sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Manuela e Paloma, as gêmeas!




Manuela e Paloma, as gêmeas

Eram gêmeas, bonitas e jovens. Manuela e Paloma. Adoravam a vida, divertiam-se nas festas, nos bares, tinham amigos comuns, e nunca tinham amado o mesmo homem, até que surgiu o Pepe em seu caminho.

Ambas sentiram que ele era o amor de suas vidas. Não se confessaram, mas pressentiram o quanto seria difícil conviver com a disputa pela paixão dele, que teria, afinal, que escolher uma delas.

Paloma viajou para uma cidade distante, a trabalho, por alguns meses. Sabia que deixava os dois em liberdade, era um risco, mas era necessário que ele sentisse saudades suas, ou talvez a esquecesse definitivamente. No seu exílio profissional, quase definhou lembrando os momentos de amor que já tivera com Pepe, assim que se conheceram, naquela primavera ainda tão friorenta.



Mas, quis o destino que sua irmã, Manuela, em dia de jantar em família, voltasse os olhos para o homem moreno, cruzando um misto de atração e desafio, culpa e desejo, tudo que elas nunca imaginaram que teriam que passar, dada a grande ligação que tinham, a cumplicidade forte e a lealdade constante.

- Alô, Manuela! É você?


-Sim, querida Paloma, como vais?


- Irmã, não estou bem, sinto-me tão fraca diante de uma paixão pelo homem errado. Não tenho o direito de fazer isso com você, mas ele me corresponde, eu preciso dizer-lhe isso.


- Palominha, nem me conte mais detalhes, por favor. Ficarei por aqui, não vou voltar à nossa cidade. Vivam o que tiverem a viver, eu vou renunciar ao amor do Pepito, acho que ele esta´dividido, mas já pensou que somos quase a mesma mulher, de tão iguaizinhas?


- Verdade, irmã, mas é que isso parece uma peça que a vida nos prega, achas que serei feliz sabendo que és infeliz?


- Mana, vamos esperar passar o tempo, por favor. Estejamos assim, distantes fisicamente e próximas nas nossas emoções, já que amamos o mesmo homem. Uma solução há de aparecer adiante. Quem sabe eu vou conhecer alguém aqui e consiguirei esquecer o Pepe?


- Manu, nem sei o que falar, só sei que estou frágil e sinto muitíssimo o que está nos acontecendo...


- Palominha, calmaaaaaaaa.... vamos acreditar que nossos corações vão se acalmar, brevemente... ok?


- Está bem, vou procurar viver meus dias à espera de uma saída para este impasse. Não quero magoar você e não posso deixar de amar o Pepito. Que haja perdão para esse meu momento. Também sofro, sabia?


- Querida, preciso desligar, há um mundo lá fora chamando-me à vida, não vou ficar aqui a lamentar tudo isso, prefiro crer que há algum amor novo me esperando na próxima esquina do tempo.


- Adeus, beijo...


- Bye, querida, seja feliz...


Manuela nunca se casou. Paloma esteve casada com Pepe por 16 anos e ao se separar dele, ficou com os filhos, no lugarejo de origem, não teve uma profissão definida, tornou-se mulher de casa e mãe.


Manuela dedicou-se ao trabalho, ganhou promoções, viajou pelo mundo, visitava a irmã e sobrinhos, mas seu pouso era numa cidade imensa, seus amigos eram pessoas de vida agitada, seu dia a dia repleto de compromissos, o coração nem tinha lugar para viver amores a não ser os relâmpagos, aqueles sem profundidade ou compromisso.


Um dia, na curva de uma esquina do tempo, seu olhar cruzou um outro olhar velho conhecido. Era o Pepe, ele mesmo, ela nem acreditou. Abraçaram-se. Ele tinha agora cabelos grisalhos e vincos no rosto. Achou-a bonita e conservada. Convidou-a para um drink. Conversaram por horas, não se desgrudaram mais naquela noite. E se amaram, porque estava escrito.


- Manuela, você me esperou, agora tenho certeza disso!


Cida Torneros

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