aqui tem música, poesia, reflexões, homenagens, lembranças, imagens, saudades, paixões, palavras,muitas palavras, e entre elas, tem cada um de vocês, junto comigo... Cida Torneros
sábado, 25 de abril de 2009
Elza, a brasileira...
Elza, a brasileira
Aparecida Torneros
Já assisti ela cantar, umas 4 ou 5 vezes na vida, em shows. O encanto é repetido.
Na semana passada, em São Paulo, no tradicional Bar Bhrama, lá estava novamente,fechando uma temporada,a brasileira Elza Soares.
Inigualável cantora, voz de jazz e de samba, ou vice-versa, mulher de energia, dura na queda, vida de baixos e altos, aquela que dá a volta por cima, veio da comunidade, desceu o morro, subiu os mais altos prédios do mundo, esteve por Nova York, onde viveu algum tempo.
Sua arte sobrepuja as mazelas da própria vida e ela segue nos fazendo superar expectativas, recomeçando sempre.
Quem pode passar imune por Elza Soares, essa carioca pequena e forte, cuja interpretação do Hino Nacional brasileiro, na abertura dos Jogos Panamericanos, cantando à capela num Maracanã repleto de gente do mundo inteiro, era ela a verdadeira síntese do seu povo, arrepiando sua gente e se oferendo inteira para a Pátria Amada Brasil.
Desta vez, como das outras, estive flutuando na sua magia, e com ela até cantei Feitiço da Vila, samba do Noel em homenagem à Vila Isabel, bairro em que moro no Rio de Janeiro. Fui com minha amiga Dal, gaúcha radicada em São Paulo, ela fez as fotos em que eu e a Elzinha aparecemos juntas. Em retribuição à sua agradabilíssima companhia, também reproduzo uma imagem da alegria contagiante da Dal , ao lado da nossa Diva carioca.
Tanto faz que ela se apresente no Rio, em Sampa, em qualquer outra cidade do nosso país, ou no exterior, sua graça e talento sobressaem, ela fez escola, história e marca sua presença como ninguém no cenário da música popular brasileira.
Só consegui sussurrar no seu ouvido um "Deus te abençoe", enquanto pude ficar pertinho dela, e no nosso dueto de 5 segundos, seu carinho ao me oferecer
o microfone para cantar um samba de Noel, é o mesmo sentimento que ela passa para cada público que tem a oportunidade de vê-la e ouvi-la, ao vivo.
Ali, na esquina da Ipiranga com São João, a mulher e a artista se confundiam com a
garra e o talento, tudo misturado na noite paulista, ao som da voz de uma Elza, uma brasileira, uma lutadora, melhor dizendo, uma vencedora, que é referência de vontade de viver, encantando a nós, que somos seus fãs, e àqueles que ela arrebata e faz se apaixonarem pela energia que dela emana.
Se buscarmos sua biografia, encontraremos:
Elza Soares nasceu em 23 de Junho de 1937 no Rio de Janeiro. Filha de uma lavadeira e de um operário, foi criada na favela de Água Santa, subúrbio de Engenho de Dentro. Cantava, desde criança, com a voz rouca e o ritmo sincopado dos sambistas de morro. Aos 12 anos, já era mãe e aos 18, viúva. Foi lavadeira e operária numa fabrica de sabão e, com 20 anos aproximadamente, fez seu primeiro teste como cantora, na academia do professor Joaquim Negli, sendo contratada para cantar na Orquestra de Bailes Garan e a seguir no Teatro João Caetano. Em 1958, foi a Argentina com Mercedes Batista, para uma temporada de oito meses, cantando na peça Jou-jou frou-frou. Quando voltou, fez um teste para a Rádio Mauá, passando a se apresentar de graça no programa de Hélio Ricardo. Por intermédio de Moreira da Silva, que a ouviu nesse programa, foi para a Rádio Tupi e depois começou a trabalhar como crooner da boate carioca Texas, no bairro de Copacabana, onde conheceu Silvia Teles e Aluísio de Oliveira, que a convidou para gravar. No seu primeiro disco, gravado em 1960, pela Odeon, cantou Se acaso você