na crueza de uma ditadura militar plena de injustiças e freios, escapando-se pelo viés dos festivais da canção, a ponte do respiradouro que as composições musicais representaram diante da repressão, e aquela voz de veludo que se transformava em grito de protesto, o grito dos acorrentados, a nossa Elis nos apontando os neguinhos da estrada, os passos da dança em ritmo de dois pra lá e dois pra cá, o canto dos desesperados por amor verdadeiro, a mesma voz que nos falou como nenhuma outra das águas de março, e nos pôs à prova, com o bêbado e o equilibrista.
Porta-voz de um período de consternação e proclamação dos direitos de ser livre e viver essa liberdade à frente do seu próprio tempo, lá se foi Elis para o trono dos deuses, em dia em que nos doemos nas entranhas, nos sentimos perdidos, e a tarde que caiu sobre nós, se fez noite, nos tornamos bêbados trajando luto, sofrendo não só a sua perda, mas sobretudo, o quanto dali por diante seria a vida sem ela presente.
Dela, ainda bem, ficaram as canções, as gravações, os filmes agora em dvd, e os filhos, por obra e graça, todos ligados à música, e bem talentosos, honrando seu dna e sua memória.
Elis é magestade, ela me deixou mesmo louca e ainda me deixa, quando me ponho a re-ouvir, na sua versão inconfundível, o clássico Fascinação, e é esta interpretação, de 1978, que me traz de volta a menina que fui , como ela, com aqueles cabelos cortados ao estilo Jane Fonda, protestando contra a guerra do Vietnam, sonhando os sonhos mais lindos, na transversal do tempo, emocionada e gravemente atenta a cada nota que sua garganta emite, no milagre da tecnologia que me permite sentir novamente o quanto Elis me fascina ainda, e certamente, o faz com todos os que tem a chance de se deixarem seduzir pelo seu brilho verdadeiro.
De falso, só o brilhante do dedo da menina que dançou nos bailes de formatura, quando era bom imaginar que um dia, quem sabe, ela nos mandaria um recado do tipo :”alô alô, terráqueo, aqui quem fala é Elis Regina, estou morando em Marte, pra varia vocês estão em guerra?”
Pois é, Elizinha, o ser humano tá cada vez mais down no high society, e você tá cada vez mais fascinante no céu das estrelas cujo brilho não se apagará nunca, sabia?
Cida Torneros, jornalista e escritora, mora no Rio de Janeiro, edita o Blog da Mulher Necessária, onde o texto foi originalmente publicado.
CRÕNICA: UMA MULHER
Elis Regina:a vida sem ela
Aparecida Torneros
Os anos 70 me revisitaram, repentinamente, quando li, no Blog Bahia em Pauta, sobre os 29 anos sem a voz ao vivo, de Elis Regina, aquela pimentinha pequenina de arte possante, interpretações magistrais, aquela figurinha risonha e ao mesmo tempo intempestiva, braba e desafiadora, a mesma Elis que nos deixou atrás de uma porta que se fechou pra sempre, sob a viagem de uma droga traiçoeira, que nos roubou de cena criatura tão talentosa, mulher brasileira sintonizada com seu tempo, a Elis que nos ensinou a cantarolar sobre o falso brilhante.
Fomos meninas de “falsos brilhantes” nos dedos, sim, imitação da vida, sonhos hollywoodianos de amores felizes para sempre, atropelando-se na crueza de uma ditadura militar plena de injustiças e freios, escapando-se pelo viés dos festivais da canção, a ponte do respiradouro que as composições musicais representaram diante da repressão, e aquela voz de veludo que se transformava em grito de protesto, o grito dos acorrentados, a nossa Elis nos apontando os neguinhos da estrada, os passos da dança em ritmo de dois pra lá e dois pra cá, o canto dos desesperados por amor verdadeiro, a mesma voz que nos falou como nenhuma outra das águas de março, e nos pôs à prova, com o bêbado e o equilibrista.
Porta-voz de um período de consternação e proclamação dos direitos de ser livre e viver essa liberdade à frente do seu próprio tempo, lá se foi Elis para o trono dos deuses, em dia em que nos doemos nas entranhas, nos sentimos perdidos, e a tarde que caiu sobre nós, se fez noite, nos tornamos bêbados trajando luto, sofrendo não só a sua perda, mas sobretudo, o quanto dali por diante seria a vida sem ela presente.
Dela, ainda bem, ficaram as canções, as gravações, os filmes agora em dvd, e os filhos, por obra e graça, todos ligados à música, e bem talentosos, honrando seu dna e sua memória.
Elis é magestade, ela me deixou mesmo louca e ainda me deixa, quando me ponho a re-ouvir, na sua versão inconfundível, o clássico Fascinação, e é esta interpretação, de 1978, que me traz de volta a menina que fui , como ela, com aqueles cabelos cortados ao estilo Jane Fonda, protestando contra a guerra do Vietnam, sonhando os sonhos mais lindos, na transversal do tempo, emocionada e gravemente atenta a cada nota que sua garganta emite, no milagre da tecnologia que me permite sentir novamente o quanto Elis me fascina ainda, e certamente, o faz com todos os que tem a chance de se deixarem seduzir pelo seu brilho verdadeiro.
De falso, só o brilhante do dedo da menina que dançou nos bailes de formatura, quando era bom imaginar que um dia, quem sabe, ela nos mandaria um recado do tipo :”alô alô, terráqueo, aqui quem fala é Elis Regina, estou morando em Marte, pra varia vocês estão em guerra?”
Pois é, Elizinha, o ser humano tá cada vez mais down no high society, e você tá cada vez mais fascinante no céu das estrelas cujo brilho não se apagará nunca, sabia?
Cida Torneros, jornalista e escritora, mora no Rio de Janeiro, edita o Blog da Mulher Necessária, onde o texto foi originalmente publicado.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Marcas
Cida Torneros
Marque em mim sua assinatura forte
Marque a sorte
Marque o sim
Marque o Brasil de nós
A terra, a falta, o fogo,
Aproveita, esquenta o jogo
Que vamos jogar a sós...
Marque na noite de lua cheia
Para sempre, na sua alma,
O eterno amor que incendeia,
O gozo perfeito que acalma.
Marque ainda em cada linha
Do corpo quente, o ponto certo
Da sua fugaz, efêmera, pequenininha
Sombra de paixão por perto...
Marcando sem ferir, entretanto,
Seu jeito doce invade e cobre,
Penetrando toda carne tremulante,
Alisando cada parte mais nobre.
Marcas, vai deixando, criatura,
De amor, de posse, sentimento,
Queira ou não sua textura
De macho teso procura este momento.
A marca maior do sêmen liberado
Pela espécie, procriação, glória, vida,
O prazer de haver conquistado
Um pequeno mundo, a amada querida.
Marque muito mais, que isso ela deseja,
Não se apiede, assine tudo,
Escreva nome, endereço, o que enseja
Não ter resposta, se surpreender mudo.
Marcas ficarão, agora você compreende,
Mesmo que a vida os afaste,
O tempo os carregue,
Porque o grande encontro, este só depende,
Do coração, nada mais, portanto não o renegue...
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Agora eu entendo a canção "cry me a river"...
Sempre me emocionei com as várias interpretações da canção american "Cry Me a River", mas alguma coisa nela fazia pouco sentido em mim, era como se chorar um rio inteiro não fosse coisa humana, um feito improvável e impossível, metáfora permitida ao jazz, ao romance, à fantasia dos apaixonados, era como eu encarava seu conteúdo.
Apesar de sentir arrepios com as versões que nos chegaram ao longo de décadas nas vozes de cantores e cantoras maravilhosas, no meu universo sonoro, ficava o espaço vazio para o sentimento pleno do que seria chorar um rio...
Mas agora, quando tenho acompanhado os dados, imagens e histórias sobre a catástrofe da região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, um misto de certeza e constatação me inundou como as cheias inundaram os vales, as lágrimas da natureza se misturaram aos prantos humanos, minhas muitas lamúrias, minhas dores compartilhadas, meus parcos estudos e alguma experiência com gestão ambiental, os anos em que trabalhei na SERLA (superintentência de rios e lagoas do RJ), tudo se direcionou para o grande curso caudaloso da fúria que o desespero fez descer das montanhas.
Todos estamos chorando um imenso rio de devastação e de incompetência, entre os corpos vemos que vão deslizando os feitos e construções que os homens consideravam seguros, desrespeitando as leis da geomorfologia, que tentam proteger o ambiente.
