quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Alma salva pelo japonês em semana de eleições!



Alma salva pelo japonês em semana de eleições!
Semana de eleições no Brasil, um segundo turno que todos os eleitores querem ver pelas costas, tendo em vista o nível baixo dos debates que expuseram as roupas sujas que as lavadeiras sabem o quanto é impossível desencardir quando a sujeira passa do ponto recuperável. Mas, vejamos assim, tudo pode ser parte de um crescimento doloroso e necessário sob o ponto de vista da nossa história democrática, de aprendizes de  viver no caminho politicamente correto e respeitoso. Caminhemos. Votemos. Aprendamos.

Estava pensando nisso tudo e no meu tédio ( acrescido de tristeza) quanto ao noticiário padrão. Violência, crimes, tsunami de novo, morte do presidente Kirchner, ameaça de rebaixamento do flamengo, feriadão com estradas perigosas, ficha limpa lavada à custa de muita negociação, a "porrada" que levei ( acho que todos estão levando) ao assistir Tropa de Elite 2, o filme que desarticula a pretensa articulação bandida e poderosa, caramba, tenho uma lista de assuntos que me puxam para baixo... Se bem que pudemos testemunhar os 70 anos do rei Pelé, entre as poucas coisas memoráveis que nos chegam nesta semana.

E na quinta-feira, no dia do santo padroeiro das causas impossíveis, o venerado S.Judas Tadeu, eis-me pedindo por boas  novas, talvez um prenúncio de compasso de paz e harmonia, quem sabe um momento onde seja lícito agradecer por estar presente no mundo. Pois que, entre contos e desencantos,  há uma exposição sobre Adolf Hitler, em plena Alemanha, tentando desmistificar o "monstro", alvo de opiniões várias sobre a sua capacidade de conduzir e persuadir milhares de alemães num sonho dantesco de hegemonia racial. Resquícios dessa praga, ainda, os vemos na discriminação constatada, em países europeus, de raças, de costumes, de religiões, de imigrantes, etc.

 Na França, as informações da semana permanecem voltadas para a greve esvaziada mas intensa de protestos, provocada pela mudança na lei das aposentadorias, com descontentamento que atinge os jovens com futuro pífio no tocante ao mercado de trabalho. Um mundo em crise de boas notícias, penso eu. Uma semana que se arrasta com final previsto, eleições que decidem o segundo turno do pleito do executivo federal, com vantagens divulgadas para a candidata Dilma em detrimento da  campanha do candidato Serra, ambos figuras belicosas, cumprindo seu papel na disputa eleitoral, mas, com certeza, nos ultrapassando a paciência ao trazerem como alvo de suas falas, acusações e desmerecimentos, em lugar de  plataformas e bons debates de cunho social.

Mas, perdoadas as exacerbâncias, consideremos válidos os votos de confiança que o Brasil dará aos candidatos no domingo 31 de outubro, acrescendo nossos votos de bom governo a quem se eleger, e boa vida nacional para o povo brasileiro em sua nova jornada pós-era do inesquecível Lula, o operário que, inegavelmente, mudou a história deste país.

O tom da semana seguia assim, na  pasmaceira da miscelânia noticiosa, com seus altos e baixos, sem grandes novidades no front, pelo menos pra mim, pra minha sensibilidade.

Porém, o inusitado, o inesperável, a informação nova, aquela que apareceu para me tirar do lusco-fusco repetitivo da semana, veio no Bom Dia Brasil, da quinta, um bálsamo revigorante: o fã japonês de João Gilberto, que surgiu com aura de anjo salvador, interpretando, em português, a canção "pra que discutir com Madame", imitando seu astro preferido e declarando que já assistiu os 14 shows que o bom baiano fez no Japão e veio ver mais 2 no Brasil.

Não anotei seu nome, nem podia porque fiquei emocionada, esqueci as  mazelas da semana, envolvi-me com a superposição no vídeo, o japonês cantando e João Gilberto encantando, era tudo que eu precisava para salvar a minha semana de eleições.

E de quebra, fui ler sobre Irmã Dulce, beatificada , o que me arrepiou completando a crença de  que ela fizera novo milagre, me trazendo, de bandeja, um japonês-baianizado,  para aliviar as angústias da alma de uma cronista.

Como se não bastasse o japonês e irmã Dulce, não é que fui tocada pelos dizeres de um dos muitos cartazes levados por populares para homenagear o presidente argentino morto:  “Gracias Néstor. Pusiste una Argentina de pie, sos un verdadero patriota. Te vamos a extrañar mucho”.

Ao concluir, então,  que a semana está ganha, volto ao samba cantado pelo japonês:
- Pra que discutir com madame? Viva João Gilberto e vamos votar sãos e salvos!

Aparecida Torneros

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