aqui tem música, poesia, reflexões, homenagens, lembranças, imagens, saudades, paixões, palavras,muitas palavras, e entre elas, tem cada um de vocês, junto comigo... Cida Torneros
quarta-feira, 31 de março de 2010
Reflexões Sobre a Paz Interior
Reflexões Sobre a Paz Interior
Tam Huyen Van – Dezembro, 2008
Não creio que exista uma meta mais valiosa do que alcançar a paz. Não falo daquela paz convencional, feita de artifícios político-sociais e sonhos ideológicos de grupos ou culturas, mas da paz íntima, feita de momentos plenos e realmente conscientes, quando a mente é capaz de transformar e curar, de uma vez por todas, nossas almas inconstantes. É estranho que para falar claramente sobre a paz profunda seja necessário denunciar os artifícios da paz externa, desejada tão ardentemente por tantos idealistas e revolucionários, e até mesmo usada por ditadores e homens poderosos em todos os tempos como justificativa para suas escolhas trágicas. Mas isso é necessário. Pois o mais terrível dos erros humanos sempre se manifesta no fato de que, devido à ignorância e falta de discernimento, permanecemos incapazes de reconhecer quando nossos valores mais fundamentais tornam-se distorcidos pelas expectativas parciais de nossas mentes mergulhadas em auto-engano.
Assim, sem perceber, todos nós desejamos criar a paz em nossas vidas e comunidades. Mas para isso, imaginamos sempre e apenas meios externos através dos quais essa idéia de paz será imposta (e não realmente auto-manifestada) aos outros por meio de leis ou revoluções, movimentos ou campanhas, sem observar que a mobilização crucial para que a harmonia seja revelada em nossas vidas depende daquelas ações íntimas, ações de consciência e observação interna, pelas quais os indivíduos atingem algo muito mais válido para o bem mútuo do que doutrinas sociais ou movimentos políticos: a sabedoria e a clareza de coração e mente. De fato, penso que as mais essenciais metas humanas – felicidade, saúde, realização – não são possíveis sem que o contexto da paz seja manifestado, sustentado e resolvido em nós mesmos (e por nós mesmos) através do correto entendimento do quê realmente significa estar em equilíbrio e harmonia.
Mas o reconhecimento de tudo isso não é fácil. A diversidade gigantesca das expectativas humanas é por demais avassaladora para que possamos imaginar, ingenuamente, que possa realmente existir um denominador comum em argumentação e análise sobre o mais adequado exercício de consciência pacífica, em uma incrível manifestação de equilíbrio interior. A babel humana das opiniões conflituosas, místicas fantasiosas e racionalidades pragmáticas é por demais ruidosa para que as vozes da prática consciente sejam ouvidas claramente, e assim continuamos cegos, tateando uma saída, sempre próximos do abismo.
A maioria esmagadora dos seres humanos considera impossível acreditar que tanto do mundo concreto possa depender de algo tão aparentemente vago como o exercício constante de reflexão e transformação psico-emocional. Essa descrença não se dá porque deixamos de reconhecer as vantagens de uma profilaxia mental, mas porque não percebemos que a proposta é muito mais ampla, vai além de técnicas terapêuticas, teorias filosóficas ou crenças religiosas, e atinge nossas convicções mais arraigadas. E uma vez que, para a mente condicionada, toda solução pragmática somente surge com atitudes derivadas de algum tipo de técnica específica, torna-se claro que ficaria difícil saber em qual método, de tantos já apresentados e construídos pelas mentes humanas, confiar. De modo geral as pessoas comuns desistem de refletir e simplesmente preferem ter fé cega, uma confiança conveniente, em alguma coisa baseada em concordância coletiva, seja tal coisa uma crença espiritual, uma lógica racional ou uma doutrina política – afinal, o homem é uma criatura de impulsos. Mas será que o valor está no método em si ou no modo como podemos discernir sua pertinência?
Eu sempre costumo questionar: quantas são as formas através das quais uma mente pode se deixar levar por suas próprias inadequações, seus próprios vícios – quantas são as maneiras pelas quais a mente humana cria o seu próprio inferno? Não serão poucas, realmente. É desnecessário ser um expert em comportamento e psicologia para perceber o grau de inconstância em nossas experiências imediatas, e mesmo aquelas pessoas que poderiam afirma-se privilegiadas com uma vida materialmente sólida e sem grandes exigências de sobrevivência, também elas terão de reconhecer que vivenciam frequentemente momentos de desequilíbrio e frustração – afinal, a condição humana faz parte do amplo encadeamento de circunstâncias e necessidades impermanentes da existência.
O equilíbrio, sob as premissas do exercício de consciência e discernimento que a visão contemplativa propõe, vai muito além de um simples método onde as tensões corpo-mente são aplacadas. A cultura atual do narcisismo exacerbado representada pelos exercícios físicos intensos, métodos alimentares rebuscados e fórmulas artificiais de auto-ajuda não resolve nem de longe a real problemática dos seres humanos: sua profunda carência de auto-regulação, sua dificuldade em perceber as coisas com atenção plena e sensibilidade – sua incapacidade de acordar para as realidades relativas que dominam toda a sua idéia de mundo. Devido a nossa resistência em aceitar a natureza diversa e inconstante das várias realidades existenciais, continuamos aferrados a uma descrição de mundo egoísta e conflituosa. A humanidade ainda sofre com a ignorância milenar de si mesma.
Não, o equilíbrio e a harmonia não são conseqüência de exercícios e dietas. A paz não será alcançada através de posturas, receitas, regras, livros, imposições sociais ou políticas. Ela tampouco será atingida com leis, decretos, diretrizes. Estas ações apenas se manifestam como fruto das necessidades comuns ou excentricidades de uma cultura mundial em permanente estado de superficialidades, convencionalismos ou jogos de poder.
A paz surge quando a mente desperta de seu longo sonho delusório. Ela surge quando você (um indivíduo único e fundamental, ainda que relativo) for capaz de finalmente acordar se suas visões distorcidas sobre o mundo à sua volta. Mas para isso você precisará aprender a reconhecer a si mesmo, abraçar e curar a parcela de "eu" que existe em você na qual todas as suas ignorâncias perceptivas buscam se abrigar do vento tempestuoso da Impermanência. Ali estão elas, ilusoriamente imaginando-se protegidas da Roda da Vida e tolamente atarefadas em construir uma idéia de mundo artificial, baseada em vícios de interpretação e escolhas passionais. Nossas ignorâncias sustentam a avidez com que buscamos sucessos, e alimentam o fogo dos ódios e conflitos que justificam nossas atitudes beligerantes, diferenciadoras, fanáticas e orgulhosas. Graças a esta cultura do esquecimento de si, a natureza humana ainda permanece longe do despertar interior. E ao permanecer distante do despertar, continuamos sem paz.