Assim, operação de resgate em clima de guerra, uma guerra travada pela força do elemento natural, na sua majestosa grandeza e sapiência, a despeito da ocupação desordenada e flagrantemente devastadora das enconstas e áreas pretensamente inabitáveis, por sua própria condição geográfica, para a qual se fez ouvidos de mercador, fecharam-se os olhos das autoridades competentes, acomodaram-se os legisladores locais, os fiscalizadores dos poderes públicos, coniventes estiveram com o "deixa pra lá" acomodativo e garimpador de votos ou benesses a um povo que desconhece tecnologia ou geografia, mas que pressente e vive sua pobreza e sua condição de habitante das encostas, das áreas de risco, com apego aos seus pequenos pertences, e o amor à vida, à luta pela sobrevivência, imbuído de uma generosidade intensa mesmo nos momentos trágicos que sua história registra.
Bombeiros, voluntários, desalojados, desabrigados, órfãos da catástrofe, equipes de resgate, as forças armadas, os médicos e para médicos, as doações em toneladas, a solidária mão dos irmãos que choram o mesmo rio que escorre engrossado pelas chuvas, carregando tudo o que encontra pela frente. Choramos um rio que transborda emoções represadas, angústias recorrentes, esperanças realimentadas, choramos um rio que requer respeito às suas faixas marginais de proteção, um rio de porte inesperadamente avassalador que carrega construções, automóveis,pontes, destrói avenidas, abre fendas em estradas, desafia o homem que desafiou a natureza sem observar tantos senões e regras que poderiam minimizar ou até evitar tamanho espetáculo digno de filme de terror, daqueles de efeitos tecnicistas típicos do cinema dantesco norte-americano.
Entretanto, o filme é real, a dor é verdadeira, as histórias são concretas, as soluções urgem, os planejamentos precisam ser refeitos, os governos necessitam repensar suas ações, a população deve ser conscientizada, os mortos dignamente enterrados e em sua homenagem, precisamos evitar a repetição sistemática de fatos assim, todos os verões tropicais nas serras brasileiras, nas tais serras que atraem turistas para suas pousadas e seu clima ameno.
Seu desenvolvimento não é e não tem sido rigidamente acompanhado, um pecado de todos, tanto os que comandam, como os que são comandados, porque ao nos omitirmos, também lavamos as mãos e deixamos correr frouxo o que pode eclodir em dilúvio, tragédia, catástrofe, fazendo-nos literalmente chorar um rio de lágrimas, e chorar junto com a natureza, pois ela é que abriu o berreiro, agredida e aviltada, sulcada em sua entranha, desvirtuada em seu desenho nem tão misterioso. Os solos são objeto de estudo de vários profissionais brasileiros, temos tecnologia e dominamos a engenharia de ponta, sabemos que o Brasil tem capacidade para gerenciar sua terra, seus rios, suas montanhas, e por que estamos chorando nosso rio nesses últimos dias?
Volto ao conteúdo da canção, ouço a Mãe Natureza dizer que chora agora porque nós a fizemos chorar... antes... Quando pudermos enxugar as lágrimas da Região Serrana, será a hora de recomeçar um novo tempo, uma frente técnica e política seriamente envolvida com a dignidade humana, muito mais do que com o descaso não mais fechando os olhos para as condições seguras de habitação que o nosso povo merece alcançar, para não chorar tantos rios assim, em águas de janeiro, fevereiro ou março, nunca mais...
Cida Torneros
En
Cry Me a River
Now you say you're lonely
You cry the whole night through
Well, you can cry me a river, cry me a river
I cried a river over you
Now you say you're sorry
For bein' so untrue
Well, you can cry me a river, cry me a river
I cried a river over you
You drove me, nearly drove me out of my head
While you never shed a tear
Remember, I remember all that you said
Told me love was too plebeian
Told me you were through with me and
Now you say you love me
Well, just to prove you do
Come on and cry me a river, cry me a river
I cried a river over you
I cried a river over you
I cried a river over you
I cried a river over you
Cry Me a River (Tradução)
Agora você diz que está solitário
Você chora a noite inteira
Bem, você pode chorar-me um rio, chorar-me um rio
Eu chorei um rio sobre você
Agora você diz que sente muito
Por ter sido tão falso
Bem, você pode chorar-me um rio, chorar-me um rio
Eu chorei um rio sobre você
Você me levou, quase me levou à loucura
E você sequer derramou uma lágrima
Lembre-se, lembre-se de tudo que você disse
Disse-me que o amor era plebeu demais
Disse-me que estava cansado de mim
Agora você diz que me ama
Bem, para provar que sim
Venha e chore-me um rio, chore-me um rio
Eu chorei um rio sobre você
Eu chorei um rio sobre você...
Eu chorei um rio sobre você...
Eu chorei um rio sobre você...
Apesar de sentir arrepios com as versões que nos chegaram ao longo de décadas nas vozes de cantores e cantoras maravilhosas, no meu universo sonoro, ficava o espaço vazio para o sentimento pleno do que seria chorar um rio...
Mas agora, quando tenho acompanhado os dados, imagens e histórias sobre a catástrofe da região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, um misto de certeza e constatação me inundou como as cheias inundaram os vales, as lágrimas da natureza se misturaram aos prantos humanos, minhas muitas lamúrias, minhas dores compartilhadas, meus parcos estudos e alguma experiência com gestão ambiental, os anos em que trabalhei na SERLA (superintentência de rios e lagoas do RJ), tudo se direcionou para o grande curso caudaloso da fúria que o desespero fez descer das montanhas.
Todos estamos chorando um imenso rio de devastação e de incompetência, entre os corpos vemos que vão deslizando os feitos e construções que os homens consideravam seguros, desrespeitando as leis da geomorfologia, que tentam proteger o ambiente.
Assim, operação de resgate em clima de guerra, uma guerra travada pela força do elemento natural, na sua majestosa grandeza e sapiência, a despeito da ocupação desordenada e flagrantemente devastadora das enconstas e áreas pretensamente inabitáveis, por sua própria condição geográfica, para a qual se fez ouvidos de mercador, fecharam-se os olhos das autoridades competentes, acomodaram-se os legisladores locais, os fiscalizadores dos poderes públicos, coniventes estiveram com o "deixa pra lá" acomodativo e garimpador de votos ou benesses a um povo que desconhece tecnologia ou geografia, mas que pressente e vive sua pobreza e sua condição de habitante das encostas, das áreas de risco, com apego aos seus pequenos pertences, e o amor à vida, à luta pela sobrevivência, imbuído de uma generosidade intensa mesmo nos momentos trágicos que sua história registra.
Bombeiros, voluntários, desalojados, desabrigados, órfãos da catástrofe, equipes de resgate, as forças armadas, os médicos e para médicos, as doações em toneladas, a solidária mão dos irmãos que choram o mesmo rio que escorre engrossado pelas chuvas, carregando tudo o que encontra pela frente. Choramos um rio que transborda emoções represadas, angústias recorrentes, esperanças realimentadas, choramos um rio que requer respeito às suas faixas marginais de proteção, um rio de porte inesperadamente avassalador que carrega construções, automóveis,pontes, destrói avenidas, abre fendas em estradas, desafia o homem que desafiou a natureza sem observar tantos senões e regras que poderiam minimizar ou até evitar tamanho espetáculo digno de filme de terror, daqueles de efeitos tecnicistas típicos do cinema dantesco norte-americano.
Entretanto, o filme é real, a dor é verdadeira, as histórias são concretas, as soluções urgem, os planejamentos precisam ser refeitos, os governos necessitam repensar suas ações, a população deve ser conscientizada, os mortos dignamente enterrados e em sua homenagem, precisamos evitar a repetição sistemática de fatos assim, todos os verões tropicais nas serras brasileiras, nas tais serras que atraem turistas para suas pousadas e seu clima ameno.
Seu desenvolvimento não é e não tem sido rigidamente acompanhado, um pecado de todos, tanto os que comandam, como os que são comandados, porque ao nos omitirmos, também lavamos as mãos e deixamos correr frouxo o que pode eclodir em dilúvio, tragédia, catástrofe, fazendo-nos literalmente chorar um rio de lágrimas, e chorar junto com a natureza, pois ela é que abriu o berreiro, agredida e aviltada, sulcada em sua entranha, desvirtuada em seu desenho nem tão misterioso. Os solos são objeto de estudo de vários profissionais brasileiros, temos tecnologia e dominamos a engenharia de ponta, sabemos que o Brasil tem capacidade para gerenciar sua terra, seus rios, suas montanhas, e por que estamos chorando nosso rio nesses últimos dias?
