quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Exílio no próprio carinho, quando a vida é tão frágil...‏

Acordei sonhando com você. E sua figura gentil se transformava num algoz, porque o seu carinho tinha se voltado para dentro de si mesmo, num exílio apurado e voluntário. Pensei e argumentei, no sonho, que a vida é tão frágil, que é preciso dividi-la com alguém, de alguma forma, e que dinheiro não é tudo.



Observei que sua postura estava severa, seu riso e bom humor tinham se ausentado, seu olhar antes bem doce, agora parecia duro, questionando as razões de cada "pecado". O maior deles, sonhar, concluí.



Como alguém pode eximir-se de sonhar? Acordei então. Iniciei as tarefas diárias lembrando que tive um grande amor em pequeno tempo. Era um amor intenso e adolescente, capaz de me fazer voar mais de 10 horas esperando seu abraço e seu beijo. Era um lindo amor, falante, repousante, alegre, gososo, tinha alguns componentes assiduamente ternos e outros despudoramente excitantes.



Mas era um amor tão frágil quanto a vida. Poderia sobreviver dentro de nós, exilado e escondido, evitando maiores problemas e se rendendo a medos improváveis. Daí, que as recordações de momentos deliciosos, aquele das nossas mãos entrelaçadas no primeiro encontro, por exemplo, fixariam, para sempre, o conteúdo daquela paixão tardia, que nos acometeu.



Beijos na calçada, em plena luz do dia, éramos tão jovens quando nos olhamos com desejo e nos preparamos para a cama, depois do jantar. Tudo estava no sonho que alimentáramos, colorido, risonho, camarada, intenso.



No dia de viajar de volta, um aperto no coração selou a angústia que ambos sentimos, mas era questão de aceitar a brevidade da vida, sua astúcia em nos fazer prisioneiros de sonhos pequeninos ou grandiosos.



Um best-seller? Quem não gostaria de ser o personagem principal de um livro que contasse sobre o amor maior e vendesse para leitores sonhadores do mundo inteiro? Você daria um excelente herói para um conto que descrevesse a disposição que os homens tem para correr atrás dos seus sonhos. Eu poderia escrever muitos capítulos de uma linda história, e, talvez, dessa maneira, não só prestaria uma justa homenagem ao amor, como a você, a mim mesma, e , principalmente, à inerente condição sonhadora de todos nós.



Aparecida Torneros

Um comentário: