"Macacos me mordam", que desçam dos coqueiros para me sacudir as entranhas, nem estranhe, baiano povo, que esta carioca por aí passou umas 48 horas meio em transe, entre alegria, emoção e trânsito, quanto engarrafamento peguei, ou melhor, me pegou o borburinho de uma cidade crescida em demasia,repentinamente, nem sei de onde surgiram e ainda surgem tantos espigões, ó pai, ó!
Sem pestanejar, lá estava eu chegando na noite de uma sexta feira calorenta, na companhia da amiga Antonieta, que saiu direto da sessão de hemodiálise para o aeroporto, recuperando-se de um processo brabo de doença renal, ela me disse: preciso ir ao Bonfim, pedir e agradecer, e lá fomos, sim no domingo manhãzinha, para nos emocionarmos mais uma vez com a fé da gente da Bahia.
Bahia é mesmo assim, uma mistura intrigante, o progresso dos prédios varando o céu azul e o verde do mar de encantamento a nos convidar ao descanso de um olhar sobre o horizonte para nos perdermos em algum sonho de Brasil histórico, pedaço de raízes africanas, gosto de comida típica, cheiro de pescoço abraçado em noite de lua cheia.
Ali, no hotel em frente ao centro de Convenções, mais uma vez, convenci-me do dito e feito que é a vida pulsando em corações e mentes, fui ao encontro da festa de família, o primeiro aniversário da baianinha Ana Beatriz, uma "bolachinha" filha da prima carioca Luciana com o primo baiano Saulo. Alegria, afeto, carinho, amizade e doces momentos, com direito a muitos docinhos e flores no jardim de Bia, o astral das avós, das bisavós, dos primos, tios, gente que soma no amor e na esperança para fazer da vida da gente, um hino de louvor ao próprio amor à vida.
Sábado cedo, ida ao Mercado Modelo, comprinhas especiais, pose com gorro de rastafari, brincadeiras com os vendedores de bugingangas, destas, um peixe molengo, em madeira, ganhei da Nieta e cá está o bendito representante do artesanato baiano a enfeitar minha sala carioca, olho-o como quem olha a saga do pescador contado por Amado ou cantado por Caymmi. Trago nas imagens presas na memória recente, o vôo sobre as praias de Salvador, momento de retirada, fim de tarde, volta ao Rio, saudade antecipada, promessa de volta breve, gosto daquele surubim do jantar de sexta somado à água na boca pela recordação do acarajé da Regina, no Rio Vermelho, pelo meio dia, vendo os adesivos que a quituteira pregou na sua barraca, apoiando a Dilma 13, sem pejo e sem censura!
Deixar pra trás a Bahia é impossível, não dá, ir lá é ficar um pouco sempre, devo ter deixado um sorriso e uma lágrima, acho que perdi alguma parte da alma, sinto que meu passo ficou preso nalgum chão da orla, e nem posso especificar o arrepio que o vento da praia de Amaralina me provocou pra sempre...
Fui e voltei correndo. Sinto-me deslocada na dimensão possível como dizem os zem budistas, desloquei-me em divisão, alma e corpo, permaneço dividida, aqui estou no Rio, ali me encontro, no trânsito incrivelmente denso, observando a carreata espraiada, a procissão de veículos inflacionando a velha Salvador com um mundo que não lhe devia pertencer, pois sua fama de dengosa e lenta não o permitiria, se não fosse a economia, o progresso, o mundo girando sobre os calcanhares industriais de um modelo capitalista absurdamente impiedoso. Entretanto, viva a Bahia que a despeito do mundo moderno e antenado, mantem vibrante seu ax'e, viva a Bahia do Pelourinho antigo e do Bonfim protetor dos que trazem no coração o sentido da amorosa presença da fé! Viva a Bahia que me deixa assim, em transe!
Cida Torneros
Adoramos vcs terem vindo!!!
ResponderExcluirBjossssss