Volto ao conteúdo da canção, ouço a Mãe Natureza dizer que chora agora porque nós a fizemos chorar... antes... Quando pudermos enxugar as lágrimas da Região Serrana, será a hora de recomeçar um novo tempo, uma frente técnica e política seriamente envolvida com a dignidade humana, muito mais do que com o descaso não mais fechando os olhos para as condições seguras de habitação que o nosso povo merece alcançar, para não chorar tantos rios assim, em águas de janeiro, fevereiro ou março, nunca mais...
Cida Torneros
En
Cry Me a River
Now you say you're lonely
You cry the whole night through
Well, you can cry me a river, cry me a river
I cried a river over you
Now you say you're sorry
For bein' so untrue
Well, you can cry me a river, cry me a river
I cried a river over you
You drove me, nearly drove me out of my head
While you never shed a tear
Remember, I remember all that you said
Told me love was too plebeian
Told me you were through with me and
Now you say you love me
Well, just to prove you do
Come on and cry me a river, cry me a river
I cried a river over you
I cried a river over you
I cried a river over you
I cried a river over you
Cry Me a River (Tradução)
Agora você diz que está solitário
Você chora a noite inteira
Bem, você pode chorar-me um rio, chorar-me um rio
Eu chorei um rio sobre você
Agora você diz que sente muito
Por ter sido tão falso
Bem, você pode chorar-me um rio, chorar-me um rio
Eu chorei um rio sobre você
Você me levou, quase me levou à loucura
E você sequer derramou uma lágrima
Lembre-se, lembre-se de tudo que você disse
Disse-me que o amor era plebeu demais
Disse-me que estava cansado de mim
Agora você diz que me ama
Bem, para provar que sim
Venha e chore-me um rio, chore-me um rio
Eu chorei um rio sobre você
Eu chorei um rio sobre você...
Eu chorei um rio sobre você...
Eu chorei um rio sobre você...
domingo, 16 de janeiro de 2011
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Quando resolvi olhar por tras das lentes...
Quando resolvi olhar por trás das lentes...
vi que vc era mais feio e mais magro...
vi que em torno de mim havia uma aura de mentiras...
entendi que o sul estava destorcido e o norte entortado...
percebi um vulto enevoado sobre a sua cabeça, era a dor do amor...pensei...até
e ajustei melhor os graus dos óculos, queria enxergar o azul do céu, nublado...
Depois, acomodei os olhos ao novo ângulo para sensibilizar retinas e coração...
E...por incrível que pareça, surgiu um homem verdadeiro, perdido na imensidão...
Perdoei sua miragem, afugentei suas desculpas, aceitei seu destino alado...
Deixei que voasse ao encontro de quem quer que seja, porque a vida é isso mesmo...
Um grande vôo, e cada pássaro é um anjo que busca amar e ser amado...
Fixei melhor minha visão e vi você, se dirigindo a mim, quase ao meu lado...
Não o mandei embora, só o abracei, porque nada é eterno, e vi sua alma linda,
através das lentes do tempo, do vento, do momento, do alento e da saudade...
Cida Torneros
vi que vc era mais feio e mais magro...
vi que em torno de mim havia uma aura de mentiras...
entendi que o sul estava destorcido e o norte entortado...
percebi um vulto enevoado sobre a sua cabeça, era a dor do amor...pensei...até
e ajustei melhor os graus dos óculos, queria enxergar o azul do céu, nublado...
Depois, acomodei os olhos ao novo ângulo para sensibilizar retinas e coração...
E...por incrível que pareça, surgiu um homem verdadeiro, perdido na imensidão...
Perdoei sua miragem, afugentei suas desculpas, aceitei seu destino alado...
Deixei que voasse ao encontro de quem quer que seja, porque a vida é isso mesmo...
Um grande vôo, e cada pássaro é um anjo que busca amar e ser amado...
Fixei melhor minha visão e vi você, se dirigindo a mim, quase ao meu lado...
Não o mandei embora, só o abracei, porque nada é eterno, e vi sua alma linda,
através das lentes do tempo, do vento, do momento, do alento e da saudade...
Cida Torneros
AMORES TRAPACEIROS
CRÔNICA/ SENTIMENTOS
AMORES TRAPACEIROS
Maria Aparecida Torneros
A noite, em Copacabana, era momento de brinde, muito chope rolando, na Avenida Atlântica, um mesmo restaurante de tantos anos, o grupo de amigos festejando o final do ano, a cada tim-tim, repetíamos: ao Amor!! e assim foi, por horas, quando já, na madrugada, voltando pra casa, o som da palavra “amor” reverberava dentro de mim… Amor, quantas vezes teremos provado de suas trapaças, e, porque, num processo freudiano, tendemos a reprisar comportamentos que julgamos, sob o ponto de vista racional, que beiram a estupidez, ou se alicersam em jogadas trapaceiras?
Pois dormi pensando nisso. Acordei pensando nisso. Fiz um balanço oportuno, desses que costumamos nos dar o direito íntimo de fazer na época de Boas Festas, lembrei de amores de uma vida inteira, lembrei de amores de novela, amores de cinema, amores de literatura, amores trágicos, amores passionais, amores que justificaram crimes, amores que propiciaram poder, amores que se perderam, amantes que viveram comédias, que se enganaram mutuamente, amantes que se amaram a si mesmos, usando o outro apenas como espelhos para sua sede narcisista, amantes que se doaram e renunciaram para deixar que seus parceiros seguissem livres e pudessem tentar novos rumos em busca da tal felicidade.
Aí, uma canção melosa, antiga, bem latina, bem nostálgica, me veio na memória, dos tempos em que eu editava um jornal espanhol e o cantor Julio Iglesias estava no auge da sua carreira. Ele veio ao Brasil, no início dos anos 80, eu participei de uma entrevista coletiva sua, em São Paulo, o homem jogava charme em todas as direções, tinha um marketing perfeito para vender o tal amor trapaceiro.
A letra da música, que ele também gravou em português, ressurgiu em mim, como um troféu para “amantes” , os tais que são estúpidos, se deixam levar por impulsos, vão no olho do furacão, se embrenham no vendaval, atores em cena, buscando representar e voar enquanto a vida segue em meio a desencontros, afastamentos, saudades arrefecidas, vidas divididas, e, na maturidade, um dia, vem o final do ano, chegam os tais pensamentos que nos fazem sentir o quanto fomos ( e somos) estúpidos, em conceituar e viver certos amores trapaceiros. Um inconsciente sado-masoquista, quem sabe, proporcionado por um mundo imaginário, o lugar das “briguinhas” por amor, mas o tempo, impiedoso, ultrapassando o orgulho, a questão de sofrer por amor, como se isso fosse uma regra básica para que a felicidade nos inundasse, e, de repente, vemos que tudo poderia ter sido diferente.
“Se eu pudesse a vida mudar”, prega o cantante, como uma chicotada da saudade, numa atitude impensável, e ainda assim, tão trapaceira e marketeira, como se o lamento por tudo que se passou, essa maneira de julgar sentimentos como se eles fossem deveres legalizados, estivessem escritos não nas estrelas, mas no código civil, conferindo à loucura da paixão um lugar inconcebível, onde coubesse razão em lugar de impulso.
Não há como voltar atrás, os amores vividos, quase sempre tiveram sua dose de trapaça consentida, faz parte do jogo, é lícito e legal sentir ciúmes, provocar também, brigar e reconciliar, ter saudades e reencontrar-se com o amor, numa rodada de chope, ainda que seja num brinde que vira mantra… Repetir o tim-tim ao amor, permitir que ele se reverbere internamente, que sua meladeira contagiosa nos inunde de muitas saudades, muitas lembranças, espelhos do tempo estradeiro, coisas fortes entranhando memórias, espaços feridos de corações amadores, aprendizes de jogadas que deviam se transformar em golpes de mestre, mas que, no fundo, não passaram de “blefes”, ou melhor, podem ser classificadas como tentativas cujos acertos ou erros, não nos cabe juízo de valor, justamente agora, se não há como ” poder mudar a vida”.