Sei que o conceito de paz é desprezado por muitos como um aspecto secundário, talvez uma simples poesia inalcançável. Como é comum para as mentes desfocadas, conceitos associados ao que nossa cultura costuma definir como "virtudes" tendem a ser assaz desmerecidos como frágeis demais para realmente determinar o curso da história humana. A humanidade admira (às vezes secretamente) imperadores e senhores da guerra, generais e ditadores, como homens que pelo menos demonstraram coragem e determinação. Nossa cultura, ainda profundamente competitiva e orgulhosa, ainda se entusiasma com aquelas pessoas que, por força de sua intensa falta de consciência plena, souberam manipular povos e exércitos, criando civilizações à custa de mortes e destruição.
O Homem ainda não foi capaz de superar seu apego à violência como fundamento para a criação de sociedades e como justificativa para a sua história. Ainda hoje, o caminho da humanidade têm sido pavimentado por guerras e conflitos, tanto os concretizados nos campos e cidades como aqueles outros conflitos, ainda mais devastadores (se tal for possível), que se desenrolam em nossos corações e mentes. De fato, são justamente os conflitos de percepção e compreensão nas mentes apegadas e ávidas que irão justificar e inventar as guerras, os assassínios, o terror. E a própria admiração distorcida que temos pelos senhores das guerras.
E a mais amarga ironia é que todas essas atrocidades são feitas por homens que imaginam, mesmo que sob bases criminosamente egoístas e vazias, criar uma "paz" conveniente, criada e artificializada pela violência, que favoreça suas próprias ambições e desejos. Não há paz nas políticas, nos idealismos, nas mobilizações sectárias ou tendenciosas criadas por pessoas, grupos ou culturas; no máximo, posso discernir o anseio por uma paz ilusória jamais atingida, mas que é frequentemente referenciada nas palavras e atos de pessoas cujas mentes ainda não encontraram a medida certa de atenção e discernimento. As mentes que pretendem impor uma paz falsa para os outros são mentes que ainda não encontraram a paz em si mesmas.
Tudo ainda se resume na falta de sabedoria. Se você realmente deseja alcançar a paz, saiba que ela precisa ser praticada em seu interior mais profundo. Ela se manifestará quando você souber parar, quando for capaz de criar em si mesmo uma lacuna sensível entre os seus vícios de hábitos ignorantes e o seu grande potencial de sabedoria e visão correta. Esta lacuna é a nossa cura. Pois, ao criar uma distância adequada entre a ignorância e o Despertar, você poderá finalmente transformar seus condicionamentos, ódios e ilusões em liberdade e consciência, e assim será capaz de enxergar aquele Despertar como possível e viável, além de crenças ou desejos – além dos conflitos. Portanto, a paz interior nasce do ventre da liberdade promovida pela superação de nossos equívocos de escolha e falsas interpretações do mundo, que sustentam em nós tantas ações vazias de sentido mas aparentemente tão prazerosas em usufrutos egoístas.
Não é possível experimentar a paz sem antes lidar corajosamente com os aspectos insalubres de nossa natureza. Como praticante de um caminho contemplativo como o buddhismo, eu jamais me permiti fugir do difícil exercício de atenção às minhas limitações de percepção e consciência. È fundamental que saibamos enxergar, e nos renovar, com as maravilhas da existência, com o amor, a paciência e o bem-estar; mas para chegar a isso conscientemente é preciso que estejamos atentos ao que realmente nós somos. Precisamos abraçar com firmeza o desafio de reconhecer os nossos vícios, compreende-los, transformá-los e curá-los. Mas o truque aqui é saber evitar, também neste momento, o hábito agressivo e competitivo de imaginar tudo isso como uma outra guerra. Não podemos sucumbir ao erro lamentável de, na pretensão de atingir harmonia e equilíbrio, criar em nós mesmos mais embates e enfrentamentos.
De fato, não há conflitos no Caminho. A trilha da paz interior é feita, passo a passo, sem raiva ou malícia. Ela é feita de paciência e bom senso, e de um grande interesse em desvelar o véu de pré-conceitos e hábitos irrefletidos que sustentam nossas ilusões. Acorde! Dê o passo, busque sua paz aprendendo a ver o mundo com olhos de compreensão e coerência – reflita, pondere, mas saiba reconhecer quando as suas próprias ilusões estão determinando aquilo que você acredita, e faz. As ações são tudo o que nos define. E será através da harmonia nas ações de consciência e contemplação praticadas por nós que a paz interior irá nascer.
terça-feira, 30 de março de 2010
Cida Torneros: Semana Santa na Bahia com ares de “volver”
O artigo foi publicado noBP hj, mas eu nao pude viajar, mamãe não está muito bem! Cida Torneros
Posted on 30-03-2010
Cida Torneros: Semana Santa na Bahia com ares de “volver”
Filed Under (Artigos) by vitor on 30-03-2010 14:26
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CRÔNICA/ VOLTAR
A CAMINHO DA BAHIA
Aparecida Torneros
Quando a vida corre e o tempo passa, tem sempre algum lugar que a gente nunca pisou, mas que sabe que já conhece…de outras vidas, talvez…ou dessa mesmo, através de tantas informações que se colheu ao longo dos anos. Comigo, sobre a Bahia, aconteceu assim…
Uma vontade frustrada de passar por lá quando mocinha, muitas histórias de amigos e amigas que de lá voltavam me enchendo a boca dágua, minhas idas consoladoras à Feira Carioca da Providência, anos a fio, visitando a Barraca da Bahia. Era pra comer acarajé, vatapá, caruru, quase como se estivesse mesmo na “terrinha”.
