quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Meryl Streep vive ícone americano em 'Julie & Julia'



Meryl Streep vive ícone americano em 'Julie & Julia'



Por Heitor Augusto, do Cineclick



Um filme sobre uma mestra da culinária francesa dos anos 60 e uma jovem que se aventura a preparar suas receitas quatro décadas depois. Supostamente, "Julie & Julia" - que estreia nesta sexta-feira nos cinemas - colocaria a comida como a terceira personagem, mas há muito mais entre temperos, panelas e bon appétit.

Julia Child foi uma personalidade única na televisão norte-americana. Com 1,88 m e dona de uma voz parecida com a de um peru cantante, trouxe a culinária francesa para a mesa dos cozinheiros e cozinheiras ao lançar o livro "Mastering the Art of French Cooking" e, posteriormente, com mais de uma dezena de programas de TV.

Julie Power é a jovem que resolveu arriscar fazer pratos como Boeuf Bourgnon e relatar suas experiências por meio de um blog, The Julie/Julia Project.

Esta é a receita do filme: o encontro cinematográfico dessas duas personagens. O que elas têm em comum? A vontade de sair do estado de deriva e encontrar algo que realmente dê prazer - além dos maridos que lhes dão apoio incondicional.


O filme de Norah Ephron ("A Feiticeira') nos pede a licença poética de exagerar no tom adocicado do filme. É nítido que tudo vai dar certo, Julie será bem-sucedida com o blog e Julia conseguirá publicar o livro. Porém, o que interessa mesmo é como, e não o que, acontece.

A interpretação de Meryl Streep para a grandalhona Julia Child é honesta e habilidosa, mas passa longe de uma recriação da sua personagem. É a perfeita mimese, assim como já fizeram Jamie Foxx em "Ray" ou Marion Cotillard em "Piaf - um Hino ao Amor". Mas não é a reinvenção de Frank Langella em "Frost/ Nixon".

Já Amy Adams mantém o rosto de "Encantada", mas é decente ao interpretar uma jovem urbana nova-iorquina. Até mesmo pelo tamanho da personagem e pelo argumento do filme (garota que cozinha as receitas de Julia), seu desempenho soa como inferior frente a uma mulher alta e falante.


A diretora faz claras opções narrativas que contribuem para o bom ritmo do filme: contar blocos de histórias de ambas as personagens e montá-las em forma de espelho. Assim, o que acontece com Julia também se repete com Julie 40 anos depois.


Outra opção é o uso da comida. Ela tem um papel importante, mas nunca chega perto de ser um terceiro personagem. É um recurso de Ephron para fazer um filme sobre ter prazer naquilo que realmente gostamos. Uma jornada onde ambas saíram do nada até alcançar um ponto.


"Julie & Julia" é uma descompromissada diversão a respeito de uma marcante personagem e seu espelho contemporâneo. Simpático e, digamos, sweet.

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