Então, mais prudente, honesto, saudável, é olhar para a frente, seguir vivendo, amando, aprendendo a vencer novos amores trapaceiros, fingir que tudo será diferente, prometer-se uma isenção quase alienada, comprometer-se com a paz de uma alma amante da emoção, pronta para voar como gaivotas sobre mares imensos, disposta a enveredar pelas artimanhas dos grandes encontros, sem dispensar a malícia e o sabor passageiro dos pequenos arremedos do bendito amor…
Feliz final de ano para os amores, todos, os trapaceiros, principalmente, porque é deles o enredo que move a indústria cinematográfica, a produção literária, a poesia , a música, a pintura, a escultura, sua saga inunda o planeta, com arte e ilusão, passemos pois à contagem regressiva, vamos saudar o amor, eu e tu, como na velha canção melosa que a voz do cantante latino trouxe de volta ao meu “coração vagabundo”. Tim-tim!
Cida Torneros, jornalista e escritora, mora no Rio de Janeiro, onde edita o Blog da Mulher Necessária
AMORES TRAPACEIROS
Maria Aparecida Torneros
A noite, em Copacabana, era momento de brinde, muito chope rolando, na Avenida Atlântica, um mesmo restaurante de tantos anos, o grupo de amigos festejando o final do ano, a cada tim-tim, repetíamos: ao Amor!! e assim foi, por horas, quando já, na madrugada, voltando pra casa, o som da palavra “amor” reverberava dentro de mim… Amor, quantas vezes teremos provado de suas trapaças, e, porque, num processo freudiano, tendemos a reprisar comportamentos que julgamos, sob o ponto de vista racional, que beiram a estupidez, ou se alicersam em jogadas trapaceiras?
Pois dormi pensando nisso. Acordei pensando nisso. Fiz um balanço oportuno, desses que costumamos nos dar o direito íntimo de fazer na época de Boas Festas, lembrei de amores de uma vida inteira, lembrei de amores de novela, amores de cinema, amores de literatura, amores trágicos, amores passionais, amores que justificaram crimes, amores que propiciaram poder, amores que se perderam, amantes que viveram comédias, que se enganaram mutuamente, amantes que se amaram a si mesmos, usando o outro apenas como espelhos para sua sede narcisista, amantes que se doaram e renunciaram para deixar que seus parceiros seguissem livres e pudessem tentar novos rumos em busca da tal felicidade.
Aí, uma canção melosa, antiga, bem latina, bem nostálgica, me veio na memória, dos tempos em que eu editava um jornal espanhol e o cantor Julio Iglesias estava no auge da sua carreira. Ele veio ao Brasil, no início dos anos 80, eu participei de uma entrevista coletiva sua, em São Paulo, o homem jogava charme em todas as direções, tinha um marketing perfeito para vender o tal amor trapaceiro.
A letra da música, que ele também gravou em português, ressurgiu em mim, como um troféu para “amantes” , os tais que são estúpidos, se deixam levar por impulsos, vão no olho do furacão, se embrenham no vendaval, atores em cena, buscando representar e voar enquanto a vida segue em meio a desencontros, afastamentos, saudades arrefecidas, vidas divididas, e, na maturidade, um dia, vem o final do ano, chegam os tais pensamentos que nos fazem sentir o quanto fomos ( e somos) estúpidos, em conceituar e viver certos amores trapaceiros. Um inconsciente sado-masoquista, quem sabe, proporcionado por um mundo imaginário, o lugar das “briguinhas” por amor, mas o tempo, impiedoso, ultrapassando o orgulho, a questão de sofrer por amor, como se isso fosse uma regra básica para que a felicidade nos inundasse, e, de repente, vemos que tudo poderia ter sido diferente.
“Se eu pudesse a vida mudar”, prega o cantante, como uma chicotada da saudade, numa atitude impensável, e ainda assim, tão trapaceira e marketeira, como se o lamento por tudo que se passou, essa maneira de julgar sentimentos como se eles fossem deveres legalizados, estivessem escritos não nas estrelas, mas no código civil, conferindo à loucura da paixão um lugar inconcebível, onde coubesse razão em lugar de impulso.
Não há como voltar atrás, os amores vividos, quase sempre tiveram sua dose de trapaça consentida, faz parte do jogo, é lícito e legal sentir ciúmes, provocar também, brigar e reconciliar, ter saudades e reencontrar-se com o amor, numa rodada de chope, ainda que seja num brinde que vira mantra… Repetir o tim-tim ao amor, permitir que ele se reverbere internamente, que sua meladeira contagiosa nos inunde de muitas saudades, muitas lembranças, espelhos do tempo estradeiro, coisas fortes entranhando memórias, espaços feridos de corações amadores, aprendizes de jogadas que deviam se transformar em golpes de mestre, mas que, no fundo, não passaram de “blefes”, ou melhor, podem ser classificadas como tentativas cujos acertos ou erros, não nos cabe juízo de valor, justamente agora, se não há como ” poder mudar a vida”.
Então, mais prudente, honesto, saudável, é olhar para a frente, seguir vivendo, amando, aprendendo a vencer novos amores trapaceiros, fingir que tudo será diferente, prometer-se uma isenção quase alienada, comprometer-se com a paz de uma alma amante da emoção, pronta para voar como gaivotas sobre mares imensos, disposta a enveredar pelas artimanhas dos grandes encontros, sem dispensar a malícia e o sabor passageiro dos pequenos arremedos do bendito amor…
Feliz final de ano para os amores, todos, os trapaceiros, principalmente, porque é deles o enredo que move a indústria cinematográfica, a produção literária, a poesia , a música, a pintura, a escultura, sua saga inunda o planeta, com arte e ilusão, passemos pois à contagem regressiva, vamos saudar o amor, eu e tu, como na velha canção melosa que a voz do cantante latino trouxe de volta ao meu “coração vagabundo”. Tim-tim!
Cida Torneros, jornalista e escritora, mora no Rio de Janeiro, onde edita o Blog da Mulher Necessária
Eduardo Punset
Eduardo Punset (Barcelona, 1936) es abogado, economista y comunicador científico. Ha sido redactor económico de la BBC, director económico de la edición para América Latina del semanario The Economist y economista del Fondo Monetario Internacional.
Como especialista en temas de impacto de las nuevas tecnologías, ha sido profesor consejero de Marketing Internacional en ESADE, presidente del Instituto Tecnológico Bull, profesor de Innovación y Tecnología del Instituto de Empresa, presidente de Enher, subdirector general de Estudios Económicos y Financieros del Banco Hispanoamericano y Coordinador del Plan Estratégico para la Sociedad de la Información en Cataluña.
Tuvo un destacado papel en la transición a la democracia como Secretario General Técnico del Gobierno salido de las primeras elecciones democráticas, y en la apertura de España al exterior como Ministro de Relaciones para las Comunidades Europeas. Participó en la implantación del Estado de las Autonomías y, como Presidente de la delegación del Parlamento Europeo para Polonia, tuteló parte del proceso de transformación económica de los países del Este después de la caída del Muro.
Es autor de diversos libros sobre análisis económico y reflexión social. Actualmente, es profesor de «Ciencia, Tecnología y Sociedad» en la Facultad de Economía del Instituto Químico de Sarrià (Universidad Ramon Llull). También es director y presentador del programa de divulgación científica «REDES», presidente de la productora de contenidos audiovisuales científicos Smartplanet y autor de varios libros cuyo principal objetivo es la divulgación del conocimiento científico.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Penélope e Xavier
Penélope Cruz e Javier Bardem começaram 2011 indo ao cinema. O casal de atores passou a virada do ano na Califórnia, nos Estados Unidos.
Logo no primeiro dia do ano eles foram ao cinema e, é claro, não passaram despercebidos pelos fotógrafos.
Penélope, que está grávida do primeiro filho, tem tentado disfarçar o barrigão optando por peças mais largas.
domingo, 9 de janeiro de 2011
Camané
Camané (extraido do site oficial)
O primeiro contacto de Camané com o fado ocorreu um pouco por acaso, quando durante a recuperação de uma maleita infantil se embrenhou na colecção de discos dos pais e descobriu os grandes nomes do fado: Amália Rodrigues, Fernando Maurício, Lucilia do Carmo, Maria Teresa de Noronha, Alfredo Marceneiro e Carlos do Carmo...
Dessa altura até à vitória em 1979 do evento "Grande Noite do Fado" foi um passo. Na sequência desta participação gravou alguns trabalhos e efectuou diversas apresentações públicas.
Camané actuou em diversas casas de fado, além de fazer parte do elenco de diversas produções dirigidas por Filipe La Féria (o mais importante director português de musicais) como a "Grande Noite", "Maldita Cocaína" e "Cabaret", onde adquiriu assinalável evidência.
A edição de "Uma Noite de Fados", elogiada pela critica especializada, elegeu Camané como a voz mais representativa da nova geração do fado, possibilitando o reconhecimento da qualidade do seu trabalho pelo grande público. Realizou desde essa altura inúmeras apresentações em Portugal e no estrangeiro, actuando em França, Holanda, Itália e Espanha.
