segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Retornar das cinzas... e ... Da suavidade do seu susurro...

Retornar das cinzas...



por Maria Aparecida Torneros da Silva


Retornar das cinzas...




dormiu com o sonho de alguma felicidade


onde as verdades?






acordou sem a realidade, buscou-a...


tanto cheiro de pólvora e enxofre, o nariz torceu...


ali estava ela, ao seu lado, a mulher de recados...


quem sabe trazia a boa nova que tanto precisava?


quem seria aquela a lhe reinjetar oxigênio agora?






acariciou seu dorso, as protuberâncias, a pele quente...


ainda ardia dentro dele o fogo da memória,


apesar do sentimento consumado, tendo vivido o fim,


aquele peito a subir e a descer na sua frente...


onde as razões?






era, de fato, o retornar das cinzas, era sim...


a boa bruxa, cansada embora, mostrava a vitória,


inesperadamente, o incentivo e a esperança,


corpo refeito, ele ressuscitaria em outra história...


onde os dissabores?






quem vivera tal injusta morte, merecia nascer,


devia ter o direito de respirar e lutar, em liberdade,


ali mesmo, naquele chão da pátria, beijou a terra,


abraçou a companheira...chamada luta,


se ungiu de céu e ventos...


onde os perdões?






voltou à vida... e chorou como um menino,


aconchegado no calor de grande saudade,


sabendo-se reconduzido ao seu lugar, seu ninho...


onde os amores?






ajeitou seu tempo adaptando seus momentos,


a cada espaço de sofrer, juntou a luz de um carinho,


surpreendeu-se com a alegria branda, a recompensa...






morreu com a impiedade da injustiça e da maldade,


despertou-lhe o sol... salvou-lhe a garra...






onde as ilusões do paraíso novo?






bem aqui, dentro de si mesmo, com profundidade..


doravante, homem e infante, soldado do amor...


cavaleiro andante, samurai da guerra,


guerreiro da paixão, paladino do prazer,


defensor da justa causa, honrado tribuno,


saberia o quanto era preciso morrer e renascer,


infinitas vezes, bem junto da sua força interior...






sempre soubera que ela ali estava,


era mesmo ela, ele a reconhecia, severa e terna,


capaz de ressurgir no corpo e na palavra,


viu-se renascido nela: sua alma eterna...






cida torneros


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Da suavidade do seu sussurro...


>


>Sibilando que nem vento morno,


>como se fora um aconchego,


>um xamego brando, um sentido solto,


>como aquele ronronar de gato manhoso em almofada fofa,


>sua voz mansa resvalou como pluma no meu ouvido calmo...


>


>Sintonizando a leveza de um encanto, um algodão,


>um toque sentido e lento na alma enebriada,


>eis que seu sussurro me adentrou em ondas


>de carinho, de sentimento, de amor e doação...


>


>Solfejando a música do espírito domado pela paz


>veio até mim sua palavra doce, e me tornou sua refém...


>Uma penumbra ocultou de mim a causa...


>Aí, entreguei-me ao efeito e soletrei baixinho: amém...


Aparecida Torneros

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