Surgiu uma chance, nos anos 80, fui conhecer Porto Seguro, primeiro, a Baía Cabrália, Prado, Itabuna, Caravelas, fui por terra, meu filho junto, menino ainda. O encanto que senti, era próprio de uma turista extasiada. Mas ainda não era Salvador, e continuei sonhando com as imagens que me acostumei a ver quando li e reli os livros do Jorge Amado. No íntimo, tinha certeza de que um dia, ia aterrissar naquela cidade-mãe, primeira capital do Brasil e subir o elevador Lacerda, misturando-me ao povo do lugar.
Pois, em 2003, com a sensação de 40 anos de atraso, consegui viajar em abril, por uma semana, finalmente, para hospedar-me, solitária e sedenta de bahianices , num hotel da Barra. Como diria o Jamelão, fiquei mais feliz que pinto no lixo. Danei a fazer excursões, de manhã e de tarde, por uns quatro dias seguidos. Bahia histórica, Bahia tradicional, as praias do litoral Norte, etc. etc.
Visitas ao Pelourinho, fotografias com baianas, a lagoa de Abaeté, caminhadas solitárias pela orla nas três manhãs que antecederam a minha volta ao Rio. Conheci um típico cicerone baiano, numa dessas andanças pela praia. Ele me mostrou a noite no Xororó, com aquelas figuras fantásticas, dos Orixás emergindo das águas. O novo amigo, espantado e sem jeito, presenciou meu chororô, pois foi o que me coube fazer, diante do brilho que percebi naquela terra, cuja gente me comovia encharcando-me de histórias de miscegenação.
Ele próprio contou-me que uma noite, madrugada alta, viu e nunca esqueceu, Irmã Dulce saltando de uma van, indo abraçar e acolher um mendigo na calçada, a quem ela deu colo como se fora a mãe acariciando um filho menino. Histórias da Bahia, sempre colecionei, as que li, as que me contaram e as que eu mesma vivi, nas viagens que fiz ali.
Acontece que, fui me sentindo cada vez mais identificada com o clima baiano, e, apesar de nunca ter morado lá, sinto-me em casa, sempre, quando volto. Tenho agora prima, marido, a filhinha deles, além de muitos amigos e amigas morando em Salvador. Tenho o carinho editorial do Vitor Hugo Soares, que publica meus singelos textos, tantas vezes, no Bahia em Pauta, como já o fez, anteriormente, no Jornal A Tarde.
Tenho, sobretudo, a alegria de sonhar com aqueles ares e “volver” sempre que é possível.
Agora, vou na Semana Santa. Ficarei num desses Resorts, na praia do Forte, mas visitarei a cidade e os amigos, disso não abro mão. Algumas companheiras cariocas estarão comigo no descanso programado, porém, já lhes avisei que o Bonfim me espera, e lá não deixo de ir em todas as viagens a Salvador.
Nos últimos 7 anos, volto sempre à capital baiana, com carinho renovado e alma em festa. Acompanho seus movimentos, preocupo-me com seus índices crescentes de violência, lamento o atraso da implantação do metropolitano, saúdo seu maravilhoso carnaval, torço pelo sucesso dos seus artistas, repercuto o sentido das suas lutas, gosto de testemunhar seu progresso, e me regosijo a cada notícia alvissareira que me chega desde a terra de Caymmi.
Um gosto de dendê me invade a boca, o cheiro do mar baiano me conquista, também a cor, aquele verde novinho em folha, como definiu Vinícius, a famosa preguiça que a Bahia imprime na nossa visão de mundo, aquele instante para relaxar, na rede, de preferência, deixar-se inundar de vida passante, buscar abraços confortadores, beijos calmantes, para em seguida, sair atrás do Olodum, de um trio elétrico que remexa nosso coração, reinvente nossa trajetória, nos sacuda a alma, nos reavive os sentimentos.
Em mim, particularmente, vem uma vontade de estar com quem me dê de beber uma água de coco, mesmo que seja na fantasia de ter ao lado alguém que já viveu na Pituba, jogou no campeonato baiano de tênis, um ser viajado e cavaleiro andante, que coincidentemente, mora na minha rua, no Rio de Janeiro, e que ao saber que estou indo passar uns dias naquele lugar abençoado, deixou escapar, em tom lamentoso e bem baianês…ai que saudade eu tenho da Bahia… mas, quem não tem?
Aliás, e por falar em saudade, onde anda você? Venha comigo, Cigano, me encontre no Mercado Modelo e vamos baianar durante os feriados Santos, na Bahia que é de todos os Santos, afinal….
Cida Torneros, escritora e jornalista, mora no Rio de Janeiro, onde edita o Blog da Mulher Necessária)
(2) Comments
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Comments
luiz alfredo motta fontana on 30 março, 2010 at 15:22 #
Um único verbo a conjugar lendo este texto:
Quedar-se!
Face à beleza, contida em cada frase eivada de poesia;
Face aos encantos, que exalam das imagens relatadas, numa procissão de Orixás em rítmo de atabaques em oração;
Face ao prazer, quase que despudorado, de quem “sabe simplesmente o que é o aconchêgo”;
E, sobretudo, quedar-se, admirado, face à poeta Cida Toneros!!!
Regina on 30 março, 2010 at 16:28 #
Cida querida, ai que vontade de estar ai com você!
Essa sensação de pisar um solo desconhecido e pensar que já esteve la antes, eu sinto por Paris. A Bahia, a cidade de São Salvador é minha conhecida intima pois ai me criei. Tudo na Bahia me fascina e não troco por nenhum lugar.
Algumas sugestões do meu gostar particular mas que pode ser interessante pra vc:
Baixe no Porto da Barra de manhã ou ao por do sol de um dia de semana, banhe-se nessas aguas tibias, sente-se e escute o cantarolar dos vendedores, olhe pros lados, tem sempre algum remanescente dos anos 70’s curtindo uma, ao sair, deixe que os meninos lavem seus pés e faça um agrado, faz parte do que somos.
Caminhe pela ruas do centro da cidade, ai esta o seu povo sofrido e batalhador, a sol a pino correndo atrás do ganha pão.
Passe no Mercado Modelo, prestigie os artesãos, esse costume não deve morrer, e faça um lanche gostoso no seu restaurante molhado a birita e lambreta.
A Colina do Bomfim é lugar obrigatório, mas também é o Monte Serrat.
O importante é se misturar com o povo dessa terra abençoada, não há outro como este em nemhum lugar do Universo. Abraçe os amigos do BP por mim também e coma, coma muito que vc ta na Bahia, preciso falar mais?!