Para o início de 2000 estava reservado um novo passo na carreira de Camané: a edição em simultâneo na Bélgica, Holanda e Portugal do terceiro trabalho discográfico de Camané - "Esta Coisa da Alma”. A edição deste trabalho na Holanda e na Bélgica foi acompanhada por uma tournée por algumas das mais importantes salas destes países, destacando-se duas noites esgotadas no Concertgebouw de Amesterdão ou ainda a participação no Festival de Brugges, seguindo-se concertos em Espanha, Suíça, Alemanha e França. Em Portugal, "Esta Coisa da Alma" foi apresentado em diversas localidades do país sendo um dos pontos mais altos o espectáculo realizado em Outubro, no Centro Cultural de Belém.
O início de 1998 foi marcado pela edição do novo trabalho - "Na Linha da Vida" que mereceu atenção especial por parte dos media, confirmando as expectativas que "Uma Noite de Fados" provocara, e consagrando em definitivo Camané como uma das vozes mais impressionantes do fado.
Durante o ano de 1998 Camané realizou inúmeros espectáculos em Portugal - destacando-se as apresentações na Expo 98 - participou no espectáculo "De Sol a Lua - Flamenco e Fado", e ainda em alguns festivais de música na Europa, como o Festival "Tombées de La Nuit", em Rennes e o Festival "Les Méditerranées à l'Européen" em Paris. Em Outubro, aquando da edição de "Na Linha da Vida" pela EMI holandesa e belga, realizou uma digressão por algumas localidades desses países.
No final do ano, depois da realização de apresentações em Espanha, Camané participou no concerto comemorativo de 35 anos de carreira de Carlos do Carmo, um dos grandes nomes da velha guarda do fado, realizado no Centro Cultural de Belém. Entretanto "Na Linha da Vida" foi incluído pela crítica especializada nas listas dos melhores trabalhos de música portuguesa do ano.
O ano de 1999 foi dedicado a inúmeras apresentações ao vivo - Portugal, Espanha, Macau e França - bem como à pré-produção e gravação de um novo trabalho de originais. No final do ano "Na Linha da Vida" foi publicado pela EMI da Coreia marcando assim a primeira abordagem ao mercado oriental.
Evidenciando o merecido reconhecimento por parte do público pelo trabalho global efectuado em torno deste "Esta Coisa da Alma", Camané recebeu o disco de prata pelos 10 mil exemplares vendidos, mesmo na recta final do ano.
Já em 2001, entre Fevereiro e Março, realizou diversos espectáculos em Portugal e França (Festival Chorus). Em Novembro deste ano foi lançado o seu 4º CD "Pelo Dia Dentro" que alcançou apenas três semanas depois do seu lançamento o disco de prata.
Em Abril de 2002, Camané participou num espectáculo concebido em conjunto com a actriz portuguesa Manuela de Freitas em torno da obra de Fernando Pessoa e apresentado no Palais des Beauxs Arts, em Bruxelas.Após o lançamento de "Sempre de mim", Camané iniciou uma digressão por todo o país, passando pelas míticas salas dos Coliseus de Lisboa e Porto, pela primeira vez em nome próprio. Será também de destacar a participação na Womex 2008, em Sevilha, a maior feira de World Music do Mundo.
Em Março de 2009 Camané recebeu a nomeação para Melhor Intérprete nos Globos de Ouro, e dois meses depois, apresentou-se no Centro Cultural de Belém em duas noites esgotadas. Em “Carta Branca a Camané”, o fadista teve a seu lado Mário Laginha e a Orquestra Metropolitana de Lisboa e interpretou os seus fados de sempre com novos arranjos feitos pelo próprio Mário Laginha, José Mário Branco e também pelo maestro Cesário Costa.
Como forma de registar aquele que foi um concerto memorável, foi editado, em Julho de 2009, o segundo DVD do fadista - “Camané ao Vivo no Coliseu – Sempre de Mim”. Este DVD retrata o concerto no Coliseu dos Recreios realizado em Maio do ano passado, onde Camané, para além de apresentar o seu último trabalho passa também por temas emblemáticos que têm marcado a sua carreira.
Agora, ente outros projectos, Camané continua a apresentar ao vivo o seu último trabalho não só em Portugal, mas também no estrangeiro – Argentina, Chile, Peru, Uruguai, França, Suiça, Bulgária, Polónia e Hungria.
O primeiro contacto de Camané com o fado ocorreu um pouco por acaso, quando durante a recuperação de uma maleita infantil se embrenhou na colecção de discos dos pais e descobriu os grandes nomes do fado: Amália Rodrigues, Fernando Maurício, Lucilia do Carmo, Maria Teresa de Noronha, Alfredo Marceneiro e Carlos do Carmo...
Dessa altura até à vitória em 1979 do evento "Grande Noite do Fado" foi um passo. Na sequência desta participação gravou alguns trabalhos e efectuou diversas apresentações públicas.
Camané actuou em diversas casas de fado, além de fazer parte do elenco de diversas produções dirigidas por Filipe La Féria (o mais importante director português de musicais) como a "Grande Noite", "Maldita Cocaína" e "Cabaret", onde adquiriu assinalável evidência.
A edição de "Uma Noite de Fados", elogiada pela critica especializada, elegeu Camané como a voz mais representativa da nova geração do fado, possibilitando o reconhecimento da qualidade do seu trabalho pelo grande público. Realizou desde essa altura inúmeras apresentações em Portugal e no estrangeiro, actuando em França, Holanda, Itália e Espanha.
Para o início de 2000 estava reservado um novo passo na carreira de Camané: a edição em simultâneo na Bélgica, Holanda e Portugal do terceiro trabalho discográfico de Camané - "Esta Coisa da Alma”. A edição deste trabalho na Holanda e na Bélgica foi acompanhada por uma tournée por algumas das mais importantes salas destes países, destacando-se duas noites esgotadas no Concertgebouw de Amesterdão ou ainda a participação no Festival de Brugges, seguindo-se concertos em Espanha, Suíça, Alemanha e França. Em Portugal, "Esta Coisa da Alma" foi apresentado em diversas localidades do país sendo um dos pontos mais altos o espectáculo realizado em Outubro, no Centro Cultural de Belém.
O início de 1998 foi marcado pela edição do novo trabalho - "Na Linha da Vida" que mereceu atenção especial por parte dos media, confirmando as expectativas que "Uma Noite de Fados" provocara, e consagrando em definitivo Camané como uma das vozes mais impressionantes do fado.
Durante o ano de 1998 Camané realizou inúmeros espectáculos em Portugal - destacando-se as apresentações na Expo 98 - participou no espectáculo "De Sol a Lua - Flamenco e Fado", e ainda em alguns festivais de música na Europa, como o Festival "Tombées de La Nuit", em Rennes e o Festival "Les Méditerranées à l'Européen" em Paris. Em Outubro, aquando da edição de "Na Linha da Vida" pela EMI holandesa e belga, realizou uma digressão por algumas localidades desses países.
No final do ano, depois da realização de apresentações em Espanha, Camané participou no concerto comemorativo de 35 anos de carreira de Carlos do Carmo, um dos grandes nomes da velha guarda do fado, realizado no Centro Cultural de Belém. Entretanto "Na Linha da Vida" foi incluído pela crítica especializada nas listas dos melhores trabalhos de música portuguesa do ano.
O ano de 1999 foi dedicado a inúmeras apresentações ao vivo - Portugal, Espanha, Macau e França - bem como à pré-produção e gravação de um novo trabalho de originais. No final do ano "Na Linha da Vida" foi publicado pela EMI da Coreia marcando assim a primeira abordagem ao mercado oriental.
Evidenciando o merecido reconhecimento por parte do público pelo trabalho global efectuado em torno deste "Esta Coisa da Alma", Camané recebeu o disco de prata pelos 10 mil exemplares vendidos, mesmo na recta final do ano.
Já em 2001, entre Fevereiro e Março, realizou diversos espectáculos em Portugal e França (Festival Chorus). Em Novembro deste ano foi lançado o seu 4º CD "Pelo Dia Dentro" que alcançou apenas três semanas depois do seu lançamento o disco de prata.