chegasse (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins), alcançando logo grande sucesso. Esse samba fez parte de seu primeiro LP, com o mesmo titulo da música. A seguir, foi para São Paulo SP, para trabalhar no show Primeiro festival nacional de bossa nova, no Teatro Record e na boate Oásis, gravando depois seu segundo LP, A bossa negra. Em 1962, como artista representante do Brasil na Copa do Mundo, que se realizava em Santiago, Chile, cantou ao lado do representante norte-americano, Louis Armstrong. Nessa época ficou conhecendo o futebolista Garrincha, com quem casaria mais tarde. No ano seguinte, gravou pela Odeon o LP Sambossa, tendo como destaque as músicas Rosa morena (Dorival Caymmi) e Só danço samba (Tom Jobim e Vinícius de Moraes); e, em 1964, lançou pela Odeon Na roda do samba (Orlandivo e Helton Meneses), faixa-título do LP. Realizando inúmeras apresentações pelo Brasil e nas emissoras de televisão, os LPs se sucederam: em 1965, foi a vez de Um show de beleza, pela Odeon, com, entre outras, Sambou, sambou (João Melo e João Donato), e Mulata assanhada (Ataulfo Alves); em 1966, saiu pela mesma gravadora o LP Com a bola branca, onde cantou Estatuto de gafieira (Billy Blanco) e Deixa a nega gingar (Luís Cláudio). Apresentou-se, em 1967, no Teatro Santa Rosa, no show Elza de todos os sambas, e, novamente pela Odeon, gravou em 1969, o LP Elza, Carnaval & Samba, cantando sambas-enredo, como Bahia de todos os deuses (João Nicolau Carneiro Firmo, o Bala, e Manuel Rosa) e Heróis da liberdade (Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e Manuel Ferreira). Em 1970 foi para a Itália, apresentando-se no Teatro Sistina, em Roma, e gravando Que maravilha (Jorge Ben e Toquinho) e Mascara negra (Zé Kéti). Nesse mesmo ano, gravou o LP Sambas e mais sambas, pela Odeon, interpretando músicas como Maior é Deus (Fernando Martins e Felisberto Martins) e Tributo a Martin Luther King (Wilson Simonal e Ronaldo Bôscoli). De volta ao Brasil, em 1972, lançou, pela mesma etiqueta, o LP Elza pede passagem, onde interpretou Saltei de banda (Zé Rodrix e Luís Carlos Sá) e Maria-vai-com-as-outras (Toquinho e Vinícius de Morais), e apresentou-se no teatro carioca Opinião, no show Elza em dia de graça. Ainda nesse ano, passou uma temporada realizando um show no navio italiano Eugênio C, fez um espetáculo de duas semanas na boate carioca Number One, cantou no Brasil Export Show, realizado na cervejaria Canecão, do Rio de Janeiro, e recebeu o diploma de Embaixatriz do Samba, do conselho de música popular do Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro. Em 1973, gravou o LP Elza Soares, pela Odeon, cantando Aquarela brasileira (Silas de Oliveira) e Pranto de poeta (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito); e apresentou-se no show Viva Elza, que estreou no T.B.C., na capital paulista, e que depois foi levado em vários Estados. Nos dois anos seguintes, lançou pela Tapecar mais dois LPs, Elza Soares, com Bom-dia, Portela (Davi Correia e Bebeto de São João) e Chamego da crioula (Zé Di); e Nos braços do samba, com faixa-título de Neoci Dias e Dida. Gravou ainda Pilão+Raça=Elza (1977), Somos todos iguais (1986) e Voltei (1988). A partir de 1986, com a morte de Garrinchinha, seu filho com o jogador de futebol Garrincha (1933 – 1983), passou nove anos na Europa e nos EUA De volta ao Brasil, gravou em 1997 o CD Trajetória, só de sambas, com músicas de Zeca Pagodinho, Guinga e Aldir Blanc, Chico Buarque, Noca da Portela, Nei Lopes e outros. Nesse mesmo ano, saiu o livro Cantando para não enlouquecer, biografia escrita por José Louzeiro (Editora Globo).
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