Beijos e ate uma próxima visita, quando espero estar por ai pra te dar o meu abraço!
Vamos juntar Rio e Bahia pra te receber:
http://www.youtube.com/watch?v=44OsfG4MjXw&feature=fvw
Poema que minha sobrinha Ana mandou pra mim...
o poeta pena quando cai o pano
e o pano cai
um sorriso por ingresso
falta assunto, falta acesso
talento traduzido em cédula
e a cédula tronco é a cédula mãe solteira
o poeta pena quando cai o pano
e o pano cai
acordes em oferta, cordel em promoção
a prosa presa em papel de bala
música rara em liquidação
e quando o nó cegar
deixa desatar em nós
solta a prosa presa
a luz acesa
lá se dorme um sol em mim menor
pra minha tia poeta, jornalista e muito, mas MUITO amada. não é meu, mas é a sua cara! "pena", fernando anitelli e maíra viana.
Amar, amar, amar...
Amar...Amar... Amar...
Amar com o corpo, amar com a alma...
... no regaço do teu colo, adormeço,
... na palma da tua mão, seguro minha docilidade,
... no sorriso da tua espiritualidade, viajo minha noite,
... na curva do teu pescoço, me acalmo,
... no caminho do teu peito, me alvoroço,
... na estrada da tua luz, fico às cegas a te procurar,
... no fim dos teus dedos dos pés, recomeço a voltar...
... na esquina dos teus olhos, ali perco o meu rumo,
... na sombra do teu abraço, me enterneço totalmente,
... no fogo do teu beijo, minha alma se confunde com o corpo,
... na fonte fluida do teu sexo, me molho de paixão, ressuscito... .
.. na manhã da tua presença, acredito na eternidade, e...
... na tua lembrança, sempre me recupero...
Aparecida Torneros
Amar com o corpo, amar com a alma...
... no regaço do teu colo, adormeço,
... na palma da tua mão, seguro minha docilidade,
... no sorriso da tua espiritualidade, viajo minha noite,
... na curva do teu pescoço, me acalmo,
... no caminho do teu peito, me alvoroço,
... na estrada da tua luz, fico às cegas a te procurar,
... no fim dos teus dedos dos pés, recomeço a voltar...
... na esquina dos teus olhos, ali perco o meu rumo,
... na sombra do teu abraço, me enterneço totalmente,
... no fogo do teu beijo, minha alma se confunde com o corpo,
... na fonte fluida do teu sexo, me molho de paixão, ressuscito... .
.. na manhã da tua presença, acredito na eternidade, e...
... na tua lembrança, sempre me recupero...
Aparecida Torneros
Mãe Norma e o coração do José Augusto...
Minha mãe Norma adora o José Augusto. Gosta de rever o dvd do seu show, emociona-se com suas canções, elogia o artista, diz que se sente um pouco mãe dele também.
segunda-feira, 29 de março de 2010
No entardecer, busco a estrela vespertina...
No entardecer, busco a estrela vespertina...
Na verdade, é só segunda, cai a noite,o dia de trabalho vai arrefecendo e o silêncio vai tomando conta dos corredores da empresa, enquanto sumidos "até amanhã" vão desfazendo o clima de corre-corre que empesteou a segunda-feira.
Corro para a janela e busco a estrela vespertina. Sei, não precisa me dizer, que, na verdade, não se trata de uma estrela verdadeira. Como astro, é mesmo o planeta, chamado Vênus, que tem nome da deusa do amor e da beleza, e brilha forte e solitário, anunciando a chegada da noite que virá.
Todos os dias, lá está a tal luzinha de intensidade que já não intriga tanto pelo mistério, pois é fato consumado, é repetição de aprendiz, é continuidade do sistema solar, girando em elipse, em volta do Sol.
Minha estrela, você que me centra os sentimentos e me atrai a observar o céu dos justos, tem a propriedade de me fazer desacelerar os movimentos.
Busco a paz do entardecer, soletro uma canção de amor, peço arrego, quero voltar correndo para minha casa, preciso achar o caminho do meu quarto, encontrar depressa o rumo da minha cama, deitar a cabeça no travesseiro macio, fechar os olhos e fixar no meu sonho , em imagem eterna, o instante em que a vi surgir, pois veio me revelar novo segredo...
Antes que eu adormeça, busco desvendar o segredo da estrela vespertina, para que meu anoitecer tenha não só a paz merecida, mas, sobretudo, para que eu não tente inutilmente fugir da paixão, mais uma vez.
Aparecida Torneros
Na verdade, é só segunda, cai a noite,o dia de trabalho vai arrefecendo e o silêncio vai tomando conta dos corredores da empresa, enquanto sumidos "até amanhã" vão desfazendo o clima de corre-corre que empesteou a segunda-feira.
Corro para a janela e busco a estrela vespertina. Sei, não precisa me dizer, que, na verdade, não se trata de uma estrela verdadeira. Como astro, é mesmo o planeta, chamado Vênus, que tem nome da deusa do amor e da beleza, e brilha forte e solitário, anunciando a chegada da noite que virá.
Todos os dias, lá está a tal luzinha de intensidade que já não intriga tanto pelo mistério, pois é fato consumado, é repetição de aprendiz, é continuidade do sistema solar, girando em elipse, em volta do Sol.
Minha estrela, você que me centra os sentimentos e me atrai a observar o céu dos justos, tem a propriedade de me fazer desacelerar os movimentos.
Busco a paz do entardecer, soletro uma canção de amor, peço arrego, quero voltar correndo para minha casa, preciso achar o caminho do meu quarto, encontrar depressa o rumo da minha cama, deitar a cabeça no travesseiro macio, fechar os olhos e fixar no meu sonho , em imagem eterna, o instante em que a vi surgir, pois veio me revelar novo segredo...
Antes que eu adormeça, busco desvendar o segredo da estrela vespertina, para que meu anoitecer tenha não só a paz merecida, mas, sobretudo, para que eu não tente inutilmente fugir da paixão, mais uma vez.
Aparecida Torneros
domingo, 28 de março de 2010
Amar-se e não se arrepender...
Amar-se e não se arrepender...
Amar-se ...perder-se... nos infernos
do fogo forte, ir-se sem rumo, encantar-se...
Doar-se, sem medir consequências...
Seguir o sentimentos, desejos eternos...
Amar-se... confundir-se, completar-se...
Da força do Amor, pecar-se nas querências...