Em Abril de 2002, Camané participou num espectáculo concebido em conjunto com a actriz portuguesa Manuela de Freitas em torno da obra de Fernando Pessoa e apresentado no Palais des Beauxs Arts, em Bruxelas.Após o lançamento de "Sempre de mim", Camané iniciou uma digressão por todo o país, passando pelas míticas salas dos Coliseus de Lisboa e Porto, pela primeira vez em nome próprio. Será também de destacar a participação na Womex 2008, em Sevilha, a maior feira de World Music do Mundo.
Em Março de 2009 Camané recebeu a nomeação para Melhor Intérprete nos Globos de Ouro, e dois meses depois, apresentou-se no Centro Cultural de Belém em duas noites esgotadas. Em “Carta Branca a Camané”, o fadista teve a seu lado Mário Laginha e a Orquestra Metropolitana de Lisboa e interpretou os seus fados de sempre com novos arranjos feitos pelo próprio Mário Laginha, José Mário Branco e também pelo maestro Cesário Costa.
Como forma de registar aquele que foi um concerto memorável, foi editado, em Julho de 2009, o segundo DVD do fadista - “Camané ao Vivo no Coliseu – Sempre de Mim”. Este DVD retrata o concerto no Coliseu dos Recreios realizado em Maio do ano passado, onde Camané, para além de apresentar o seu último trabalho passa também por temas emblemáticos que têm marcado a sua carreira.
Agora, ente outros projectos, Camané continua a apresentar ao vivo o seu último trabalho não só em Portugal, mas também no estrangeiro – Argentina, Chile, Peru, Uruguai, França, Suiça, Bulgária, Polónia e Hungria.
EU DISSE ADEUS, PORQUE TIVE QUE DIZER...
O MUNDO DESABOU EM MIM, COMO DIZ A CANCAO... QUANDO EU DISSE ADEUS... ERA O QUE ME CABIA FAZER... NUMA HISTORIA SEM MUITO FUNDAMENTO, COISA DE PELE E SONHO... TIVE QUE DIZER UM ADEUS RACIONAL PORQUE A VIA DO SENTIMENTO NAO ME PERMITIRIA DESLIGAR DA ATRACAO QUE ME PRENDEU A ALGUEM TAO DIFERENTE E TAO DISTANTE DA MINHA REALIDADE...
FOI UM ADEUS SOFRIDO MAS CONSCIENTE...UM LIBELO PARA QUE MUDASSEMOS O CURSO DA HISTORIA E CADA UM BUSCASSE TRILHAR OUTROS CAMINHOS...
FECHEI A PORTA, ESCONDI-ME DENTRO DE MIM MESMA, SUPEREI...
QUANDO LEMBRAR DOS DETALHES, E SAO TANTOS , DE TUDO QUE VIVEMOS OU TROCAMOS, VOU SOMENTE REVERENCIAR A ENERGIA BOA QUE NOS TOCOU AS ALMAS, MAS NAO VOU LAMENTAR DE MODO ALGUM...
SE EU ME ARREPENDI DE ALGO, PODE TER SIDO DO QUE NAO FIZ... NUNCA IRIA CARREGAR CULPA POR TUDO QUE ME PERMITI VIVER... E SE PUDE FAZER ALGUEM FELIZ, AINDA QUE POR MINUTOS, SEGUNDOS, JA TERA VALIDO A PENA, PORQUE NESTA VIDA BREVE, ENCONTROS ACONTECEM SEM MEDIDA DE INTENSIDADE OU TEMPO, ELES OSCILAM SEMPRE EM ALTOS E BAIXOS, ATRACAO E REPULSA, SAO OS OLHARES SOBRE OUTROS OLHARES, BOCAS SOBRE OUTRAS BOCAS, CORPOS SOBRE OUTROS CORPOS, CUJA EFEMERIDADE E CALOR, EM ALGUM INSTANTE, OS UNEM E DEPOIS OS SEPARAM...
O ADEUS QUE EU DISSE FOI IMPERIOSO, NECESSARIO, PROTETOR E DEFENSIVO...
A VIDA SEGUE... PLENA DE RECOMECOS, SONHOS, SAUDADES, POSSIBILIDADES E MUITOS MOMENTOS FELIZES QUE NOS FARAO REVIVER SENTIMENTOS PASSADOS...
QUANDO, NO HORIZONTE PERDIDO E INALCANCAVEL, ESTIVERMOS EM SINCRONIA, DE ALGUM MODO, NOS ACALMAREMOS NA PAZ DE UM ADEUS QUE NOS JUNTOU PARA SEMPRE, DENTRO DE UM LINDO E VIBRANTE CONTO DE AMOR IMPOSSIVEL...
CIDA TORNEROS
FOI UM ADEUS SOFRIDO MAS CONSCIENTE...UM LIBELO PARA QUE MUDASSEMOS O CURSO DA HISTORIA E CADA UM BUSCASSE TRILHAR OUTROS CAMINHOS...
FECHEI A PORTA, ESCONDI-ME DENTRO DE MIM MESMA, SUPEREI...
QUANDO LEMBRAR DOS DETALHES, E SAO TANTOS , DE TUDO QUE VIVEMOS OU TROCAMOS, VOU SOMENTE REVERENCIAR A ENERGIA BOA QUE NOS TOCOU AS ALMAS, MAS NAO VOU LAMENTAR DE MODO ALGUM...
SE EU ME ARREPENDI DE ALGO, PODE TER SIDO DO QUE NAO FIZ... NUNCA IRIA CARREGAR CULPA POR TUDO QUE ME PERMITI VIVER... E SE PUDE FAZER ALGUEM FELIZ, AINDA QUE POR MINUTOS, SEGUNDOS, JA TERA VALIDO A PENA, PORQUE NESTA VIDA BREVE, ENCONTROS ACONTECEM SEM MEDIDA DE INTENSIDADE OU TEMPO, ELES OSCILAM SEMPRE EM ALTOS E BAIXOS, ATRACAO E REPULSA, SAO OS OLHARES SOBRE OUTROS OLHARES, BOCAS SOBRE OUTRAS BOCAS, CORPOS SOBRE OUTROS CORPOS, CUJA EFEMERIDADE E CALOR, EM ALGUM INSTANTE, OS UNEM E DEPOIS OS SEPARAM...
O ADEUS QUE EU DISSE FOI IMPERIOSO, NECESSARIO, PROTETOR E DEFENSIVO...
A VIDA SEGUE... PLENA DE RECOMECOS, SONHOS, SAUDADES, POSSIBILIDADES E MUITOS MOMENTOS FELIZES QUE NOS FARAO REVIVER SENTIMENTOS PASSADOS...
QUANDO, NO HORIZONTE PERDIDO E INALCANCAVEL, ESTIVERMOS EM SINCRONIA, DE ALGUM MODO, NOS ACALMAREMOS NA PAZ DE UM ADEUS QUE NOS JUNTOU PARA SEMPRE, DENTRO DE UM LINDO E VIBRANTE CONTO DE AMOR IMPOSSIVEL...
CIDA TORNEROS
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Anos rebeldes, que saudade daquele tempo!!!
( escrito em 2009)
Anos rebeldes, que saudade daquele tempo!!!
Foi um acaso, se bem que dizem que acaso mesmo não existe. Em meio ao trabalho, ao produzir os dizeres de uma placa comemorativa, para um colégio que vai ser inaugurado na próxima semana, e é a primeira obra do PAC, entregue no Rio de Janeiro, nem sei porque, o gerente que me atendia, em determinado momento, me ouviu falar que fui militante nos anos rebeldes. O tempo voltou, rapidamente, na minha cabeça, como um cometa alucinado. Falei do ex namorado que sumiu, depois que se engajou no MR8. Por alguns minutos, o filme daquela época, rodou e eu me vi com menos de 20 anos.
Contive a emoção, segui com as tarefas, voltei pra casa, cozinhei, jantei, assisti ao jornal Nacional, à novela que transmite as imagens da cultura indiana, escondi para debaixo do meu tapete de sensibilidade aquela coisinha estúpida ( pensei que fosse) que teimava me atormentar.
Fui para o computador, verifiquei que haviam publicado um artigo meu no site do Observatório da Imprensa, uma análise dos campeões de audiência da semana em que se iniciou a era Obama. Afinal , o relógio correu, passei dos cinquenta e tantos, o mundo mudou, casei, descasei, tive um filho, ele já tem mais de 30 anos.
E novamente, a tal nostalgia me pegou. Recordei as noites em que dancei e cantei "não confie em ninguém com mais de 30 anos", no final dos anos 60, imaginando que minha geração podia reformar o mundo e consertar o que estivesse torto na humanidade. Além da militância política, havia a causa hippie, pregando Paz e Amor, éramos um bando de sonhadores, lutadores, corajosos jovens que se conscientizavam da necessidade de lutar, protestar e concorrer para a mudança social, conquista de liberdade democrática, sede de justiça, e um arrazoado sem fim de propostas voltadas para uma sociedade mais justa e igualitária.
