sábado, 31 de outubro de 2009

Recado de uma alma viajante


Recado de uma alma viajante



Maria Aparecida Torneros da Silva




Que posso dizer a você que não seja através de palavras carinhosas sobre o quanto me trouxe felicidade nos dias em que me encontrou? Atrás de nós, o tempo, que foi nos acrescentando dezenas de anos, sem nos roubar no entanto a meninice de outrora. Por suas mãos e frases soltas, viajei a lugares inimagináveis dos meus sonhos e desejos. Visitei bordéis para compreender o amor dos homens acostumados aos prazeres mais insensatos. Superei barreiras de acanhamento para acompanhar seus vôos, entrei no clima de alegria, êxtase, densa felicidade carnal, acrescida de terno encanto. Que posso dizer a você que não seja expressar o meu agradecimento pela paciência com minhas infundadas indagações e minhas impertinentes perguntas sobre sua vida e seus caminhos? Posso ainda pedir que me perdoe por ser assim ainda, uma adolescente que amadurece aos poucos, que ainda ruboriza o rosto por se permitir aventurar na loucura de um sentimento improvável, ou de um obsceno olhar de luxúria. Mas, o que posso mesmo é lhe passar um recado da minha alma inquieta, covarde e reticente, essa mesma alma de poeta e escritora, de fêmea e de ser pensante, que me pede que retroceda, páre e reflita sobre cada passo que tenha que dar em sua direção. Nem sei se posso definir assim. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, cá estou a lhe oferecer meu eterno afeto represado. Quem sabe um dia, um vento forte virá e soltará as velas da minha embarcação? Se isso acontecer, eu sei, você será o timoneiro a me conduzir ao porto mais seguro, depois de me levar a singrar os oceanos mais azuis, navegando por reinos que consquistaremos juntos, a deliciar-nos com os tesouros que a Divindade deve ter nos reservado. Só preciso ter certeza de que encontramos o mapa. Só quero me preparar melhor para esta longa viagem até o seu coração. Beijo
 Sua companheira de algumas viagens

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