Fugir dos apedrejadores, juízes infelizes,
cruéis defamadores dos corações aprendizes...
Amar-se, como Maria Madalena, encontrar-se
santificar-se na eternidade das almas delirantes
eternizar-se no carinho das vidas reencarnantes,
não se arrepender do bem querer a multiplicar-se...
Amar-se e alcançar os céus, pelas dores do Amor,
por caminhos transversos, redimir-se, perdoar-se
saber-se humano, sentir-se capaz de viver o ardor
de um coração abrasado pela paixão, entregar-se...
Aparecida Torneros
23/04/07
Debora Kerr e Gregoy Peck...maravilhosos...
O Ídolo de Cristal apresenta Gregory Peck, vencedor* do Oscar®, em uma brilhante interpretação do mundialmente famoso autor F. Scott Fitzgerald. Já no fim de sua vida e lutando contra o alcoolismo, Fitzgerald escreve roteiros para os estúdios de Hollywood como forma de obter dinheiro para pagar a clínica para doentes mentais onde estava internada sua esposa. Neste momento, entra em sua vida Sheilah Graham (Deborah Kerr), a famosa colunista social que vem a ser apoio e inspiração do trágico autor em sua luta para terminar aquela que seria sua última obra, O Último Magnata. Filme baseado nas memórias de Sheilah Graham. Co-estrelando Eddie Albert.
*1962: Melhor Ator em O sol é para todos.
Visão de "O Ídolo de Cristal"
Visão de "O Ídolo de Cristal"
No dia 22 de janeiro deste ano(2009), a postagem no Blog Demais "Se a Débora quer que o Gregory peque", que tratava sobre a atriz Deborah Kerr (30.09.1921-16.10.2007), "uma referência fundamental do cinema, principalmente pelo seu papel em "A Um Passo da Eternidade" (Fromn Here To Eternity), de Fred Zinnemann, 1957. Ela faz uma mulher adúltera que, em seqüencia marcante do cinema, é beijada por Burt Lancaster na areia da praia, com a água do mar envolvendo-os. Tanto é referência que Rita Lee incluiu-a na letra de "Flagra", tema da novela "Final Feliz", no verso "Se a Débora quer/ que o Gregory peque", também uma evocação ao ator Gregory Peck (05.04.1916-12.05.2003). Eles atuaram juntos em "O Ídolo de Cristal" (Beloved Infidel), de Henry King, 1959. O verso é título de postagem de Anne Cerqueira em seu blog 'Belos e Malvados'".
Neste sábado, 11, a oportunidade de ver em DVD, o filme "O Ídolo de Cristal" ("Amado Infiel", na tradução literal), que apresenta Gregory Peck interpretando o famoso escritor americano F. Scott Fitzgerald (1896-1940), autor de "A Última Vez Que Vi Paris", "Suave É a Noite", "O Grande Gatsby". Já no fim de sua vida e lutando contra o alcoolismo, ele escreve roteiros para os estúdios de Hollywood como forma de obter dinheiro para pagar a clínica para doentes mentais onde estava internada sua esposa, Zelda - que não aparece no filme. Neste momento, entra em sua vida Sheilah Graham (Deborah Kerr), a famosa colunista social que vem a ser apoio e inspiração do trágico autor em sua luta para terminar aquela que seria sua última obra, "O Último Magnata" (The Last Tycoon).
O roteiro do filme se baseia no livro escrito por Sheilah Graham. Nem Pauline Kael, nem Leonard Maltin, maiores críticos americanos, gostaram do filme.
Com fotografia muito boa, o filme trata sobre Hollywood, literatura, alcoolismo, fama, decepção, infidelidade, relação conflituosa. É um drama muito denso e que vale a pena ver, 50 anos depois de lançado.
No filme, a pré-estréia em 1940 de "Uma Noite No Rio" (That Night in Rio), de Irving Cummings, produção da 20th Century Fox, com apresentações de cenas com Carmen Miranda, Alice Faye e Don Ameche. Na platéia, os personagens interpretados por Gregory Peck e Deborah Kerr.
Postado por Dimas Oliveira às 19:06
no blog Demais
sábado, 27 de março de 2010
sexta-feira, 26 de março de 2010
Você já foi a Bahia?
Você Já Foi a Bahia?
Dorival Caymmi
Você já foi à Bahia, nêga?
Não?
Então vá!
Quem vai ao "Bonfim", minha nêga,
Nunca mais quer voltar.
Muita sorte teve,
Muita sorte tem,
Muita sorte terá
Você já foi à Bahia, nêga?
Não?
Então vá!
Lá tem vatapá
Então vá!
Lá tem caruru,
Então vá!
Lá tem munguzá,
Então vá!
Se "quiser sambar"
Então vá!
Nas sacadas dos sobrados
Da velha São Salvador
Há lembranças de donzelas,
Do tempo do Imperador.
Tudo, tudo na Bahia
Faz a gente querer bem
A Bahia tem um jeito,
Que nenhuma terra tem!
Lá tem vatapá,
Então vá!
Lá tem caruru,
Então vá!
Lá tem munguzá,
Então vá!
Se "quiser sambar"
Então vá! (3x)
Então vá...!
E POR FALAR EM SAUDADE? BAHIA DO MEU CORAÇÃO ...
Quando a vida corre e o tempo passa, tem sempre algum lugar que a gente nunca pisou, mas que sabe que já conhece...de outras vidas, talvez...ou dessa mesmo, através de tantas informações que se colheu ao longo dos anos. Comigo, sobre a Bahia, aconteceu assim...
Uma vontade frustrada de passar por lá quando mocinha, muitas histórias de amigos e amigas que de lá voltavam me enchendo a boca dágua, minhas idas consoladoras à Feira Carioca da Providência, anos a fio, visitando a Barraca da Bahia. Era pra comer acarajé, vatapá, caruru, quase como se estivesse mesmo na "terrinha". Surgiu uma chance, nos anos 80, fui conhecer Porto Seguro, primeiro, a Baía Cabrália, Prado, Itabuna, Caravelas, fui por terra, meu filho junto, menino ainda. O encanto que senti, era próprio de uma turista extasiada. Mas ainda não era Salvador, e continuei sonhando com as imagens que me acostumei a ver quando li e reli os livros do Jorge Amado. No íntimo, tinha certeza de que um dia, ia aterrissar naquela cidade-mãe, primeira capital do Brasil e subir o elevador Lacerda, misturando-me ao povo do lugar.