Foi-se o tempo, foram-se muitos anéis, mas sobraram muitos dedos, e ainda estamos aí, de alguma forma, construindo escolas, urbanizando favelas, negociando espaços para políticas sociais corretas e progressistas. Os que tombaram em prol desses ideais, não o fizeram em vão. Há, por parte das gerações seguintes, um furor tecnológico e consumista capaz de impulsionar novos sonhos.
A sensação de que há muito a fazer, e de que estamos ainda no meio do caminho, espetou-me durante horas. Desisti de entrar no msn e bater papo com amigos, o que normalmente faço no final da noite, antes de ir dormir. O sono não chegava ( começo agora a sentir sinais dele), e eu me perguntei onde buscar reviver aquele fôlego da juventude diante do futuro sonhado.
Coisa braba esse negócio de memorizar e tornar a sentir o que se passou conosco há tanto tempo atrás. Mania freudiana, voltar às lembranças, reatar os laços do inconsciente, trazer para o consciente, verbalizar sentimentos antigos, ultrapassar dores, sorrir com as alegrias que permanecem vivas na lembrança e seguir em frente.
Pois é o que faço agora. Sigo em frente, fico feliz em ver a nova escola, reaproveitamento de uma unidade militar do exército, desativada, que vai virar um pólo cultural numa zona extremamente carente de recursos e quase sem acesso à modernidade. Isso é saudável, é gratificante, é enriquecedor, me conforta.
Os anos rebeldes se transformaram em anos transparentes. Os ponteiros marcam a corrida louca do tempo que não pára, mas a saudade não me faz prisioneira do passado. Ajeito-me dentro de mim mesma, reconsidero o relicário de histórias que posso contar, minhas e dos meus contemporâneos, volto meus olhos para meus projetos pessoais, que incluem viagens, estudo de línguas que não domino ainda, produção de livros, voltar a dançar, visitar gente que não vejo há muito tempo, caminhar na pista Claudio Coutinho, respirar fundo, olhar o mar, sentir o vento, fixar nas retinas aquele céu azul, comer pipoca, tomar água de côco, contemplar a garotada correndo na praça, atender o telefone, e dizer: -Alô, meu Amor, ainda bem que você me ligou, pois eu já estava pensando que tinha ficado sozinha na Terra.
Aí, percebo que posso superar a nostalgia dos anos rebeldes, pois há um fórum social acontecendo no Pará, as pessoas se reunem e postulam mudanças, exigem respeitos para as minorias, para os diferentes, a democracia amadurece, meu país avança, meu povo se reorganiza como pode diariamente, e apesar dos pesares, com é bom fazer parte de tão embolado enredo. Imaginem se eu não tivesse histórias para contar, ou pior, se nós não tivéssemos vivido tudo isso para testemunhar agora?
Dou-me por satisfeita, aliás, deixo-me invadir pela felicidade de ter saudade daquele tempo e poder compartilhá-la com algum amigo fiel, alguma leitora atenta, algum parceiro desavisado, alguma companheira de luta, e tanta gente capaz de enfrentar a dureza da vida com a meiguice da prontidão que guarda o amanhã de nós todos. Melhor de tudo é fazer parte do clã dos nostálgicos que vão buscar forças nos próprios exemplos, visando reconstruir seu caminho enquanto se constróem novas escolas.
Aparecida Torneros
Anos rebeldes, que saudade daquele tempo!!!
Foi um acaso, se bem que dizem que acaso mesmo não existe. Em meio ao trabalho, ao produzir os dizeres de uma placa comemorativa, para um colégio que vai ser inaugurado na próxima semana, e é a primeira obra do PAC, entregue no Rio de Janeiro, nem sei porque, o gerente que me atendia, em determinado momento, me ouviu falar que fui militante nos anos rebeldes. O tempo voltou, rapidamente, na minha cabeça, como um cometa alucinado. Falei do ex namorado que sumiu, depois que se engajou no MR8. Por alguns minutos, o filme daquela época, rodou e eu me vi com menos de 20 anos.
Contive a emoção, segui com as tarefas, voltei pra casa, cozinhei, jantei, assisti ao jornal Nacional, à novela que transmite as imagens da cultura indiana, escondi para debaixo do meu tapete de sensibilidade aquela coisinha estúpida ( pensei que fosse) que teimava me atormentar.
Fui para o computador, verifiquei que haviam publicado um artigo meu no site do Observatório da Imprensa, uma análise dos campeões de audiência da semana em que se iniciou a era Obama. Afinal , o relógio correu, passei dos cinquenta e tantos, o mundo mudou, casei, descasei, tive um filho, ele já tem mais de 30 anos.
E novamente, a tal nostalgia me pegou. Recordei as noites em que dancei e cantei "não confie em ninguém com mais de 30 anos", no final dos anos 60, imaginando que minha geração podia reformar o mundo e consertar o que estivesse torto na humanidade. Além da militância política, havia a causa hippie, pregando Paz e Amor, éramos um bando de sonhadores, lutadores, corajosos jovens que se conscientizavam da necessidade de lutar, protestar e concorrer para a mudança social, conquista de liberdade democrática, sede de justiça, e um arrazoado sem fim de propostas voltadas para uma sociedade mais justa e igualitária.
Foi-se o tempo, foram-se muitos anéis, mas sobraram muitos dedos, e ainda estamos aí, de alguma forma, construindo escolas, urbanizando favelas, negociando espaços para políticas sociais corretas e progressistas. Os que tombaram em prol desses ideais, não o fizeram em vão. Há, por parte das gerações seguintes, um furor tecnológico e consumista capaz de impulsionar novos sonhos.
A sensação de que há muito a fazer, e de que estamos ainda no meio do caminho, espetou-me durante horas. Desisti de entrar no msn e bater papo com amigos, o que normalmente faço no final da noite, antes de ir dormir. O sono não chegava ( começo agora a sentir sinais dele), e eu me perguntei onde buscar reviver aquele fôlego da juventude diante do futuro sonhado.
Coisa braba esse negócio de memorizar e tornar a sentir o que se passou conosco há tanto tempo atrás. Mania freudiana, voltar às lembranças, reatar os laços do inconsciente, trazer para o consciente, verbalizar sentimentos antigos, ultrapassar dores, sorrir com as alegrias que permanecem vivas na lembrança e seguir em frente.
Pois é o que faço agora. Sigo em frente, fico feliz em ver a nova escola, reaproveitamento de uma unidade militar do exército, desativada, que vai virar um pólo cultural numa zona extremamente carente de recursos e quase sem acesso à modernidade. Isso é saudável, é gratificante, é enriquecedor, me conforta.
Os anos rebeldes se transformaram em anos transparentes. Os ponteiros marcam a corrida louca do tempo que não pára, mas a saudade não me faz prisioneira do passado. Ajeito-me dentro de mim mesma, reconsidero o relicário de histórias que posso contar, minhas e dos meus contemporâneos, volto meus olhos para meus projetos pessoais, que incluem viagens, estudo de línguas que não domino ainda, produção de livros, voltar a dançar, visitar gente que não vejo há muito tempo, caminhar na pista Claudio Coutinho, respirar fundo, olhar o mar, sentir o vento, fixar nas retinas aquele céu azul, comer pipoca, tomar água de côco, contemplar a garotada correndo na praça, atender o telefone, e dizer: -Alô, meu Amor, ainda bem que você me ligou, pois eu já estava pensando que tinha ficado sozinha na Terra.
Aí, percebo que posso superar a nostalgia dos anos rebeldes, pois há um fórum social acontecendo no Pará, as pessoas se reunem e postulam mudanças, exigem respeitos para as minorias, para os diferentes, a democracia amadurece, meu país avança, meu povo se reorganiza como pode diariamente, e apesar dos pesares, com é bom fazer parte de tão embolado enredo. Imaginem se eu não tivesse histórias para contar, ou pior, se nós não tivéssemos vivido tudo isso para testemunhar agora?
Dou-me por satisfeita, aliás, deixo-me invadir pela felicidade de ter saudade daquele tempo e poder compartilhá-la com algum amigo fiel, alguma leitora atenta, algum parceiro desavisado, alguma companheira de luta, e tanta gente capaz de enfrentar a dureza da vida com a meiguice da prontidão que guarda o amanhã de nós todos. Melhor de tudo é fazer parte do clã dos nostálgicos que vão buscar forças nos próprios exemplos, visando reconstruir seu caminho enquanto se constróem novas escolas.
