quinta-feira, 23 de abril de 2009

Sexo ( poema )

Sexo
por Maria Aparecida Torneros da Silva Publicada em 04/05/2005


que coisa é essa...estranha coisa...
impulso cruel acima da razão
tormento animal essa pulsão
que busca o gozo , incauto prazer...

que doidice é essa... esse refazer
de sedução e abandono, buraco negro
onde somem as defesas e se plantam híbridas sementes...

se, pelo sexo, tu mentes...
se, por ele, tu te afogas...
se, em nome dele, tu me buscas
se, por causa dele, tu me sentes...

que loucura é essa... esse desperdiçado sentimento
esse bota-fora de hormônios renascentes,
essa expedição de mensagens biológicas,
tantas explicações, todas ilógicas,
por serem tão somente,
pura e simplesmente,
o lugar da neutralidade física,
do desejo de matar a fome de amor,
a sede de acariciar, a necessidade de ser querido...

que maluquice é essa... esse gesto tão dolorido
de prender-se à fantasia, quando tudo passa, levando a dor
pra bem longe de cada história, mandando embora
pros confins, todos os fins...

sexo é amplexo
é falta de nexo
é tu e eu sem acordo
é o meu solitário fardo
carregado nas entranhas
nas lembranças estranhas
das noites cujo sono é sonho
e cujo sonho é abandono...

sexo tem preço
tem fim no ápice
tem começo
no beijo
tem gosto no cálice
do líquido espesso
tem cheiro no hálito
da boca ávida
de sorver o encanto
de encontro atávico

se eu me despir do sexo
sou apenas o sonho
sou a alma
sou a chama leve
para que alguém me eleve
ao cume em breve
onde pousa a águia
e se renova a pele
para se tornar outro ser

e, até poderia ser
somente um cântico
que soasse prático
ensinando a quem quisesse
a transformar-se em gente...

sexo faz gente nascer...
sexo faz gente morrer...
sexo faz a gente compreender
o incompreensível
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