Pois, em 2003, com a sensação de 40 anos de atraso, consegui viajar em abril, por uma semana, finalmente, para hospedar-me, solitária e sedenta de bahianices , num hotel da Barra. Como diria o Jamelão, fiquei mais feliz que pinto no lixo. Danei a fazer excursões, de manhã e de tarde, por uns quatro dias seguidos. Bahia histórica, Bahia tradicional, as praias do litoral Norte, etc. etc.
Visitas ao Pelourinho, fotografias com baianas, a lagoa de Abaeté, caminhadas solitárias pela orla nas três manhãs que antecederam a minha volta ao Rio. Conheci um típico cicerone baiano, numa dessas andanças pela praia. Ele me mostrou a noite no Xororó, com aquelas figuras fantásticas, dos Orixás emergindo das águas. O novo amigo, espantado e sem jeito, presenciou meu chororô, pois foi o que me coube fazer, diante do brilho que percebi naquela terra, cuja gente me comovia encharcando-me de histórias de miscegenação.
Ele próprio contou-me que uma noite, madrugada alta, viu e nunca esqueceu, Irmã Dulce saltando de uma van, indo abraçar e acolher um mendigo na calçada, a quem ela deu colo como se fora a mãe acariciando um filho menino. Histórias da Bahia, sempre colecionei, as que li, as que me contaram e as que eu mesma vivi, nas viagens que fiz ali.
Acontece que, fui me sentindo cada vez mais identificada com o clima baiano, e, apesar de nunca ter morado lá, sinto-me em casa, sempre, quando volto. Tenho agora prima, marido, a filhinha deles, além de muitos amigos e amigas morando em Salvador. Tenho o carinho editorial do Vitor Hugo Soares, que publica meus singelos textos, tantas vezes, no Bahia em Pauta, como já o fez, anteriormente, no Jornal A Tarde.
Tenho, sobretudo, a alegria de sonhar com aqueles ares e "volver" sempre que é possível.
Agora, vou na Semana Santa. Ficarei num desses Resorts, na praia do Forte, mas visitarei a cidade e os amigos, disso não abro mão. Algumas companheiras cariocas estarão comigo no descanso programado, porém, já lhes avisei que o Bonfim me espera, e lá não deixo de ir em todas as viagens a Salvador.
Nos últimos 7 anos, volto sempre à capital baiana, com carinho renovado e alma em festa. Acompanho seus movimentos, preocupo-me com seus índices crescentes de violência, lamento o atraso da implantação do metropolitano, saúdo seu maravilhoso carnaval, torço pelo sucesso dos seus artistas, repercuto o sentido das suas lutas, gosto de testemunhar seu progresso, e me regosijo a cada notícia alvissareira que me chega desde a terra de Caymmi.
Um gosto de dendê me invade a boca, o cheiro do mar baiano me conquista, também a cor, aquele verde novinho em folha, como definiu Vinícius, a famosa preguiça que a Bahia imprime na nossa visão de mundo, aquele instante para relaxar, na rede, de preferência, deixar-se inundar de vida passante, buscar abraços confortadores, beijos calmantes, para em seguida, sair atrás do Olodum, de um trio elétrico que remexa nosso coração, reinvente nossa trajetória, nos sacuda a alma, nos reavive os sentimentos.
Em mim, particularmente, vem uma vontade de estar com quem me dê de beber uma água de coco, mesmo que seja na fantasia de ter ao lado alguém que já viveu na Pituba, jogou no campeonato baiano de tênis, um ser viajado e cavaleiro andante, que coincidentemente, mora na minha rua, no Rio de Janeiro, e que ao saber que estou indo passar uns dias naquele lugar abençoado, deixou escapar, em tom lamentoso e bem baianês...ai que saudade eu tenho da Bahia... mas, quem não tem?
Aliás, e por falar em saudade, onde anda você? Venha comigo, Cigano, me encontre no Mercado Modelo e vamos baianar durante os feriados Santos, na Bahia que é de todos os Santos, afinal....
Cida Torneros
quinta-feira, 25 de março de 2010
O creme da juventude
O creme da juventude
A vendedora insistiu. Veio entregar o creme para rejuvenescimento da pele, marca famosa, encomendado pela minha eterna vaidade, para rostos com mais de 45 anos, em pleno fim de tarde de um domingo preguiçoso e extemporâneo.
Descobri que precisava me aprontar e rapidinho. Estava abandonada, caseira e largadona. Vesti depressa uma pantalona estampada e a blusinha amarela.Um par de argolas enormes, o rabo de cavalo, nenhum batom. Cara lavada, desci para pegar e pagar o santo remédio que cura o tempo.
Subi o elevador, com o pote mágico na mão, vitoriosa por fazer parte da legião feminina que se cuida para ser bonita apesar da idade que avança. Larguei o creme da juventude na bancada do banheiro, depois eu uso. Quando tiver saco.
Naquela horinha certa, quando sobreviverem em mim as certezas excusas de que preciso estar linda para agradar os outros. Sub-entende-se nesses outros, os homens , os companheiros, os amigos, os candidatos a namorados, os \"ex\", para quem não se deve deixar cair a peteca nunca, por conta de lamentarem nos ter perdido algum dia.
Mas, francamente, nada fiz nesse domingo que não fosse refestelar-me assistindo filmes, lendo livros e jornais, ouvindo boa música, escrevendo alguns trabalhos, cozinhando o trivial na base do engordiet... E, o ato de receber a tal encomenda, própria para maiores de 45, me inoculou uma ponta de \"deprê\" que preciso expulsar com energia.
Sozinha, se buscar as rugas no espelho, encontro. Sozinha, se procurar lembranças tristes, descubro-as, infelizmente. Sozinha, se questionar as razões do isolamento consentido, será fácil ler as respostas de múltipla escolha.
Agora, que já disponho de uma nova arma para encobrir as rugas, preciso ainda sepultar amargas recordações, abrir uma janela na torre onde me encastelo nas noites de domingo e sair por aí.
Quero dançar de novo o \"paso double\", justo aquele compasso a dois, que, em algum lugar do meu coração deva estar ensaiando atribular-se com os quesitos da soma de sentimentos humanos, menos egoístas e mais compartilhados. Talvez eu acabe com esse arremedo depressivo, no instante em que tiver o gesto nobre de aceitar o amor, de novo, no meu coração. Deixar que ele entre e me absolva.