Aparecida Torneros
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Marcelo Semer no Terra Magazine:Preconceitos contra Marcela Temer revelam face atávica e cruel do País na questão de gênero
Marcelo Semer no Terra Magazine:
Preconceitos contra Marcela Temer revelam face atávica e cruel do País na questão de gênero
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Marcelo Semer
De São Paulo (SP)
Dia primeiro de janeiro de 2011, o país assistiu a cena até então inédita: uma mulher recebendo a faixa de presidente da República e passando em revista as tropas militares.
Enquanto o Brasil parava para ouvir o discurso de Dilma, parte dos twitteiros que acompanhavam plugados à cerimônia, se deliciava fazendo comentários irônicos e maldosos sobre a primeira vice-dama, Marcela Temer.
Loira, jovem e ex-miss, a esposa de Michel Temer virou imediatamente um trending topic.
Foi chamada de paquita, diminuída a seus atributos físicos e acusada de dar o golpe do baú no marido poderoso e provecto. Tudo baseado na consolidação de um enorme estereótipo: diante da diferença de idade que supera quatro décadas e uma distância descomunal de poder, influência e cultura, só poderia mesmo haver interesses.
Essa é uma pequena mostra do quanto Dilma deve sofrer para romper as barreiras atávicas do preconceito de gênero, ainda impregnadas na sociedade.
Se não fosse justamente pela superação dos estereótipos, aliás, Dilma jamais teria chegado aonde chegou.
Mulher. Divorciada. Guerrilheira. Ex-prisioneira. Quem diria que seria eleita para ser a chefe das Forças Armadas?
Superar estereótipos é o primeiro passo para romper preconceitos.
O exemplo de Lula mostrou, todavia, como sua tarefa não será fácil.
O país aprendeu a conviver com a sapiência de um iletrado retirante, mas os preconceitos regionais e o ódio de classe não se esvaziaram tão facilmente. A avalanche das “mensagens assassinas”, twitteiros implorando por um “atirador de elite” na posse, só comprova o resultado alcançado pelo terrorismo eleitoral.
Dilma sabe dos obstáculos a vencer e é por este motivo que iniciou seu discurso enfatizando o caráter histórico do momento que o país vivia, fazendo-se de exemplo para “que todas as mulheres brasileiras sintam o orgulho e a alegria de ser mulher”.
Em dois discursos recheados de assertivas e recados, não faltou uma lembrança emocionada a seus companheiros de luta contra a ditadura, que tombaram pelo caminho.
Mais tarde, receberia pessoalmente suas ex-colegas de prisão. Não esqueceu das “adversidades mais extremas infligidas a quem teve a ousadia de enfrentar o arbítrio”. Não se arrependeu da luta, justificando-se nas palavras de Guimarães Rosa: a vida sempre nos cobra coragem.
Mas, mulher, adverte Dilma, não é só coragem, é também carinho.
É essa mulher, misto de coragem e carinho, que seu exemplo espera libertar do jugo de uma perene discriminação.
Discriminação que torna desiguais as oportunidades do mercado de trabalho, que funda a ideia de submissão, e que avoluma diariamente vítimas de violência doméstica, encontradas nos registros de agressões corriqueiras e no longo histórico de crimes ditos passionais, movidos na verdade por demonstrações explícitas de poder, orgulho e vaidade masculinas.
Temos um longo caminho pela frente na construção da igualdade de gênero.
Nossos tribunais de justiça são predominantemente masculinos, porque os cargos de juiz foram explícita ou implicitamente interditados às mulheres durante décadas. Houve quem justificasse o fato com as intempéries da menstruação e quem estipulasse que professora era o limite máximo para a vida profissional da mulher.
Nas guerras ou ditaduras, as mulheres além dos suplícios dos derrotados, ainda sofrem com freqüência violências sexuais, que simbolicamente representam a submissão que a vitória militar quer afirmar.
Mulheres são maioria nas visitas semanais de presos. Mas quando elas próprias são encarceradas, as filas nas penitenciárias se esvaziam. Com muito sofrimento e demora, sua luta é para garantir os direitos já conferidos a presos homens.
Sem esquecer as incontáveis mulheres de triplas jornadas, discriminadas pela condição quase servil de dona de casa, que se obrigam a cumular com suas tarefas profissionais e maternas.
Que a posse de Dilma ilumine esse horizonte ainda lúgubre de preconceito, no qual os estereótipos da mulher burra, submissa e instável, predominam na sociedade.
E que, enfim, possamos aprender, com as mulheres, a respeitar sua igualdade e suas diferenças.
Pois, como ensina Boaventura de Sousa Santos, elas, mais do que ninguém podem dizer: “Temos o direito a sermos iguais quando a diferença nos inferioriza. Temos o direito a sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza”.
Façamos, assim, de 2011, um ano mulher.
*Siga @marcelo_semer no Twitter
Marcelo Semer é Juiz de Direito em São Paulo. Foi presidente da Associação Juízes para a Democracia. Coordenador de “Direitos Humanos: essência do Direito do Trabalho” (LTr) e autor de “Crime Impossível” (Malheiros) e do romance “Certas Canções” (7 Letras). Responsável pelo Blog Sem Juízo.
Fale com Marcelo Semer: marcelo_semer@terra.com.br
(4) Comments Read More Comments
Mariana Soares on 5 janeiro, 2011 at 10:20 # Beleza pura este artigo!
Chega de preconceito! Chega de separação! Vamos andar juntos e construir juntos, homens e mulheres, com muito amor, garra e competência, uma vida melhor para cada um de nós e para todos!
Cida Torneros on 5 janeiro, 2011 at 17:35 #
Este artigo, escrito por um homem , lava a alma feminina acostumada a tantos preconceitos, principalmente nos que tangem beleza, inteligencia, capacidade de comandar algo alem de copa e cozinha, acesso a salarios dignos, exercicio de poder que nao se atrele a seducao, tenha ela o alicerse baseado em malhacao, cosmetologia, estetica, plasticas, etc, ou, ao novo tipo de poder, quase insuportavel para os pauperrimos espirituosos de plantao: a corajosa postura que as mulheres resolvidas assumem, tanto faz, ao exercerem seu papel de esposas, maes, filhas, namoradas, ou de parlamentares, tecnologas, ministras e presidentas, por que nao? Incomoda a um numero enorme de pessoas ( homens e mulheres, indistintamente) saber que a beleza fisica e a competencia profissional podem caminhar juntas, paralelas, e bem mais proximas de uma nova realidade brasileira. Marcela Temer tem o frescor da juventude, nao fez nenhuma declaracao, mas incomodou porque estava no seu legitimo papel de vice-primeira dama, reconhecidamente legal, incontestavelmente indubitavel.
Dilma Roussef, eleita democraticamente, esbanjou pioneirismo, colocando-se diante dos olhos de todos ( machos e femeas) como uma nova comandante-em-chefe nao so de militares e civis, mas tambem de preconceituosos e de atualizados, de homens capazes de respeitar suas proprias companheiras e admirar a caminhada feminina sem tomar atitudes insultuosas, os novos homens, privilegiados sere, com a personalidade formada por influencia de novas mulheres, maes modernas, namoradas de vida independente, esposas gerenciadoras de familias com feicao diferenciada. No Planalto, um matriarcado interessante se estabelece a partir de agora, Dilma , sua mae de 87 anos e sua tia, passam a ocupar a casa presidencial. No desfile em carro aberto, ao seu lado, a filha Paula, promotora, casada, mae do seu neto Gabriel. Mulheres no parlatorio, transmissao da faixa, a ex primeira dama emocionada, Lula cercado de poder feminino ascendente, Temer, compenetrado, e ao lado deste, a imagem da Miss, garantindo que o modelo de esposa e mae continua a ser tao importante em nossa sociedade, e nos da a dimensao multifacetada do quanto a mulher brasileira segue sua luta por reconhecimento apesar dos avancos, ainda ha muito que ultrapassar. Palmas para elas, afinal, os twiteiros que se encantaram com a beleza da esposa do Vice, devem ser os mesmos que tem dificuldade de engolir uma Chefe da Nacao, usando faixa presidencial, saias, perolas, saltos altos e distribuindo beijos. Viva o Brasil feminino! Este sim, encontra-se muito a frente e salva a Patria!! Amada Mae Gentil, Patria amada, Brasil!
Cida Torneros, RJ