Considerar que nada vale uma pele bem cuidada num rosto que esconde a fuga das paixões profundas. A pele por mais linda que seja, é superfície. Vou ligar de novo para a simpática representante comercial dos comésticos. Preciso perguntar pelo produto revolucionário: - Vocês têm algo especial para amaciar as entranhas, limpar as impurezas da alma e apagar as marcas de quebradeira do coração, que fomos adquirindo, e teimam em aparecer tão fortes, principalmente nas noites de domingo?
Aparecida Torneros RJ, domingo, 20 hs, novembro, 2005
quarta-feira, 24 de março de 2010
Os pegadores e as vagabundas
Os pegadores e as vagabundas
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br
Jovens mulheres têm três vezes mais parceiros sexuais do que tinham suas avós na mesma idade, segundo uma pesquisa com 3 mil moças de até 24 anos na Inglaterra. A pesquisa revelou que elas já tinham feito sexo com, em média, 5,65 homens. Uma em cada dez entrevistadas disse ter ido para a cama com mais de dez parceiros. Assim que os dados foram divulgados no blog Sexpedia, da jornalista Fernanda Colavitti, em epoca.com.br, uma espécie de ódio machista se abateu contra aquelas que muitos chamavam de “vagabundas”. Os comentários raivosos refletem a reação sincera de muitos homens ao encontrar uma mulher livre para exercer seu desejo. No Ocidente, até os anos 70 a virgindade era o tabu. Era vergonhoso para um homem casar com defloradas. O hímen era exibido como troféu. Felizmente, esse tempo passou.
Agora, é como se os machistas usassem a quantidade de parceiros para rotular uma mulher como “direita” ou “fácil”. “Posso ser machista e antiquado, mas mulher que teve mais de cinco parceiros não merece respeito”, diz o comentário do internauta Juliano ao post no Sexpedia. “Não sou preconceituoso, mas me incomodaria casar com uma mulher que muita gente já provou”, afirma Ricardo. “Saudades de quando havia uma distinção entre mulheres corretas e vagabundas”, diz Evandro. “Não quero pegar resto dos outros”, escreve Renato.
É sintomático como essa atitude muda completamente quando entra em jogo o número de parceiras sexuais do homem. Aí, o “garanhão” de antigamente hoje se chama “pegador”. Bom de cama, contribui como macho para a reprodução da espécie, faz pose de experiente e conquista um indisfarçável respeito de seus pares masculinos. Mas a mulher que transa com muitos é logo tachada de “vagabunda”. Qual seria o número mágico de parceiros sexuais que transforma uma jovem normal em promíscua aos olhos machistas? Três, cinco, dez, 20? “O número não importa tanto”, diz o psicanalista Francisco Daudt. “O que mais apavora um homem nessa hora é o fantasma de, sem saber, criar um filho que não seja dele.”
Os homens mais agressivos com as mulheres livres sentem dificuldade de lidar com a ideia de que elas têm desejo sexual próprio. “É como se a virilidade deles fosse transferida para elas”, afirma o psicanalista Contardo Calligaris. São homens capazes de agredir uma mulher por estar de saia curta. A vida sexual deles costuma ser frustrante, limitada e triste.
O antigo “garanhão” virou “pegador”. Mas mulher com vários parceiros é tachada de “vagabunda”. É ridículo
“Quando eles chamam a mulher de rodada, como um carro de terceira mão, isso não tem a ver com o uso de seu corpo, mas com o medo que ela desperta”, diz Calligaris. “O rapaz pensa: ela sabe fazer sexo melhor que eu. Meu desempenho será comparado ao de outros, mais experientes.” De acordo com a sexóloga Carmita Abdo, “vagabunda é aquela mulher que você quer, mas não te quer”. Aquela que transou com vários não estaria interessada em estabilidade. “Será que eu vou dar conta?”, pensa ele. Como se pudesse controlar a futura dor de uma rejeição ou troca.
Ninguém está sugerindo que é mais feliz quem faz sexo com muita gente, seja homem ou mulher. Mas as moças têm o direito de, caso queiram, experimentar o sexo com responsabilidade e sem culpa. Às vezes, elas próprias mentem. Em epoca.com.br, Luiza fez o seguinte comentário: “Tive de 20 a 25 parceiros e tenho 27 anos. Como sei que a maioria dos homens é machista, sempre digo que tive dois parceiros, o ex e o atual! Muitos homens são bobos. Outros não colocam o número de parceiros como fator determinante do caráter de uma mulher. Esses merecem respeito”.
Os machistas são exceção? Ou a maioria dos adolescentes e adultos de hoje pensa como eles? “Nos últimos anos, os adolescentes se tornaram muito mais caretas”, diz Calligaris. “Essa história de beijar dez ou 20 numa balada parecia ser uma continuação da liberação sexual. Nada disso. É superfície.” Para que insistir em saber quantos parceiros alguém teve no passado? Como diz Daudt, “se soubéssemos em detalhe a vida sexual que cada um leva, e as fantasias de cada um, ninguém ficaria com ninguém”.
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br
Jovens mulheres têm três vezes mais parceiros sexuais do que tinham suas avós na mesma idade, segundo uma pesquisa com 3 mil moças de até 24 anos na Inglaterra. A pesquisa revelou que elas já tinham feito sexo com, em média, 5,65 homens. Uma em cada dez entrevistadas disse ter ido para a cama com mais de dez parceiros. Assim que os dados foram divulgados no blog Sexpedia, da jornalista Fernanda Colavitti, em epoca.com.br, uma espécie de ódio machista se abateu contra aquelas que muitos chamavam de “vagabundas”. Os comentários raivosos refletem a reação sincera de muitos homens ao encontrar uma mulher livre para exercer seu desejo. No Ocidente, até os anos 70 a virgindade era o tabu. Era vergonhoso para um homem casar com defloradas. O hímen era exibido como troféu. Felizmente, esse tempo passou.
Agora, é como se os machistas usassem a quantidade de parceiros para rotular uma mulher como “direita” ou “fácil”. “Posso ser machista e antiquado, mas mulher que teve mais de cinco parceiros não merece respeito”, diz o comentário do internauta Juliano ao post no Sexpedia. “Não sou preconceituoso, mas me incomodaria casar com uma mulher que muita gente já provou”, afirma Ricardo. “Saudades de quando havia uma distinção entre mulheres corretas e vagabundas”, diz Evandro. “Não quero pegar resto dos outros”, escreve Renato.
É sintomático como essa atitude muda completamente quando entra em jogo o número de parceiras sexuais do homem. Aí, o “garanhão” de antigamente hoje se chama “pegador”. Bom de cama, contribui como macho para a reprodução da espécie, faz pose de experiente e conquista um indisfarçável respeito de seus pares masculinos. Mas a mulher que transa com muitos é logo tachada de “vagabunda”. Qual seria o número mágico de parceiros sexuais que transforma uma jovem normal em promíscua aos olhos machistas? Três, cinco, dez, 20? “O número não importa tanto”, diz o psicanalista Francisco Daudt. “O que mais apavora um homem nessa hora é o fantasma de, sem saber, criar um filho que não seja dele.”
Os homens mais agressivos com as mulheres livres sentem dificuldade de lidar com a ideia de que elas têm desejo sexual próprio. “É como se a virilidade deles fosse transferida para elas”, afirma o psicanalista Contardo Calligaris. São homens capazes de agredir uma mulher por estar de saia curta. A vida sexual deles costuma ser frustrante, limitada e triste.
O antigo “garanhão” virou “pegador”. Mas mulher com vários parceiros é tachada de “vagabunda”. É ridículo
“Quando eles chamam a mulher de rodada, como um carro de terceira mão, isso não tem a ver com o uso de seu corpo, mas com o medo que ela desperta”, diz Calligaris. “O rapaz pensa: ela sabe fazer sexo melhor que eu. Meu desempenho será comparado ao de outros, mais experientes.” De acordo com a sexóloga Carmita Abdo, “vagabunda é aquela mulher que você quer, mas não te quer”. Aquela que transou com vários não estaria interessada em estabilidade. “Será que eu vou dar conta?”, pensa ele. Como se pudesse controlar a futura dor de uma rejeição ou troca.
Ninguém está sugerindo que é mais feliz quem faz sexo com muita gente, seja homem ou mulher. Mas as moças têm o direito de, caso queiram, experimentar o sexo com responsabilidade e sem culpa. Às vezes, elas próprias mentem. Em epoca.com.br, Luiza fez o seguinte comentário: “Tive de 20 a 25 parceiros e tenho 27 anos. Como sei que a maioria dos homens é machista, sempre digo que tive dois parceiros, o ex e o atual! Muitos homens são bobos. Outros não colocam o número de parceiros como fator determinante do caráter de uma mulher. Esses merecem respeito”.
Os machistas são exceção? Ou a maioria dos adolescentes e adultos de hoje pensa como eles? “Nos últimos anos, os adolescentes se tornaram muito mais caretas”, diz Calligaris. “Essa história de beijar dez ou 20 numa balada parecia ser uma continuação da liberação sexual. Nada disso. É superfície.” Para que insistir em saber quantos parceiros alguém teve no passado? Como diz Daudt, “se soubéssemos em detalhe a vida sexual que cada um leva, e as fantasias de cada um, ninguém ficaria com ninguém”.
terça-feira, 23 de março de 2010
Poesias em série antiga...
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café na cama ( versão II ) trago a bandeja com torradas morenas enquanto meu olhar passeia pelo quarto mudo me despeço do lado vazio do leito branco e celebro a solidão como o legado de tudo... sorvo de um gole só o café das minhas penas percebendo que as histórias pequenas tornam-se imensas se lhes engrandecemos... então decido, decido num só tranco, que me tranco em cadeia de esquecimento, que toco em frente, que supero o drama de ter quase me apaixonado pelo vilão do filme, sem perceber que o mocinho herói ainda me ama... lá vem ele nos meus sonhos dizer que me quer que me leva a Cuba, Paris, que me faz feliz, sabe mentir como um ator, tem performance de cama, mesa, banho, tem roteiro completo , se quiser, faz mais enredos, desvenda segredos, enquanto tomo o café, me desfaço dos medos, sacudo as poeiras das torradas mastigadas, parto para o novo dia, cumprimento a cada mulher que por sua garra, sua dignidade , ainda souber, reescrever suas novelas de vida, refazer suas fortalezas, suas moradas, para abrigar seus sonhos, suas chances, seus amores, com a maior clareza de idéias, com palavra resolvida, com gostinho de café na cama, de novos sabores... | ||||||||||||||||||||||||||||
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Diz a canção ouço na voz da Betânia "estamos cá dentro de nós" a sós o moço me espreita me quer me lembra me espera me foge me oferece a saudade ouço apesar do silêncio a sua voz e penso no quanto a vida comove no tanto que o corpo move um movimento denso de se fazer presente embora ausente e nada me consola que não seja a incerteza certa que me embola os pensamentos negros falta-me a sua luz a escuridão não deixa vê-lo preciso clarear o mundo para que seu sorriso profundo devolva a paz que me seduz... onde estará o meu Amorrr? pergunta a cantora pergunto eu a amadora queria ser a profissional e não sentir nem mesmo o gozo como fazem as putas, as meretrizes... serão elas tão felizes? não precisam se perguntar depois para onde se foram seus amantes porque tanto no futuro como antes só existem os momentos fugazes os pagamentos, sem sofrimentos... nem sei se ele está vivo no meu tempo só sei que se torna eterno no meu peito e encanta de saudade o meu defeito de querer bem a quem me deixa nem sou puta e nem sou gueixa, sou somente a mulher amada-amante aquela que seguirá na vida, por muitas luas, sóis e terras, a cantar o sentimento forte cuja chama renasce adiante, no olhar perdido no horizonte, de um mar imenso batendo ao norte ao sul, ao leste, quando ele tenta me dizer em que lugar se esconde seu ardor de ser tão somente minha fantasia, meu sonho, como o mar bravio que nos une, como o mar amansado que nos pune, como o oceano infame que nos separa como o sentimento lindo que nos ampara.... Cida Torneros 17/07/06 | ||
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Comentários | ||
Théo Drummond theodrummond@uol.com.br Cida: Eu não saberia responder onde estará o seu amor. Mas, com certeza, diante do seu lindo poema, se o "seu amor" o lesse, voltaria, correndo, para os seus braços. Um beijo do Théo Drummond |